Capítulo 44- Últimos treze anos

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Quando a noite caiu, Scott e Melissa esperavam por Rafael. Scott se sentia sufocado, a ansiedade exalando por cada poro de seu corpo; Melissa tentava acalmar o filho, dizendo que tudo ficaria bem, mesmo que ela também tivesse suas dúvidas sobre isso.

Quando a campainha tocou, Melissa se dispôs a abrir a porta e cumprimentar Rafael, que parecia vestir o uniforme de trabalho: um terno preto, gravata vermelha e cabelo penteado pra trás.

—Vai a um baile de gala? — Melissa perguntou, fechando a porta, quando ele entrou.

—Vim direto do trabalho, tenho tentado jantar com vocês faz algum tempo... — Ele respondeu tirando caminhando até a cozinha.

Scott, que revirava os olhos ao ouvir a voz do pai, sequer o encarou quando ele sentou à mesa.

—O que aconteceu com as suas chaves? Perdeu ou finalmente entendeu que não é de bom tom invadir a casa dos outros? — Soltou, de braços cruzados.

—Scott... — Melissa chamou sua atenção, com uma sobrancelha erguida.

—Essa aqui não é a "casa dos outros" — Rafael fez aspas no ar —É a minha casa também!

Scott ergueu uma sobrancelha e encarou o homem, que tinha um semblante sério; sentiu seu corpo esquentar e o sangue correr mais rápido. Sua respiração estava prestes a fica descompassada quando sentiu a mão de Melissa agarrar seu braço e o puxar para o corredor.

Seus olhos! — Ela sussurrou, deixando o filho confuso —Scott, seus olhos! Estão vermelhos!

—Eu... — Scott tentou responder, mas sentia seu sangue ferver e podia ouvir as batidas do próprio coração como um rufar de tambores.

Se controla! Usa a sua Âncora, ou sei lá!

Não dá! Isaac... Isaac é a minha âncora e, de alguma forma, eu sinto que é ele quem está em perigo aqui... — Scott falou respirando fundo.

—Então seja a sua própria âncora! — Melissa falou segurando a cabeça do filho, fazendo-o a encarar —E para de furar a sua mão!

Scott não tinha notado que suas garras estavam perfurando a palma de suas mãos, conforme ele as apertava mais. Respirando fundo mais uma vez, ele recuperando o controle, entrando num estado de "calma forçada". Com um sorriso forçado, ele encarou a mãe e voltou para cozinha.

—Geralmente... — Scott falou entrando no cômodo —Eu sou a diplomático e concordo em ter uma boa conversa— Se sentou —, mas nesse caso, eu acredito que não consigo sustentar esse traço da minha personalidade.

—O que está falando? — Rafael questionou cruzando os braços.

—Eu estou falando exatamente o que você entendeu.

—Scott... — Melissa chamou sua atenção de novo, enquanto botava os pratos na mesa.

—Está tudo bem, mãe! — Sorriu para a mulher —Esta também é a sua casa, certo? Suas palavras, não minhas! — Encarou Rafael.

—Eu não vim pra falar disso, eu vim...

—Pra falar do meu namoro e do meu namorado. Eu sei. — Scott cruzou os braços —Mas, antes de você começar o seu discurso "mega conservador, de homem que largou o filho, por treze anos, e agora quer meter o nariz onde não é chamado", saiba que eu não me importo com você acha ou deixa de achar.

—Minha opinião não é válida, então? — Rafael ergueu uma sobrancelha.

—Onde esteve nos últimos treze anos? — Scott perguntou com as mãos repousadas na mesa.

Melissa observava a cena quieta, esperando pelo momento em que teria que intervir em alguma coisa. Scott transmitia calma e um tom de voz debochado, que arrancava um bufar irritado de Rafael.

—Eu... — Rafael tentou falar, mas acabou não tendo como responder.

—Isso responde a minha pergunta. O que veio fazer em Beacon? Além de roubar os casos do tio Noah e invadir a nossa casa pela manhã?

—Eu não tenho culpa sobre a incompetência do departamento de segurança de Beacon Hills— Rafael soltou, arrancando uma risada de Scott.

—Boa sorte tentando desvendar metade do que acontece nessa cidade.

O temporizador que estava na pia da cozinha apitou. Melissa levantou e caminhou até o forno, sendo acompanhada de Scott, que a ajudou a tirar a travessa do forno.

—Vai deixar ele falar assim comigo? — Rafael questionou, quando Melissa sentou de novo na mesa.

—Escute, Rafael... Eu sei que você é o pai dele, mas você não tem direito de querer interferir na vida dele.

—Eu ainda sou o pai dele! — Rafael rebateu, vendo Melissa levar o garfo até a boca.

—Não foi nos últimos treze anos, Rafael. Eu fiz o máximo que pude criando ele, pegando mais plantões que podia aguentar, pra pagar as contas. Noah e Claudia me ajudaram bastante... você? Você era a sombra de passado distante... — Falou colocando o garfo de volta no prato —Scott parou de perguntar sobre você no ano seguinte em que foi embora— Melissa falava com a voz neutra.

Scott encarava o prato, sem muito interesse em comer, ouvindo a mãe ter uma conversa civilizada com o homem. Rafael pensava em algo para responder, mas acabou ficando em silêncio e voltando a jantar.

—Você precisa entender que é um choque ver um garoto, parcialmente nu, deitado na cama do meu filho, enquanto ele toma banho! — Rafael falou depois de um tempo em silêncio.

Scott ia responder, mas Melissa ergueu a mão, sinalizando para que a deixasse falar.

—Acredite em mim, Rafael! Eu sei! — Ela riu baixo —Mas isso não é um problema pra mim, eu conheço o meu filho! Eu o criei! — Ela falou sorrindo —Scott tem um coração enorme! É amoroso e educado, até mesmo com quem não merece! O fato dele namorar Isaac ou qualquer outra pessoa que seja, significa apenas que ele se permite ser que ele é— Ela levantou da mesa, pegando os pratos vazios —Se você tivesse alguma objeção sobre isso, devia ter se manifestado treze anos atrás... Mandasse uma carta, um e-mail.

Novamente o silêncio se fez presente na sala, Rafael encarava o teto, evitando olhar nos olhos do filho, que mantinha um semblante neutro.

—Alguém quer comer mais alguma coisa? — Melissa perguntou, depois de botar os pratos na pia.

—Não, eu tenho que ir... Marquei com Isaac e Stiles de vermos algum filme no loft... — Scott falou se levantando.

—Okay, cuidado na rua à essa hora! — Melissa sorriu para o filho.

Se quer compensar com alguma coisa, comece arrumando a goteira do teto... — Scott sussurrou parando ao lado de Rafael —Já que a casa também é sua, faça alguma coisa para mantê-la.


----NOTAS----

E a parte dois é essa, cheia de respostas debochadas e afins.

Não sei se teremos outro capítulo esse mês, inicio de semestre na faculdade é sempre um caos, mas mês que vem é certeza!

Planos pros capítulos seguintes: Lydia e Parrish, Malia e Kira, Peter e Noah e mais da lista e as mortes na cidade.

Hoje as notas foram curtas!

Até o próximo, bjs :)

*não revisado.

Don't Be A Such SourwolfOnde histórias criam vida. Descubra agora