A 15° carta

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Querido Kurt,

Desde que era criança, sempre sonhei com momentos futuros, desejando uma vida extraordinária.

Não me lembro exatamente de quais eram meus sonhos , mas recordo- me brevemente deles como desejos inocentes. Ter um castelo, ser professora, e bastante rica, ir à um baile e viver uma bela e típica história de sessão da tarde.

Com o tempo, estes desejos foram tornando-se um pouco menos idealizados.

Viajar para outras cidades, fazer faculdade, ter um emprego bacana e um namorado legal.

Todos sabemos que sonhos caem como chuva, não é? E então talvez o passar do tempo tenha me feito abrir mão de muita coisa. Diversas vontades e sonhos particularmente bobos. Porque o mundo não é cor de rosa, e todos sabemos muitíssimo bem disso.

Então, por um tempo, acho que simplesmente fui realista demais.

Eu sei, comigo nunca há um meio terno, e você sabe bem que nunca consigo ser simplesmente a droga da quarta feira ensolarada.

E agora, Kurt, fico me perguntando qual o sentido de tudo isso. Viver uma vida medíocre, pé no chão. Estudar o tempo todo para no fim acabar em um emprego qualquer, sem tempo algum para viver intensamente.

Eu me lembro que costumava odiar minha inconstancia, mas agora, fico me perguntando se como disse a garota de óculos, está não será um mal necessário?

Talvez eu não queira viver em linha reta. Talvez as coisas previsíveis sejam um saco.

Tenho pensado muito nisso. E sinceramente, fazer o que me vem na cabeça é mais divertido, mesmo quando as pessoas me acham louca.

Acredito que todos deveríamos procurar nosso carpe diem na medida do possível, mesmo que para simplesmente fugir da realidade deste mundo idiota.

Como você disse, tudo que fizermos hoje ficará na memória daqueles que um dia sonharão em ser como nós: Loucos, porém, felizes.

Com amor,

"garota perdida"

Cartas ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora