Chapter Thirty-Three- "Returns."

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  "A vida é muito mais do que dizem, ela não é melhor do que a morte, é bem pior

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  "A vida é muito mais do que dizem, ela não é melhor do que a morte, é bem pior." - Eu.

    Em alguns momentos, ou na maioria deles para ser realmente sincero, eu sinto-me sem ter onde pisar, visto que todos os caminhos e escolhas me levarão ao mesmo final: a escuridão. Piso com cuidado, mas ao mesmo tempo, corro enquanto piso. Salto os passos, mas também os sigo cuidadosamente.

Sou o meio-termo, não consigo fazer nada correto, mas também não erro completamente. Não tenho medo da escuridão, mas sinto o medo do que posso fazer com ela, embora se preocupem sempre com o que fará comigo. Infelizmente, isso não me assusta. Para isso, precisava de ter algum pedaço de alma para salvar, e neste momento, todos os cacos desapareceram, um a um, do mais pequenino e invisível ao maior. Traumas e choros, sorrisos e lágrimas, amores e desamores, não há nada para salvar, eu matei todos, um a um. O que é a escuridão perto de mim?

Relembro o dia que um dia já me marcou e me fez correr para longe, e hoje é apenas mais uma lembrança. O dia em que Marcel, meu pai, gritou à minha mãe que não me amava e que nunca amaria o filho de uma violação. Eu tinha quinze anos, fiquei sentado nas escadas enquanto fingia que não ouvia, que nunca seria amado por culpa de quem me pôs no mundo.

   A minha mãe, Sally, tinha dezanove anos, quando Alec Roberts, destruiu a sua vida, e afinal a história dela não se torna tão perfeita assim. Alec era seu namorado, e era perfeitamente uma boa relação, até que ele começou a usar drogas, a minha mãe, sendo a menina perfeita que é, abandonou-o e deixou-o à sua mercê. Por sua vez, este decidiu vingar-se, violando-a, deixando-a com nojo de si própria e deixando-a grávida do filho indesejado, eu.

Ela quis abortar, e então, ao refugiar-se em Dallas, novamente a sua terra, reencontrou Marcel, que acaba por ser a sua salvação, e o pai do seu filho. Enfim, pais é coisa que eles nunca foram. E se eu não era desejado, porquê obrigar-me a viver anos sem amor? Sem atenção e compaixão? De que me adiantou o dinheiro, os luxos? Eu não conseguia fazer amigos por medo de que me rejeitassem da mesma forma, tornei-me numa criança traumatizada e desenvolvi ansiedade, sem nunca entender o porquê de tanta rejeição. Sophie amou-me, mesmo sabendo de toda a história, amou-me sem fim, sem limite, e foi por isso que a consegui amar da mesma forma, até hoje.

     Alec Roberts está sentado na minha cama. Reconheço os seus olhos verdes que brilham de uma forma que os meus nunca brilharam, os seus cabelos cortados e comportados, diferentes dos meus, mas iguais. O seu queixo, a forma do seu rosto, não importa, Alec Roberts, meu reprodutor, está no meu quarto. Não é meu pai, nunca o foi, e nunca o será, da mesma forma que não esteve presente depois do castigo que deixou à minha querida mãe.

- Eu sou Alec Roberts e sou o teu pai biológico. Tenho quarentena e oito anos e és o meu passado, junto com a tua mãe Sally. Provavelmente tens o amor de um pai e o amor de uma mãe, mas nunca tive a oportunidade de te dar o mesmo, e sempre quis. Aquela noite é um apagão para mim, e lamento até hoje ter feito todas as coisas horríveis que estão na mente da tua mãe até hoje. Envolvi-me com drogas, com a bebida, e no fim, caí na destruição. Não trouxe só os meus vícios comigo ao fundo, trouxe a Sally também. Estive preso treze anos, passei pelo que me disseram ser suficiente e o que realmente merecia, mas é mentira. Eu toquei-lhe sem a sua permissão, e isso não há quem possa mudar, não há perdão para isso. Mas depois de tantos anos na prisão, recuperei. Tomei as rédeas da minha vida e conheci uma mulher que me ajudou muito, ela tem uma filha da tua idade, e cada vez que olhava para ela, queria ter a oportunidade de te conhecer. Lamento tudo o que fiz e seres fruto de uma atitude tão má, mas estou aqui por ti e para ti.

Ouvi tudo atentamente, mas é como se eu não estivesse mais ali. Eu não me sentia preparado para ter um pai, eu nunca tive o amor de um. Eu nunca fui amado sem ser por Sophie, eu nunca pude confiar em alguém assim, porque confiaria em alguém que me fez nascer sem esse afeto?

- Não és o meu pai. És o culpado de eu ter sido tão odiado em todos estes anos, és o culpado do meu sofrimento e do teu, és o culpado, tu e apenas tu. Porque me trouxeste para este fim? Não podes aparecer aqui e dizeres que me querias ter dado amor, quem raio és tu? Alguém que violou uma pessoa, que se diz arrependido? Violador só é bom morto. Não acredito em mudança, ninguém se torna bonzinho de um dia para o outro. – A raiva era mais do que visível na minha voz. Os meus pulsos fechavam e abriam de raiva, eu queria socá-lo.

- Foram quase dezoito anos, Jack. Tenho uma família, mas ela nunca estará completa sem ti. Nunca poderei mudar tudo o que fiz à tua mãe, mas posso mudar o que nunca te dei. – Ele olhou para mim com um olhar suplicante, mas eu não me senti comovido.

- Não há nada para mudar, sai da minha casa, agora. – Apontei para a porta e tentei controlar-me o suficiente para não acertar em nada. - Ele olhou para mim uma última vez, suspirou, atirou um cartão com um número para a minha cama, e saiu. Deixei passar um tempo desde a sua saída, e saí em direção à casa da frente, subi pela árvore que dava direto ao quarto de Isabella, e esquecendo-me das nossas brigas e discussões, apenas deixei que ela me abraçasse enquanto eu chorava nos seus braços.
 
 

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