Eu não sei lidar com pessoas

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(podia ser uma frase minha, mas é de Rico)

Confesso que não tenho paciência com pessoas, especialmente quando não sei quem são e o que elas querem realmente

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Confesso que não tenho paciência com pessoas, especialmente quando não sei quem são e o que elas querem realmente.

Eu consigo ler Destiny. Ela quer sobreviver, ela não confia em mim – ela tem medo de mim, e está certa. Ela decidiu cuidar de uma criança sem ter condição de cuidar dela mesma. Existe coragem e existe imprudência.

Não sei onde ela se coloca.

Ela demorou muito no banho, enquanto a menina ficava lá deitada, depois de comer. Acho que depois que Cassandra comeu, Destiny segurou a menina e ela soltou um negócio branco no ombro dela, deixando aquela roupa ainda mais imunda.

Vou jogar tudo fora; da próxima, a menina solta esse negócio branco em um pano.

Não tenho jeito com crianças, não sei lidar com elas.

- Tem até água quente, o espelho ficou todo embaçado! – deu pra ouvir a voz dela, em choque, deslumbrada, mas não de um jeito nocivo; ela estava encantada pela merda de um espelho embaçado.

Quando saiu, com a roupa que tinha escolhido pra ela – comprei tudo em um supermercado em frente ao hotel: para evitar que os funcionários desconfiassem de mim segurando mamadeiras e fraldas, comprei várias coisas, como se fosse comer no quarto – entendi ter cometido um grave erro.

Pensei que era uma mendiga, uma moleca qualquer.

A mulher que saiu do banheiro usando uma camisa longa, azul-marinho, e uma legging, os cabelos tão cacheados que pareciam molas, na altura do queixo e o rosto limpo, sem maquiagem alguma, era definitivamente a mulher mais bonita que eu já vi.

E eu já vi muitas, muitas, muitas mulheres. Mas ela... Inferno de nome.

Destiny. Parecia uma mensageira de todas as notícias possíveis; e pior: ela caminhava pelo quarto olhando por todo canto, e provavelmente me achando a mobília do hotel, e correu para a criança.

- Tenho que dar banho nela! Como vou dar banho nela?

- Comprei uma banheira também.

Ela finalmente me olhou, em choque. Parecia ter levado um tiro. Os olhos cor de mel eram... Curiosos, porque ela se assustou, mas no mesmo instante voltou a me encarar com uma raiva e... Uma certa confusão, talvez?

Ainda muito pensativo sobre como alguém que não conseguia esconder os próprios sentimentos sobreviveu na rua.

- Você comprou banheira? Comprou roupa pra Cassandra também?

- Não tinha roupa de criança no supermercado. Ela pode se virar de fralda.

- E quando tiver com frio? Você tá falando sobre um bebê, não uma pessoa adulta.

- Tire a fronha e coloque ela dentro.

O horror era visível em seu rosto. Suas reações eram engraçadas o suficiente para que eu sentasse na poltrona do quarto e começasse a rir; mas eu sabia que Destiny ficaria bem chateada com aquilo. Por um instante, me deu vontade de falar mais algum absurdo para ver como ela lidaria.

DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora