A 25° carta

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Querido Charlie,

Acho que estou um pouco triste hoje, ou agora.

É estranho ver tudo acabar, de uma hora para outra. Como estar no meio de uma deliciosa taça de champanhe borbulhante, e perceber que não há mais no freezer.

Ou estar dançando extremamente animada durante uma música incrível, e ela de repente chegar ao fim.

Dizem que as coisas boas sempre acabam, e eu não gostaria que fosse assim. Acho que tudo que é bom deveria continuar.

Mas é por isso que o sol nasce, e as estações dão lugar à outras.

A montanha russa precisa se mover, essa é a lógica.

Isso me faz pensar no quanto tudo mudou. Hoje, nestes últimos meses, nesse ano.

Eu não sou mais a mesma, pelo menos não me sinto mais como a garota de três anos atrás. Tenho muita bagagem, boa e ruim.

E bagagens significam partidas, o que me lembra que nunca fui do tipo que realmente acredita na infinidade das coisas, afinal, toda caminhada tem sua parada.

Mas acho que, embora eu soubesse que tudo estava a um passo de mudar, achei que poderia estender a caminhada para mais alguns metros, que apareceriam sem aviso à minha frente.

Ou talvez eu quisesse fingir que o fim não existe.

Mas bem, acho que tudo acaba aqui.

E não me refiro somente à escola, porque acho que tudo vai ser diferente agora.

Foi um ano bastante conturbado, e talvez, apenas por isso, um dos mais memoráveis.

Foi meu ano dos 'primeiros'. Primeiras baladas, primeiros beijos, primeiros pts, primeira viagem, primeiro encontro, primeira ida àquela cidade vizinha, (Kkkkkk), entre outros.

E também foi meu ano de replay : notas ruins em química, vida amorosa não muito boa, perdas, diversões e regime não levado a sério.

Esse ano também fiz muitas promessas.

Algumas que não foram cumpridas,como iniciar uma dieta assim que chegasse aos 50 quilos, não ligar para o que as pessoas pensassem, não estourar espinhas para evitar manchas, me dedicar aos estudos, não participar de zoações, não me aproximar demais das pessoas, não me apaixonar.

E algumas que pude cumprir, como ser mais sociável com meus pais, não expor demais meus dramas em redes sociais(risos), me divertir o máximo que podia, e fazer coisas novas.

Foi um ano legal, com muitas subidas, inúmeras paradas, algumas descidas. Foi um ano de descobertas, reflexões, diversões, fossas, loucuras.

Acho que talvez eu sempre vá voltar a estes acontecimentos, em minha mente. Pequenas coisas que somente nós entendemos, e acho que, no fim, se trata disso.

Lembranças, que depois de um longo tempo, dão espaço à novas, igualmente boas.

Torço por isso, e pela nossa felicidade, pois acho que depois de tudo, nós a merecemos.

Talvez o último ano da escola seja isso. Nossa chance de brilhar.

Sentar em uma mesa com pessoas meio desconhecidas, sair correndo pelos corredores da escola, não se importar em copiar a lição, ter um jantar de gala no meio do refeitório, andar de salto ou fantasias pela escola, pedir doces no hallowen e sair de mãos vazias, se aproximar de pessoas com as quais você não conversava, fazer amigos, viver sonhos adolescentes.

Acho que, no fim, tudo valeu a pena. Cada parte dessa enorme infinidade azul/acinzentada. E se algo deu errado, tudo bem.

Isso não precisa ser apenas um final( embora o seja, em alguns aspectos que me deixam triste e feliz ao mesmo tempo) e sim, talvez, um belo começo.

Todos merecemos ótimas histórias.

Com amor,
Garota perdida.

Cartas ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora