A sétima carta

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Querida Hazel,

Aqui estou eu escrevendo para você novamente, apenas porque tenho pensado bastante no conteúdo de minha última carta, e me perguntado sobre o quanto uma pequena parte de nossas vidas, quase microscópica, pode afetar todo o resto.

Afinal, o que significa ver a infinidade de cada momento, de cada parte?

Uma vez, você disse ao garoto de uma perna só, que existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros; e obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Porque alguns infinitos são maiores que outros, disse uma pessoa de merda que escrevia maravilhosamente bem.

E agora, Hazel, pego-me novamente pensando em meus momentos numerados.

Já faz alguns meses desde que eu me apaixonei pelo garoto magrelo, e um tempo relativamente igual desde que conheci o garoto da reunião de formatura.

Como se pode medir um sentimento, Hazel?

Porque eu juro, que neste momento, adoraria poder quantificá-los; de maneira á conseguir alinhar meus pensamentos desordenados.

Hoje conversei com uma garota simpática, que me questionou sobre meus sentimentos, e me senti a mais completa idiota ao não saber expressá-los corretamente.

Afinal, o que significa estar apaixonada por alguém?

É aquela sensação de se estar borbulhante, como quando você toma algumas taças de champanhe, ou é a dor de cabeça seguida de uma felicidade temporária, como a ressaca do dia seguinte?

Você encontrou seu amor estrela-cruzada, Hazel, e há momentos, muitos deles, em que me pergunto onde estará o meu.

O garoto por quem me apaixonei alguns meses atrás tem tornado tudo mais complicado, ferindo-me consecutivamente, e sei que devo seguir em frente; mas sempre repeti à mim mesma que isso não era possível.

Entretanto, neste instante, pego-me questionando tais sentimentos.

Terá sido tudo ilusão?

E quanto ao garoto da reunião de formatura?

Ele é doce, Hazel, e costumava tornar as coisas simples e azuis para mim.

E eu o afastei.

Nossas escolhas têm conseqüências, e sei que agora já não posso voltar atrás, pois ele seguiu em frente.

Mas agora, acho que talvez, apenas talvez, eu tenha gostado dele.

E simplesmente estava com medo na época.

Mas agora já é tarde, e tudo que posso fazer é tentar pensar em coisas felizes, porque há outros infinitos por aí, e talvez eu deva deixá-los aparecer.

Ou talvez seja apenas meu orgulho falando alto.

Não sei dizer.

Espero que me entenda.

Com amor,

"garota perdida"

Cartas ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora