Capítulo 26

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Chegando em casa guardei tudo que comprei nos armários da cozinha ou na geladeira, e fui para sala assistir um pouco de série enquanto as horas passavam lentamente no relógio pendurado na parede em cima do portal da sala de estar.

― Tae, está em casa? ― ouvi a porta da frente abrir e fechar.

― Oie, Omma... Estou na sala. ― respondi.

Ela apareceu no meu campo de visão, e sorriu cansada.

― Como foi seu dia, querido? ― perguntou, se livrando do seu casaco.

― Normal. Fui ao supermercado mais cedo. ― comentei, distraído com a legenda na tv.

― Ah, bom!

― E o seu, como foi o dia?

― Normal, também. ― tudo que disse, antes de subir as escadas, mas então parou e se virou para me olhar ― Teve notícia do Jiminie? Quero dizer, ele não passou para ver o pai hoje como disse que iria, então fiquei preocupada, sabe...

― Ele saiu logo cedo de manhã para trabalhar. ― respondi ― Acho que ainda está no trabalho, Omma.

― Ah sim, tudo bem. Deve estar atolado no trabalho, coitadinho. ― suspirou ― Bom, eu vou tomar um banho quente para tirar esse cheiro de hospital. Depois podemos comer alguma coisa, o que acha? Eu faço.

― Ótima ideia!

― Okay, eu já volto, querido.

Terminou de subir as escadas. Ouvi a porta de seu quarto bater.

Depois de meia hora Omma desceu as escadas, foi para cozinha preparar algo para jantarmos, e me levantei para ajudá-la. Mas assim que fiquei de pé ouvi batidas na porta. Mudei meu caminho e fui atender a porta da frente. Ao abrir, Jimin estava parado no batente com uma caixa de pizza na mão. Ele sorriu e não me contive em sorrir também.

― Trouxe a nossa favorita e a da sua mãe também. ― disse ele, me estendendo a caixa de pizza.

A peguei e deixei que entrasse.

― Mãe! Jimin trouxe pizza! ― falei um tom a cima para que ela me escutasse da cozinha.

― É mesmo, querido?! Oh, que bom! ― exclamou ela, vindo ao nosso encontro no meio do caminho ― Vamos comer na sala então. Vou pegar os pratos.

Coloquei a caixa de pizza na mesa de centro e me sentei no chão. Jimin ajudou minha mãe com os copos e o suco que eu havia deixado preparado na geladeira depois que cheguei do mercado. Sentaram perto de mim e começamos a comer.

― Sra. Kim, como vai o estado do meu pai? ― Jimin a perguntou depois da sua terceira fatia de pizza.

Minha mãe terminou de mastigar e engoliu antes de falar.

― Ele está bem, querido, dentro do possível. ― respondeu cautelosa, mantendo a voz sempre gentil ― Estamos fazendo a desintoxicação aos poucos. Ele estava acostumado a beber todo dia, então está sofrendo com a abstinência. Vai ser duro, mas ele consegue se persistir.

Jimin suspirou, não parecia contente por ouvir aquilo, mas no seu lugar também não ficaria. Era o pai dele, afinal.

― Eu queria ter ido vê-lo hoje, mas fiquei preso no trabalho. ― resmungou com uma cara chateada.

― Tudo bem, estamos cuidado bem dele, querido. ― minha mãe alcançou uma de suas mãos acariciando de leve.

― Eu agradeço imensamente, Sra. Kim. ― agradeceu, com leve sorriso nos lábios, mas o sorriso não chegou aos seus olhos.

― Vocês dois são como da família. ― foi tudo que Omma disse, e foi o suficiente.

Voltamos comer o que restou da pizza em silêncio.

Ao acabarmos, mamãe se despediu e foi se deitar, enquanto Jimin e eu cuidavamos da louça suja. Depois de colocar o último prato no escorredor, Jimin virou para me encarar ao se encostar na pia.

― Quer dá uma volta? ― perguntou.

Eu apenas assenti.

Juntos saímos para o ar frio. Caminhamos até a loja de conveniência para comprar algumas cervejas de latinhas. E logo voltamos para casa, mas ficamos sentados na grama no jardim atrás de nossas casas, embaixo da grande árvore.

― Eu sinto muito, Taehyung! ― ele começou dizendo, me fazendo encará-lo ― Por ter te afastado daquela forma tão brusca, mas acreditei que o afastando de mim e da minha vida caótica estava fazendo o melhor para você. Mas eu devia ter deixado você escolher. Então, eu sinto muito, por tudo.

― Eu fiquei muito mal, Jimin. ― comentei, com a voz embargada ― Não sabia mais o que fazer. Quase não suportei ficar longe de você...

― Quase?!

Ele me olhava em questionamento.

― Se não fosse pela minha mãe, pelos meninos e a Irene, eu não teria durado muito tempo. ― confessei ― Eu não queria nem mesmo sair da cama. Ficava trancado dentro do quarto, mal saia para ir ao banheiro. Emagreci por ficar dias sem comer direito. Tudo porque não suporto a ideia de te perder para sempre. Você é tudo para mim, Jimin. E eu sei que essa codependência é tóxica, mas não sei como evitar.

Jimin me encarava intensamente, mas desviou os olhos e suspirou, levando a latinha aos lábios.

Permaneceu em silêncio.

About Last Night {Vmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora