Capítulo 23

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A menina se sentou na minha frente.

― Fico feliz que tenha vindo. ― sorriu.

― Obrigado, pelo convite. ― agradeci, forçando um sorriso.

Irene ajeitou o óculos no rosto e olhou para o cardápio em suas mãos. Chamou o garçom e fez seu pedido, fiz o meu também e aguardamos.

― Então... Como você vai, Tae? ― perguntou meio resiosa.

― Estou indo, eu acho. ― dei de ombro ― Mas e você, como anda a vida?

Ela sorriu fraco.

― Vai bem, terminei o ensino médio faz algumas semanas e estou fazendo os preparativos da faculdade. ― respondeu entusiasmada.

― Para onde você pretende ir?

― Vou para SKKU, passei em Biotecnologia. ― disse, com os olhos brilhando.

― Meus parabéns, Irene! ― me levantei brevemente para abraça-la de uma maneira meio desajeitada.

Mas eu estava realmente feliz por ela.

― Biotecnologia?! Quem iria imaginar. ― sorri, daquela vez sendo mais sincero.

― Não, é? Nem eu imaginei que fosse passar de primeira. ― ela estava risonha, e empolgada ― Mas eu estudei tanto que se não tivesse entrado na SKKU, eu não sei o que eu faria.

Continuamos a conversa até que nossos lanches chegassem. A conversa entre Irene e eu fluia muito bem, era como se fossemos amigos a anos, e não a apenas alguns poucos meses.

Assim como ela, eu também havia me formado, mas ainda não estava com o futuro garantido como o dela. Eu não tinha dado início aos meus planos de faculdade ainda, estava empacado na mesma faziam dois meses. Não conseguia encontrar propósito para mais nada desde que Jimin sumiu da minha vida. Ele por outro lado, eu não tinha ideia do que estava fazendo, Jimin não havia aparecido nos últimos dias de aula e nem foi a nossa formatura. Mas fiquei sabendo que ele conseguiu seu diploma, o que foi um pequeno alívio para meu coração.

Seokjin pelo incrível que parecesse, além de Jungkook, foram os únicos que mantiveram contato com Jimin depois dele se afastar de todos do grupo, e foi o mais velho quem me contou que Jimin havia conseguido se formar, mesmo com tantas faltas finais e notas baixas. E Jungkook uma semana antes havia dito que Park arrumou um emprego de meio expediente na borracharia do Sr. Yu.

Depois de passar a tarde com Irene, fui para casa pelo caminho mais longo. Estava virando a esquina de casa quando vi uma ambulância parada em frente a casa dos Park. Eu sai correndo na direção do alvoroço sem saber ao certo o que estava acontecendo ali. Só tive tempo de ver dois rapazes saindo da residência dos Park, com uma maca e o pai de Jimin deitado nela. Ele não me parecia nada bem, estava pálido e desacordado.

― O que aconteceu? ― perguntei a um dos vizinhos que ali estavam.

― Eu não sei te dizer, acabei de chegar. ― me respondeu também querendo saber.

― Acho que ele sofreu um infarto ou algo do tipo. Não sei ao certo. ― comentou outra vizinha.

― E o filho dele, onde está? ― perguntei meio aflito.

A mulher balançou a cabeça.

― Isso eu não sei. O Sr. Park estava sozinho quando a ambulância apareceu. ― disse.

Assenti apressadamente.

Corri para o jardim detrás de nossas casas, encontrando quem procurava embaixo da árvore de salgueiro, plantada pela Sra. Park, quando Jimin e eu tinhamos quatro anos. Me aproximei devagar e me sentei ao seu lado na grama úmida. Jimin nem mesmo se moveu, estava encolhido, abraçado aos joelhos. Seus olhos fixos em algum canto da jardim, perdido em pensamentos.

― Foi você quem ligou para ambulância, não foi? ― perguntei, quebrando o silêncio entre nós.

Permaneceu calado.

― O que aconteceu?

― Estávamos no meio de uma discussão sem fundamento quando ele começou a passar mal do nada. ― finalmente respondeu, depois de alguns minutos em silêncio ― Quando eu fui ver ele estava caído no chão e parecia ter dificuldade para respirar. Eu peguei o telefone e liguei imediatamente para a emergência enquanto tentava mantê-lo respirando. Acho que não deu muito certo, pois ele apagou. Então tentei reanima-lo.

O encarei esperando que terminasse, Jimin tinha mais a dizer.

― Foi tudo tão rápido... Eu pensei que ele estivesse morto. ― suspirou pesadamente, seu olhar ainda perdido.

― O que importa é que você o salvou a tempo, Jiminie. ― argumentei para conforta-lo.

O moreno balançou a cabeça parecendo concordar com aquilo.

― Eu não sei o que eu faria se ele também morresse, Taehyung. ― choramingou ― Apesar das brigas constantes, ele é a única família que me restou. A única de verdade.

― Ele não morreu, isso que importa.

Jimin levantou a cabeça mirando os olhos marejados na minha direção.

― Mas um dia ele vai, principalmente com essa vida de alcoólatra que ele leva. ― disse afetado ― E o que será de mim? O que farei sem o idiota do meu pai?

― Não devia pensar nisso agora. ― aconselhei.

― Eu não consigo não pensar nisso, Taehyung. ― travou o maxilar.

Uma lágrima o escapou.

― Eu não tenho mais ninguém. ― respirou fundo, mudando de posição ― E isso é triste.

Deveras era, mas bem, Jimin quem procurou ser sozinho. A escolha haviam sido totalmente dele. O que tornava tudo ainda mais triste.

About Last Night {Vmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora