A 35° carta

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Querido Q,

Como você bem sabe - por experiência própria, há uma clara diferença entre amar de longe e amar de perto. E há uma diferença ainda maior entre amar uma versão de alguém que você projetou, e amar o que aquela pessoa é de verdade.
O problema é que, muitas vezes, isso não é perceptível, para nenhum de nós.
Passamos boa parte de nossas vidas idealizando as pessoas. Tornando-as diferentes, melhores, eu diria. Como super heróis ou algo parecido. Nós as tornamos nossos milagres, mesmo não acreditando que isso realmente exista.
E então, nós descobrimos que, no fim, elas são apenas pessoas. De carne e osso, ou, como diria Margot, pessoas de papel.
E embora seguir seja difícil, o imenso alívio que vem depois - mesmo que de forma gradativa - é incrivelmente satisfatório.
Eu me sinto livre.
Por deixar para trás tudo o que me impedia de seguir, mesmo sendo dolorosamente difícil.
Eu me sinto livre.
E a liberdade veio acompanhada de uma enorme e esquisita sensação de nada, e me pergunto se sou a única a me sentir assim.
Com amor,

Garota perdida.

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