A 17° carta

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Querido Gus,

Esta não é a primeira vez que lhe escrevo, então acredito que as apresentações sejam desnecessárias.

Compreendo que o tema desta carta talvez seja um pouco diferente do que costumo escrever, entretanto creio que isso realmente não tem importância, afinal, há grandes chances de que você nem mesmo leia estas cartas, pois, além de ser um personagem fictício de um romance que conquista garotas do século 21, criado pela fantástica mente de John Green, você neste momento está num belo lugar azul, provavelmente sentado bem em cima de uma nuvem macia, devorando algodoës doces em formato de pôneis alados  e acendendo deliciosas metáforas.

Tudo bem, talvez eu esteja exagerando. Mas você está morto.

Peço lhe desculpas por soar insensível, mas sua partida deste mundo para uma melhor não é o tema principal desta carta, mas sim, a Garota Azul.

Creio que você gostaria de saber porque me refiro à ela desta maneira.

Bem, vou lhe dizer. E espero que ignore o fato de eu ser uma droga de escritora, pois meus pensamentos, assim como os teus, os dela e os da garota que canta, são estrelas que não conseguimos alinhar em constelaçoës.

Sabe, a maioria das pessoas, como você bem observou, caminha pelo mundo apressadamente, sempre à espera de ser notado, e devo confessar que não fujo disso. Temos tanta pressa de encontrar uma fuga para o labirinto, ou o ápice da montanha russa, que simplesmente acabamos nos perdendo, muitas vezes em nós mesmos, durante a caminhada. Ou ferindo outras pessoas.

Mas ela simplesmente parece não se importar em deixar uma marca, como se o universo não precisasse nota-lá.

A Garota Azul caminha vagarosa e cuidadosamente, sempre à olhar por onde pisa.

Ela vê a infinidade de cada momento, consegue enxergar o azul em cada queda brusca, e simplesmente não reclama do cinza.

E eu gosto disso.

Nem sempre fomos amigas, sabe.

Mas eu costumava achá-la muito bacana. Como aquela pessoa que você observa de longe e pensa "poxa, poderíamos ser muito amigas".

E é fácil se aproximar dela, Gus. Por trás daquela fachada de garota grossa e do tom de voz alto, ela abre diversas brechas para aproximações e as pessoas simplesmente não percebem. Ou  então não aproveitam a chance.

Ela também tem um estilo muito legal. Aquele tipo de pessoa que veste qualquer coisa louca, como lenços vermelhos ou calças jeans largas, e mesmo assim consegue parecer muito bonita.

Ela também é uma escritora fantástica, e não digo isso apenas para ser simpática.

Ela consegue falar sobre seus sentimentos e lembranças, nos textos, como se pudesse te transportar para outro lugar, algo tipo uma terceira dimensão mágica, e isso é fantástico. E há momentos em eu me pego desejando essa capacidade.

Além disso, ela é uma boa ouvinte, e passa uma segurança que poucas pessoas tem.

E ela é madura. Tanto que, ás  vezes, me sinto uma menininha birrenta de 13 anos ao contar meus problemas para ela; pois a vejo, todos os dias, enfrentar coisas tão ruins quanto, e mesmo assim não reclamar. E eu a admiro muito por isso.

Ela é uma garota forte, Gus. Pode não saber disso, mas assume responsabilidades, e lhe dá com muitas coisas que a maioria das pessoas não conseguiria.

E quando tem um problema, ela não atira a culpa pra cima de ninguém, sabe? Ela simplesmente entende.

Que as outras pessoas não tem culpa. Que o mundo não é uma enorme fábrica de realização de desejos.

E mesmo assim, apesar de o labirinto ser uma merda, e de às vezes ela estar cercada por pessoas um tanto egoístas, a garota azul continua sendo legal.

Ela também tem sorte. Sei que provavelmente não se dá conta, mas ela encontrou seu amor Estrela-cruzada, alguém que lhe da estabilidade, e a ama muito; e sinceramente desejo que sejam muito felizes.

Mas esta carta não foi escrita apenas para falar de suas qualidades. Ela tem várias, e espero que saiba disso.

Gostaria de lhe contar sobre como percebi que queria tê- la como amiga.

Aliás, bem, não foi algo de uma hora para outra. Sempre fomos colegas, talvez por termos um grupo de amigos em comum.

Mas um dia, nós simplesmente começamos a trocar mensagens, e sei lá, nos aproximamos.

Não é algo que dê para explicar.

Eu gosto de conversar, e ela sempre foi uma pessoa bacana.

Então, uma certa noite, durante as férias da metade deste ano, não me lembro exatamente quando, e acredito que ela não se recorde disso; fizemos uma espécie de jogo de perguntas e respostas, e descobri muitas coisas sobre ela.

Coisas bobas, talvez, mas acabamos revelando bastante uma à outra, e creio que naquele momento, passei a confiar um pouco mais nela.

É claro que tivemos alguns afastamentos passageiros, afinal, sei que sou irritante, e ela por sua vez, sem paciência, mas tudo passou.

Então começamos a compartilhar nossos textos uma com a outra, e de repente, tínhamos um grupo, com alguns amigos nossos, e também um blog.

Agora, simplesmente a vejo como uma ótima amiga. De verdade.

Sei que temos "grupos" diferentes, e que não andamos juntas a maior parte do tempo, mas eu realmente gosto da amizade dela, e a admiro muito como a pessoa que ela é.

A garota que é carinhosa com todos, mesmo com seu jeito explosivo, e gosta de bandas estranhas, e tira as três camisetas - ops, duas - num show do Capital inicial, e não me convida para suas "festas surpresas" (risos). Aliás, espero ser convidada para a deste ano. Torça por mim.

Bem, Gus, quero desejar à ela, um feliz, feliz, feliz aniversário, de verdade. Não estou fazendo disso apenas uma frase comum dita nestas datas.

Realmente espero que hoje, e talvez em muitos outros dias, ela tenha momentos azuis (como ela diria) e borbulhantes (como eu mesma diria).

Espero de verdade que ela coma muitos doces, ganhe muitos beijos deliciosos e abraços sinceros; e principalmente, que ela se sinta infinita, porque agora eu sei o quanto este sentimento é bom e passageiro, como Charlie bem sabia.

Espero que a Garota azul consiga muitas montanhas-russas que só sobem.

E que ela permaneça colorida, mesmo estando no labirinto. Que seus dias sejam ensolarados, como uma sábado brilhante. E que mesmo quando acinzentados, ela tenha força para seguir em frente e colori-los.

Espero de verdade que ela seja feliz.

Porque o universo, bem, ele quer nota- lá, e o mundo definitivamente não seria o mesmo sem seu "azul" a nos "azular".

Gostaria, por fim, de ser uma escritora melhor, e dizer mais milhões de coisas boas sobre ela, porque ela merece.

Mas não sou.

Portanto, finalizarei esta carta dizendo clichês, tais como, desejando à ela muita paz, amor, saúde, juízo,sorte e felicidade.

Também gostaria de dizer que acredito que nossa amizade permanecerá no próximo ano, mas sei que as coisas mudam, e sempre serei grata por termos sido amigas.

Espero que a garota azul consiga muitos sorrisos, não somente hoje, mas todos os dias, e espero que ela tenha sorrido um pouquinho ao ler isto aqui.

Ela é uma amiga muito especial, e uma pessoa muito especial, acima de tudo, e gostaria de verdade que soubesse disso.

Com muito amor,
"garota perdida".

Cartas ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora