Cap. 29- Sete da manhã

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》═══════OITO ANOS ANTES═══════《

Malia estava de cara emburrada, não queria ir para onde quer que fosse. Sua mãe a tinha forçado a se arrumar e entrar no carro.

—Eu não quero ir! — A garotinha de nove anos gritava cruzando os braços.

Ela sequer sabia para onde estava indo, mas ficar em casa com seu pai vendo televisão a noite toda parecia muito mais atrativo.

—Malia, vai ser divertido!

—Não vai ser divertido, Kylie! Já é de noite!

—Malia, sinto muito que não queira ir, querida! Mas amanhã de manhã seu pai vai trabalhar e você ainda não tem idade para ficar em casa sozinha! — Sua mãe disse sem tirar os olhos da estrada.

—Não importa, eu não quero ir! — A voz da garotinha de nove anos era carregada de raiva —Eu queria que vocês estivessem mortas!

Malia não teve tempo de se arrepender de dito o que disse. Tudo aconteceu muito rápido, o barulho de tiros, a luz da lua atingindo seus olhos, a dor de cabeça, os gritos de sua mãe e irmã, a dor nas mãos e no resto do corpo e então tudo ficou preto.

》═══════ATUALMENTE═══════《

Agora, a única coisa da qual Malia consegue se lembrar é de acordar pelada na reserva de Beacon. E depois se encontrar com seu pai, descobrir sobre o sobrenatural, ir para um hospício e então, finalmente, de ter ido ao México.

Ela não diria que tem a vida mais agitada, já que não lembra muita coisa num período de mais ou menos oito anos, mas ainda assim, nenhum outro adolescente de dezessete anos viveu o que ela viveu nos últimos meses. Desde acordar pelada, transar com um demônio japonês centenário até se esfregar com uma kitsune em uma boate no México. Isso sem contar a viagem de carro de três dias de Beacon Hills até o México.

Ainda assim, tinham momentos em que Malia queria voltar a ser um coiote. A vida animal era muito mais fácil, não tinham regras de convivência complexas e coisas do tipo. Se alguém do grupo está fraco, nós deixamos para morrer ou nos alimentamos dele. Se alguma coisa entrar no nosso território, nós a caçamos e matamos. E veados! Sem dúvidas uma das melhores refeições -embora ela também gostasse de pizza.

E tinha esse negócio de sentimentos. Isso era, sem dúvidas, a parte mais difícil. Como saber se você realmente gosta de alguém ou se é apenas a necessidade de procriar? Quero dizer, ela sabia diferenciar raiva de amor, mas não sabia como funcionava o tal do amor. Alguns sites dizem que não existem regras, você apenas sente. Mas sente o que? É como o corpo dela se arrepia quando escuta a voz de Kira? Ou como a mente dela se foca no que a voz de Scott diz?

De uma maneira ou de outra, ela ainda não precisaria passar por isso se fosse um coiote.

E agora ela estava ali, sentada na cama às sete horas da manhã, esperando o corpo reagir. Outra coisa que ela sentia saudades da vida de coiote: não tinha escola!

—Escola estúpida! — Resmungou levantando-se e caminhando pelo corredor entre o quarto e sala.

—Já vai? — Seu pai perguntou amarrando os sapatos.

—Sim.

—Okay, então vamos— Falou levantando-se e caminhando até a porta.

O clima estava agradável, poucas nuvens, mas ainda assim fresco. O vento batia balançando as árvores no caminho, ajudando o rádio do carro a quebrar o silêncio.

—O que acha de algumas aulas de autoescola? — Henry perguntou sem tirar os olhos da estrada.

—Não, acho que não é uma boa ideia

Don't Be A Such SourwolfOnde histórias criam vida. Descubra agora