Chapter Twenty- "Asking the heavens "

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“É sobre a vida real, é sobre como somos puxados para o fundo sem perceber” - Eu

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“É sobre a vida real, é sobre como somos puxados para o fundo sem perceber” - Eu.

  
   Até agora era eu que a ignorava, era eu que a mantinha longe, não a queria por perto, mas ela continuava a lutar. Isso mudou, ela não me provoca, não fala comigo, nem sorri para mim.

Sinto falta do seu sorriso, e odeio admitir. Não fui atrás dela, não a procurei, nem tentei mudar a forma como estávamos. Eu nunca faria isso por ninguém, não é com ela que farei. Infelizmente, isso não muda o facto de sentir um pouco a falta dela.

Mas enfim, a vida segue, não é mesmo? Não. Ela não segue. Às vezes, há acontecimentos grandes demais, para ultrapassarmos. Por muito que queiramos superar, não conseguimos. A dor prende-nos, uma corda bem amarrada, uma corrente forte demais, ela prende-nos e não nos deixa fugir, somos seus reféns. Não nos permite viver, mas não acaba com tudo de uma vez. Eu odeio quem criou esse sentimento, é uma agonia imensa, como se fosse uma rua sem saída, enquanto somos perseguidos, não por “alguém “, mas pelos nossos problemas.  Brinca connosco, a saudade vem, o peito aperta, e no meu caso, o ar falta. Entro em pânico, sem saber como reagir, sem ter ninguém para me ajudar, ela é cruel, não porque não vai embora, mas por doer mais, a cada dia que passa. Sendo então o ditado de que “a dor passa com o tempo” ou que “o tempo leva tudo”, uma grande mentira como quase tudo o que falam. 

    Não consigo dormir direito, mal como, e evito as chamadas de Harry. Tenho ido para a escola apenas caminhando e observo-a de longe. Não porque quero, mas porque é impossível não o fazer. Afinal, ela parece mais feliz do que nunca. Embora eu saiba que, como eu, dá para fingir completamente como nos sentimos. Eu acredito e espero que a sua felicidade seja verdadeira. Não me esqueço do que ela disse naquele dia. Não me esqueço de como ela me olhou, como se eu fosse a sua maior dor. A vida não segue. Ela arrasta-nos, preparada para ver a nossa queda.

    Pela primeira vez em alguns dias, o olhar dela cruza-se com o meu, são apenas alguns segundos, mas o seu sorriso evapora-se. Isso parte-me o coração, sou uma pessoa assim tão horrível? Ela desvia o olhar, e sinto-me culpado.

Não dou mais a mínima para o resto das aulas, pego nas minhas coisas e saio sozinho, perdido e sem destino. Ninguém me segue, ninguém se importa, enfim, quem o faria? Afasto todos á minha volta. Sigo meu caminho e até penso em passar pela praia, mas logo percebo não ser uma boa ideia. As memórias voltariam com toda a força e uma maior facilidade.

Sophie, preciso de ti. Ajuda-me.- Penso, enquanto olho para o céu. Acho que foi um momento de desespero, porque não acredito em Deus, nem em que ela esteja em um lugar melhor. Ela está simplesmente morta.  Acaba por ser tudo tão irónico, não é? Sempre desejei não estar por aqui, e ela que sempre amou viver, morreu nos meus braços. Devia ter sido eu no seu lugar. Sinto alguém tocar meu ombro, e viro-me assustado. Vejo uma mulher de cabelos castanhos, seus cabelos são curtos, ficando pelos seus ombros, ela não é muito alta, seus olhos são castanhos claros e transmitem uma certa doçura, ela é bem bonita, deve ter uns quarenta e cinco anos, provavelmente.

- Estás bem? Pareces meio perdido. – A sua voz soa preocupada e é doce.

- Estou, não precisa de se incomodar, senhora. - Tento não soar rude, ela parece ser boa pessoa.

- Sou a Ellen. Precisas de conversar? – Sua pergunta assusta-me, porque ela quer conversar? Lembro-me do pedido que fiz á pouco. Sophie, este é o teu sinal?

- Sou o Jack. – Decido não responder á sua pergunta.

- Então, diz-me, o que é que te preocupa? – Ela senta-se num banquinho, e sento-me a seu lado.

- A pergunta seria, com o que é que não me posso preocupar? – Respondo automaticamente, e vejo um pequeno sorriso em seu rosto. Como se ela pudesse sentir a minha dor, mas não pode.

- Não te preocupes, pequeno Jack. Pareces ser uma pessoa que já passou por imensa coisa, e um dia essa dor vai ser recompensada. Preciso que lutes por isso, não por mim, mas por ti. Tens de te recuperar, tens de te reerguer. – Ela puxa-me para ela, abraçando-me e não consigo rejeitar. Seu abraço é confortável, me sinto em paz.

Levanto-me, assustado, pela minha atitude.

- Tenho de ir. – Digo, pronto para virar costas e ir embora.

- Eu sei, Jack. Mas não te esqueças do que disse, precisas de seguir em frente. Todos os que perdeste estão a cuidar de ti. Tens de parar de ver o mundo dessa forma. – Ela se levanta com um sorriso e eu saio andando para casa.

Obrigado, Sophie. Continuas a olhar por mim.
 

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