Chapter Thirty-Four- "Fire for you'

40 7 7
                                    

 “I saw an angel looking at me, her eyes won´t open no more, Hurt, they can´t see, and then I cried all night

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

 “I saw an angel looking at me, her eyes won´t open no more, Hurt, they can´t see, and then I cried all night. “Alok- Ocean.

   A insegurança não é só sobre o medo de não sermos suficientes, sobre não querermos ser vistos como realmente somos por temermos não ser aceites ou belos. A insegurança é sobre querer gritar ao mundo e a voz não sair, mesmo que o eco permaneça dentro de nós, cada vez mais alto.  É sobre não conseguirmos andar mesmo quando parece que o nosso corpo se mexe, é sobre querermos prender as lágrimas e elas saírem descontroladamente, ou quando pedimos que elas venham numa sensação de alívio e simplesmente nada acontece, como se a verdadeira bomba só explodisse dentro de nós e o mundo não a pudesse ver, mesmo debaixo dos seus olhos.

É mais do que isso, muito mais, é tudo o que não podemos ver e sentir mas nos perfura de fora e enterra-se em nós sem conseguirmos ver a sua profundidade, e de cada vez que nos atrevemos a espreitar, é como se a escuridão nos devorasse. Enfrentar? É como caminhar sobre um poço sem fundo, quanto mais tentamos subir, mais escorregamos e acabamos por ficar ainda mais presos num infinito impossível de alcançar.

É quando o estômago se contorce, a cabeça não aguenta mais e nos perdemos em algo que não conseguimos mudar, o medo consome-nos, a vida não é bela para todos nós, ou é? Temos um vislumbre de felicidade e agarramo-lo com toda a força, não queremos que fuja pelas nossas mãos.

É como viver dentro de um pesadelo, que se repete em um loop, e esperamos, e tentamos contrariar, e fingir que tudo vai acabar e correr tudo bem, mas vai? É quando corremos para longe do mal, mas só nos aproximamos mais dele, e tentamos sair da escuridão, e só afundamos mais, sem hipótese de respirar, apenas sufocar. É realmente sufocante, não é? Não conseguimos sair, nem avançar, muito menos recuar, amamos, mas odiamos. É impossível. Por muito que achemos que não, é simplesmente um final infeliz. Vemos desses todos os dias, mas nunca o desejamos para nós.

Não há voz nos nossos gritos, não há mão que nos impeça de afundar, não há corrida que nos salve da escuridão, porque a cada passo, estamos mais perto de cair. Não há grito que ecoe tão alto que nos salve dos nossos pensamentos, não há forma de pararmos o sufoco que aperta por todo nosso ser, e nos faz parar de respirar, mesmo que por breves segundos, não há salvação para quem já está perdido.

    Não há luta que possamos dar quando perdemos a batalha antes mesmo de tentarmos, é lutar contra o invisível, é lutar contra o impossível, é perdermo-nos ainda mais a lutar. Não há nada que alivie, muito menos nos salve, estamos destinados a cair, a perdermo-nos sem esperança e sem nada que nos segure. Afinal, o que poderíamos fazer quando já estamos no fundo? Não há chão que impeça de cair, não há corda que chegue a esta profundidade. Já me afundei, antes mesmo de lutar, e quanto mais me debati, mais fui puxado para baixo, como esperado.

- Está tudo bem, Jack? – a sua voz é meiga, sua cabeça está deitada no meu peito e seus dedos desenham pequenos círculos na região. Um dos meus braços está na sua cintura e eu não percebo o que me fez vir aqui.

- Não quero falar sobre isso, Bella. – o apelido continua a sair sem eu reparar como uma maldição.

- Eu acho que te faria melhor. – ela olha para mim suplicante e eu cedo, mesmo sem saber porquê.

- O meu pai Marcel não é o meu pai biológico, Alec Roberts é. Ele esteve preso durante anos e nunca o conheci, visto que ele é o caos da minha mãe e o motivo de tanta indiferença sobre mim. Ele namorou com a minha mãe, eram felizes, até que ele se envolveu em todos os vícios, na bebida, na droga e no tabaco, ele destruiu-se e quis levá-la junto. Numa dessas vezes em que ele estava drogado e fora de si, ele obrigou-a a ter relações sexuais, ou seja, violou-a, deixando para trás uma marca da sua existência: eu. Nunca tive amor, carinho ou qualquer sentimento da parte de Sally e Marcel, apenas sempre me cobraram demais algo que nunca quis ser. Nunca viram os meus problemas, os meus traumas, porque eles eram o motivo. Sempre foram injustos comigo, faltou-me amor. Sophie, minha irmã morreu quando eu tinha quatorze anos num assalto e tudo piorou para mim, eu estava completamente sozinho, ainda estou, daí não me importar em morrer tão cedo, logo estarei perto dela.

- Jack, não digas isso. Eu gosto da tua companhia! – ela diz surpreendo-me, mas eu ignoro e continuo a falar, por incrível que pareça estava realmente me deixando mais leve.

- Nunca senti vontade de procurar o meu pai, ele é um ser completamente desprezível que destruiu a vida de uma criança e de uma mulher. Ele apareceu do nada, dentro da minha casa, a dizer o quanto mudou e o quanto lamenta, o que é que isso adianta? Não há mudança de um dia para o outro, violar alguém não tem perdão, corromper as suas memórias, o seu corpo, o seu tempo, é tomar de alguém a sua liberdade de escolha, e é algo que sempre abominei. Não quero o amor dele, não quero a presença, quero a distância, porque por perto só lhe posso dar o meu desprezo.

- Jack, violar alguém é horrível e entendo a tua dor, mas ele passou imensos anos na prisão, com pessoas horríveis e violentas, cumpriu o seu castigo, agora voltou à sociedade e está disposto a mudar, isso não é louvável?

- Não, isso é falso, Isabella. Mesmo que ele tenha mudado, a vida de Sally nunca será a mesma, ele simplesmente tratou-a como um objeto, isso é imperdoável. – digo com calma, mas a raiva está lá. – Obrigado por me ouvir, eu tenho de ir.

Levanto-me deixando um beijo na sua testa, e desço com cuidado pela janela enquanto a deixo lá, sorrindo. Mesmo sem música nos ouvidos, consigo ouvir CANNONS- FIRE FOR YOU.
 

“I was on fire for you

Where did you go?

I could have died for you

I was alive with you

But you brought in the cold

Was I being lied to?

Wish I never met you

Started to regret you

 

My heart just dropped

Thinking about you

The world just stops

When I´m without you”
 

Traduções:

“Eu vi um anjo me olhando, os olhos dela não abrem mais, Dói, eles não enxergam, e aí eu chorei a noite toda. “Alok- Ocean.

"Eu estava em chamas por você
Aonde você foi?
Eu poderia ter morrido por você
Como você não percebeu?
Eu estava viva contigo
Mas você trouxe minha morte
Eu estava sendo enganada?
Gostaria de nunca ter te conhecido
Comecei a me arrepender de você

Meu coração simplesmente se partiu
Enquanto pensava em você
Meu coração para
Quando estou sem você"

DARK DEMONS. Onde histórias criam vida. Descubra agora