A 37 ° carta

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Querido Quatro,

Eu estive pensando, há alguns segundos, sobre meus verdadeiros medos. Aqueles dos quais ainda não consegui me livrar. Os perseguidores.
É estranho como tudo mudou, mas algumas coisas ainda permanecem iguais.
Uma vez eu li, em algum site aleatório, que depois de certo tempo, todas as células de seu corpo são substituídas. Todas. E agora, penso no quanto isso é bom. Como se tudo pudesse ser refeito, inclusive - e principalmente - as parte ruins.
Eu gostaria que tudo pudesse ser refeito. Sei o quanto soa terrível, mas eu gostaria que eu pudesse ser refeita.
Não melhorada, como um pote de maquiagem ou um creme pra espinhas. Não modificada, como algo siliconado ou botoxicado (aliás, acho que essa palavra nem sequer existe), mas refeita. Como algo totalmente novo.
Sinceramente, é tudo o que eu sempre quis, embora pareça superficial.
Às vezes eu adoraria ser superficial. Menos...intensa, talvez. Sentir menos. Pensar menos. Ser normal, mesmo que o normal seja um saco.
Eu tenho medo. De sempre ser bagunçada. De nunca ser bonita. De nunca ser o bastante.
E espero, de verdade, superar isso, antes que tudo me consuma novamente.
Com amor,
Garota perdida.

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