Jack Smith. Odeio o amor, talvez, mas apenas talvez, por ter amado demais e nunca ter sentido uma gota desse oceano de sentimento.
Sou um estilhaço de cacos demasiado quebrados para serem reconstruídos, sou as ondas violentas, a maré zangada, a trov...
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"Why do I feel like I'm drowning?"- Meduza, Becky Hill e Goodboys- Lose Control
O dia amanheceu frio e cinzento como previsão de um dia mau. Todos os dias costumam ser ruins, mas neste tempo tende a piorar. Eu odeio o frio e a sensação de que ele me traz. Mas adoro o facto de poder ficar trancado no quarto sem que ninguém reclame, não que alguém se importe, claro. Na escola tenho evitado Isabella e suas perguntas maçadoras, tenho evitado sua ajuda falsa e seu sorriso maravilhoso. Ela tem tentado aproximar-se, mas ao fim de alguns dias está a entender quem eu sou e que realmente não valho a pena, e ainda bem.
Levanto-me com alguma preguiça e visto um hoodie preto qualquer com umas calças ganga. Penteio meu cabelo escuro e um pouco grande demais para trás. Tenho de o cortar. Coloco minha mochila no ombro e saio de casa sem comer nada por falta de apetite. Sento na paragem de autocarro, com esperança de não encontrar Isabella. Assim que o autocarro chega, Isabella aparece correndo um pouco atrasada, mas ainda chega a tempo. Escolho o assento do lado da janela a meio do autocarro e ela escolhe o banco da frente.
Observo-a colocar os fones, e encostar sua cabeça na janela, como se finalmente pudesse refletir o que está pensando há muito. Controlo a vontade de me sentar a seu lado e perguntar o que está escutando. Sei que seria estúpido da minha parte. Fico matutando nisso, e não aguentando mais, levanto-me e sento do seu lado de uma vez. Ela tira um fone e olha fixamente nos meus olhos com alguma surpresa.
- Olá Jack, cansaste de brincar comigo, e de me ignorar? - ela fala, claramente atacando, como um animal indefeso que quer mostrar as garras.
- Eu nunca brinquei contigo, Isabella.
- Então porquê que me beijas, e quando tento ajudar-te, foges como um cobarde? Não te consigo ajudar, se não me deixares.
- Eu não beijei sozinho, e nunca pedi a tua ajuda, muito pelo contrário. Tu é que escolheste aproximar-te, eu avisei-te, pedi-te para ficares longe e com certeza também ouviste todos os boatos acerca de mim, foi uma escolha tua, não minha. - respondo irritado com o rumo da conversa.
- Vais acabar sozinho, Jack. Vais acabar sem amigos, sem alguém que se preocupe contigo e sabes porquê? Por não deixares que ninguém te ajude, e não, eu não te conheço, não sei o que te fez fechar tanto, e construir esse muro que não deixa ninguém passar, mas fica a saber que isso só te vai prejudicar, e da próxima vez eu não estarei mais aqui, nem eu, nem ninguém. Olha à tua volta, quem é que tens contigo?
O autocarro para, e ela é a primeira a sair, deixando-me ali pensando sobre todas as suas palavras ditas com demasiado ressentimento, quase como se estivesse desiludida. Isabella fala da mesma maneira que Sophie falava comigo. Ela avisa-me da mesma maneira que ela avisou e eu tenho vontade de correr atrás dela e dizer que eu quero a sua ajuda e pedir desculpas, mas não quero. Saio em direção á escola, um pouco atordoado por esta conversa, ela não me conhece, não pode falar sobre mim. E eu não me importo com ela. Assim que entro na escola vejo Isabella agarrada a um rapaz loiro, muito animada, e gritando o quanto está feliz por o ver, o meu coração aperta um pouco, mas é só isso. O que mais me surpreende é quando reconheço aquele cara loiro que está com Isabella, e ao mesmo tempo que estou me virando pra ir correndo pra casa, e não ter de o ouvir, ele se vira para mim e grita.
- Não pode fugir por muito mais tempo, Jack. - Arrependo-me de olhar em seus olhos verdes e ver tudo o que passamos com Sophie.Harry Gonzalez está de volta.
