Capítulo 09

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Caio Barreto

Estamos na sala de interrogatório. Estou sentado à mesa, as mãos cruzadas sobre a madeira gelada dela.

A Carol está em pé ao meu lado, os braços estão cruzados, as pernas abertas, como se estivesse esperando o momento certo para atacar. 

À nossa frente, um rapaz bem apessoado com cabelos ondulados na altura da orelha e a cara de poucos amigos, me fitando de forma feroz. As mãos dele, agora algemadas, estão escondidas abaixo da mesa. Ele estáa prostrado no espaldar da cadeira, é nosso segundo encontro.

- O que tem a nos dizer? - eu questiono.

- Nada!

- Fala sério! - esbravejou a Carol - Nós não estamos aqui pra brincar de pique-esconde não, ô cara. 

- Se acalme, Caroline! - eu usei o nome dela inteiro, como forma de repreendê-la, tipo um pai quando a filha apronta alguma coisa. Ela respira fundo e deixa o silêncio falar por ela. Acho qu entendeu o recado.

Sinto o olhar do rapaz fuzilando a Carol de baixo para cima, como se tivesse gostado do fato de eu ter repreendido minha parceira.

- E, então - eu digo - Pode nos contar porque cargas d'água você violentou aquela travesti? Não imaginei que você fosse ser violeto.

O rapaz fica em silêncio, sinto que ele quer nos testar de alguma forma. É um jogo emocional. Não caio nele. Não mais.

- Aquela aberração merecia!

- Por quê? O que ela fez?

Ele desvia o olhar. Está visivelmente incomodado com a pergunta, com a situação, com a travesti.

- Olha - eu sigo - Se você não colaborar, vai ser pior pra você, isso eu te garanto. E, não é o pior pra você que a gente quer. Você sabe que estamos envolvidos na investigação do Serial Killer Gay, então, de repente, você, que está envolvido num dos casos, aparece espancando um LGBT numa boate perto de onde os corpos foram encontrados. Você é inteligente, sei que entende que você é um suspeito agora.

Ele sorri, parece um sorriso de nervosismo. Eu imagino que ele esteja nervoso realmente, a situação é para deixar qualquer um nervoso.

- Eu não mataria meu próprio pai! - ele responde.

- Será?! - a Carol diz - Será que não, Carlos Eduardo Soares?!

Carlos Eduardo Soares me pareceu, num primeiro momento, um rapaz revoltado. Toda aquela situação na casa dele, quando eu e a Carol fomos lá para coletar informações sobre o Miguel Soares, mas, eu nãao o tinha visto como suspeito - ao contrário da Carol - depois desse incidente na boate, eu já não posso ignorar o fato de que ele pode ser o nosso cara. 

- Não! - ele rebate a acusação da Carol - Eu detestei quando ele se assumiu, mas, eu não o mataria. Eu amava meu pai!

- Legal - a Carol usa aquele tom sarcástico/cruel que só ela sabe fazer - Sabe quem também amava os pais?! A Suzane Von Richthofen!

- Chega, Carol! - eu digo - Acho melhor você esperar lá fora, ok?! Eu cuido disso.

Ela me olha com raiva, mas, sabe que tem que me obedecer. 

Assim que a Carol sai, eu me viro para o Carlos Eduardo. Eu sei que ela foi para a salinha ao lado, bem atrás do vidro espelhado, de onde conseguiria nos ver e ouvir, sem ser vista por  nós.

- Muito bem, Carlos Eduardo. Eu quero a verdade a partir de agora. O que você foi fazer naquela boate gay?

Ele me olha com os olhos em chamas. Eu sinto que ele pode explodir.

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