Nova carta

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Querido P,

Aquela foi, provavelmente, a melhor mensagem que um garoto já me mandou - e ela nem era tão grande. Na verdade, você só dizia gostar do meu cabelo, e que eu era muito bonita - e que aquela não era a coisa mais importante sobre mim, até mesmo porque você talvez demoraria a descobrir o que eu de fato queria mostrar, mas que você adoraria me conhecer.
A questão é: você acertou no que dizer. Foi um começo interessante. Algo além do "oi, tudo bem?" ao qual eu já estava tão acostumada nesses típicos bate papos. E você continuou me surpreendendo.
É estranho encontrar alguém que escreva bem, porque eu sempre fico bastante animada com isso, e você escreve. E é vegetariano. E parece bonito. E leu "As brumas de Ávalon". E é legal. E inteligente. E disse que eu era sexy - na verdade isso foi estranho, mas soou ok.
Eu poderia facilmente ficar a fim de você. Eu me lembro. Você disse algo parecido com isso, e eu fiquei com medo, de você ficar afim de mim, porque eu nunca sei o que fazer nessas situações, e minha séria dificuldade em gostar das pessoas que demonstram algum interesse em mim sempre se manifesta.
A questão é: você era interessante. Bastante, na verdade. Mas sei lá. A coisa esfriou. Palavra estranha, não é?
Esfriou. A verdade é que não sei o que aconteceu. Talvez eu não tenha lhe dado a atenção que você queria, e então você partiu pra outra. E tudo bem, eu não te culpo. E eu também não me culpo. Mas eu gostaria que você tivesse ficado. Eu gostaria que alguém ficasse, apesar de todas as minhas idiotices.
E, admito, eu estou com raiva: você é o primeiro garoto em meses que de fato desperta meu interesse, e pareceu gostar de mim a princípio. Mas não sei. Acho que ainda não aprendi a ser boa com meios.
Eu não sei como terminar essa carta de outra forma, a não ser, talvez, lhe desejando boa sorte, e dizendo que foi bom te conhecer. Foi realmente bom.
Amor,
Garota perdida.

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