Capítulo 1

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Estava terminando de tomar meu café da manhã quando ouvi as vozes exaltadas da casa ao lado, que compartilhava do mesmo jardim que o meu.

Era Jimin e o pai, brigando novamente.

Eles dois estavam sempre em pé de guerra. Não importava a hora do dia. Se os dois estivessem no mesmo ambiente por mais de um minuto, uma briga se iniciava.

Pela janela da cozinha vi Jimin atravessar o jardim. Logo, batidas soaram na porta da minha sala de estar. Me levantei indo abri-la. Ele não disse nada ao entrar, nem eu comentei, apenas voltei para cozinha, onde a metade de uma torrada me esperava.

Jimin parou no batente da entrada da minha cozinha, me olhando terminar de comer.

― Onde está sua mãe? ― perguntou.

― No hospital. É o plantão dela hoje.

Assentiu, sumindo pelo corredor.

Terminando meu café da manhã, lavei a louça e arrumei a mesa.

Ao entrar na sala, encontrei Jimin passando todas as estações do rádio velho da minha mãe, que ficava perto da estante da tv.

― O que você está fazendo? ― perguntei.

Jimin nada disse, continuou mudando de estação. De repente ele deixou em uma rádio que estava tocando Stereo Hearts, uma música internacional, que coincidentemente era a minha música favorita quando tinha entre treze e quatorze anos, e que havia se tornado a predileta dele depois de me conhecer no oitavo ano.

― Nossa música! ― exclamou sorrindo.

Eu também sorri, enquanto cantávamos junto com a letra, até na parte dos rap. 

Passamos manhã inteira e boa parte da tarde ouvindo música, cantando e dançando na minha sala de estar. Costumávamos fazer muito isso quando mais novos, cantar e dançar até cansar.

― Para mim já deu! ― caí deitado no carpete, e Jimin deu risada deitando ao meu lado.

― Cansou rápido.

Estávamos deitados lado a lado, nossos braços calados. Nossas respirações estavam disforme e os olhares penetrados um no outro. Eu senti uma eletricidade estranha percorrer meu corpo por inteiro enquanto nos enaravamos com uma área diferente da habitual. Só fomos parar de nos encarar dessa forma quando ouvirmos a voz da minha mãe na porta da frente.

― Oi, meninos! Como vocês estão? Eu estou indo tomar um banho rapidinho. Por que não pedem uma pizza para nós três, em? ― sorriu, indo direto para seu quarto.

― Adoro sua mãe! ― Jimin exclamou ainda meio ofegante ao desviar os olhos, se levantou e ficou sentado ― Bora pedir logo a pizza. Estou morrendo de fome.

Assenti, puxando meu celular do bolso. Pedi uma pizza quatro queijo metade napolitana, a predileta da minha mãe. O pedido chegou no mesmo segundo, que minha mãe saiu de seu banho. Ela se juntou a nós na cozinha para comer.

― Passa o ketchup. ― pedi a Jimin, que fez uma careta.

― Não sei como você gosta tanto de ketchup na pizza. Isso estraga o sabor dela.

― Blá blá blá...

― Seu moleque! ― me deu um peteleco na testa.

Belisquei seu braço, fazendo-o soltar um gemido baixo e me beliscar também. Minha mãe deu uma risadinha baixa, nos olhando.

― Do que está rindo, Omma?

― De vocês. Estão tão crescidos, são rapazes agora, mas as vezes parecem que ainda são aquelas crianças pequenininhas que criei. ― comentou ― Eu me lembro como se fosse ontem, vocês pequenos correndo e se sujando de terra nesse jardim. Eu precisava arrastá-los pelas orelhas para fazerem entrar para tomarem banho. ― parecia perdida em lembranças.

Jimin e eu nos entreolhamos, rimos.

― Faz muito tempo isso, Omma.

― Eu sei. É que, eu sinto falta daquela época. ― disse ela, sorrindo meio tristinha ― Vocês estão quase se formado. Logo, irão para a faculdade. E eu irei ficar aqui.

Fiz uma careta. Me levantei indo abraça-la.

― Omma, eu sempre estarei com você. Independente para que faculdade eu vá. Vou vir te ver todo santo dia, que você vai se enjoar de mim.

Jimin se levantou, vindo em nossa direção.

― De mim também, tia. Vou viver aqui. ― a abraçou do outro lado, dando um selar em sua bochecha.

― Você já faz isso, querido. ― ela deu risada, retribuindo nosso carinho e acariciando nossas cabeças. ― Amo vocês meninos, muito mesmo.

― Também te amamos, Omma.

Depois de terminamos com a pizza, deixando apenas algumas bordas, pois o fresco do Jimin não comia. Minha mãe disse que ia se deitar, as duas da manhã teria que estar de pé novamente, para outro plantão no hospital. Ela era enfermeira encarregada do setor de emergência.

About Last Night {Vmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora