About Last Night {Vmin}

Capitulo 5

― Onde você estava, Jimin?

Ele abriu os olhos me encarou parado em sua porta sem me responder a princípio, estava com cara de exausto.

― Cara, onde você foi ontem depois de brigar com seu pai? Você sumiu e só voltou agora de manhã. ― insisti.

Revirou os olhos, levantando do sofá velho e indo até a cozinha desorganizada.

― Fui esparecer, apenas. ― foi sua resposta.

Respirei fundo pedindo paciência, enquanto entrava em sua casa e o seguia até a cozinha. Ele estava com uma garrafa de água cheia na mão sentado em cima da pia.

― Não faça essa cara, Taehyung! Sabe que odeio. ― resmungou, me olhando. ― Eu estou bem, isso que importa.

Suspirei.

― Eu fiquei preocupado contigo, Jimin.

― É, eu sei. Desculpa! ― também suspirou, desviando os olhos pro chão.

― Onde você realmente estava? ― perguntei não desistindo.

O vi fechar os olhos e suspirar outra vez antes de voltar a me encarar e responder.

― Estava na praia. ― disse, sem animo  ― Sabe como me sinto quando estou na areia e de frente ao mar. Eu me acalmo instantemente. E eu estava precisando daquela calmaria.

― Você foi andando até a praia, Jimin?

― Sim, qual problema?

― Nenhum, só que é longe, né.

― A caminhada também me fez bem. ― deu de ombro.

― Quando for assim você pode me chamar, eu te levo de carro. ― comentei.

Jimin sorriu pulando de cima da pia e vindo até mim.

― Valeu, Tae! ― bateu em meu ombro de leve ― Mas eu precisava ficar sozinho por algumas horas. Você entende né?

Balancei a cabeça assentindo.

Ele voltou para a sala onde muitas garrafas de bebidas e embalagens de comidas estavam espalhados pelo chão. Começou a catar tudo, e eu o ajudei. Era uma rotina para ele já, arrumar a bagunça do pai, as vezes eu o ajudava quando podia, mas na maioria delas Jimin fazia tudo sozinho depois que sua mãe faleceu.

Jimin sempre foi um menino meigo, carinhoso e especial ao meu ver. Sua alegria e energia eram contagiantes, sua risada alegrava o dia de qualquer um. Mas tudo aquilo havia sido apagado com a morte da mãe. Claro, que eu acreditava que o Jimin que eu conheci não tinha sumido da noite pro dia, ainda tinha um resquício dele ali, mas reprimido pelos sentimentos que sentia naquele momento.

Arrumamos a casa inteira, antes do pai dele acordar. O que costumava ser bem tarde, levado as bebidas que consumia todo santo dia, ele simplesmente apagava na cama. Assim que terminamos fomos para minha casa, minha mãe já havia saído para trabalhar e a casa era só nossa. Como de se esperar, Jimin ligou o rádio e colocou em uma estação de músicas internacionais.

Mas não dançamos ou cantamos, apenas ficamos sentados no carpete ouvindo em silêncio. O clima não estava dos melhores, e sabíamos. Quando deu duas horas Jimin decidiu fazer nosso almoço, eu deixei, pois isso o distraía. Comemos sentados no chão da sala ouvindo a rádio de música. Aos poucos tudo parecia voltar ao normal.

― Essa música não era aquela que você fica todo...

― Shhhhh! Não precisa lembrar. ― o interrompi.

Jimin soltou uma risada alta.

― Você é uma figura, Tae. ― riu.

― Por que você fica recordando essas coisas?

― Sei lá... As vezes me vem a mente. ― deu de ombros ― Acho que é porque sinto falta da nossa infância. Sinto falta daquela época onde tudo era mais fácil e mais divertido, sabe? Passávamos o dia todo juntos brincando no jardim, ou iamos a praça com os meninos.

― Era uma época legal.

― Era sim.

Suspirou, e eu também.

― Para onde você pensa em ir depois de se formar? ― perguntou de repente, me surpreendendo um pouco, nunca conversamos sobre aquilo antes.

― Eu devo estudar na mesma faculdade que meus pais, e ficar por aqui mesmo, não tenho muitas opções. E você? ― o encarei.

Jimin estava com a cabeça encostando no sofá olhando para o ventilador se movimentando lentamente no teto.

― Acho que escolheria a faculdade mais longe possível desta cidade. Longe do meu pai e de todo esse inferno que morar com ele. ― respondeu sincero.

― Iria embora assim, sem se importar com nada?

― Iria.

Por alguma razão isso me magoou bastante. Mas então Jimin me encarou sorrindo de lado.

― Eu te levaria comigo, Taehyung. ― um fraco sorriso brotou em meus lábios ao ouvir essas palavras ― Não sobreviveria um dia sem você ao meu lado.

O sorriso de ambos aumentou.

Ele se inclinou encostando a cabeça no meu ombro, e assim ficamos, ouvindo as músicas tocando na rápido e em total silêncio, mas um silêncio confortável.

Eu gostei de saber que Jimin me levaria embora com ele. Era reconfortante saber que eu era a única pessoa que ele manteria ao seu lado.

Bem, fizemos uma promessa quando mais novos "Aonde um for, o outro vai junto, independente de onde."

E aquela promessa ainda estava valendo.