A 39° carta

12 1 0
                                    

Querido Charlie,

Às vezes eu me pergunto se fiz a escolha certa. Não por eu não gostar da faculdade, do curso, dos professores ou das pessoas - eu adoro aquele lugar, e tudo que o envolve. Eu gosto de estar fazendo algo, de ganhar dinheiro com a coisa do projeto de extensão, e meio que amo Latim, apesar de ser difícil pra caramba, e quase que nada "exequível" - como diria meu querido professor M. Por falar nisso, ele me fez - não diretamente - pensar nesse assunto (se realmente estou no lugar certo e tal).
Um dia, numa apresentação, ele fez um comentário sobre eu ser bastante tímida/mecânica, e isso me deixou um pouco confusa, porque nunca achei que eu realmente o fosse. Sempre gostei de apresentar seminários e falar em público, apesar de isso me deixar um pouco nervosa.
Enfim. Toda essa coisa de faculdade - e as dificuldades que vem na bagagem - tem feito com que eu me questione bastante sobre minha capacidade, e quão longe posso chegar. Às vezes eu tenho medo, Charlie. Medo de ser um fracasso. De não ser boa o bastante, entende?
E eu prometi pra mim mesma que seria boa. Eu disse que seria, mas agora, bem, eu já não sei. Eu de certo não sou a "favorita" dos professores, ou a mais inteligente da sala - não que eu algum dia já tenha me importado com isso, mas em alguns momentos, isso faz eu me sentir daquele jeito de novo. Como nada. E eu não quero me sentir assim. Porra, eu realmente não quero!
Essa semana, eu e dois amigos demos uma aula para o primeiro ano do outro ensino médio, e o professor M. ficou assistindo. No começo, eu estava morrendo de medo - e mega nervosa - mas foi meio que incrível. Sério. Eu gostei. Até a parte das críticas não foi de todo ruim. Na verdade, foi quase divertido - a coisa toda; e acho que o professor M. é, de fato, bem legal.
Nesses momentos, eu não me sinto um fracasso, Charlie. Gostaria que fosse assim o tempo todo.
Com amor,
Garota perdida.

Cartas ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora