Capítulo 25

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Caio Barreto


Quando eu estava na câmara refrigerada do Instituto Médico Legal com a Dra. Amora Leal, o cadáver do Daniel Carneiro e o celular dele desbloqueado em minhas mãos, eu liguei os pontos.

No chat do aplicativo de encontros gays, eu vi a minha conversa com o Daniel, que se colocou o nome de "Me Mame". Era com ele que eu iria me encontrar na noite em que salvei o David Rabelo das garras do tal Alfredo do Vale. 

Naquela mesma noite, depois que eu limpei o machucado no rosto do David, nós conversamos um pouco sobre várias coisas, inclusive sobre o meu encontro. Fui eu quem acabou entregando o pobre Daniel para as garras do Serial Killer Gay.

Naquela nossa conversa, o David havia me dito que estava fazendo coisas loucas "...Tem me feito fazer coisas loucas...", ele disse.

A não aceitação dele o estava fazendo matar.

Era óbvio. 

O David era, segundo ele, o único sobrevivente de um Serial Killer... Como assim?!

Ele tinha sido a única pessoa a ser filmada pelas câmeras de seguranã da boate de dona Odete na noite de um dos crimes. Segundo ele, lá, estavam mais duas pessoas.

Estava o tempo todo na minha cara.

O cara alto, forte e com tatuagem no braço que ele me disse que estava lá e que o atacou e atacou o Rafael Araújo era ficção, parcialmente.

O cara que ele tinha descrito era, de fato, o Leonardo da Delegacia. Mas, ele fez isso propositalmente. Foi o Leonardo quem o recebeu quando ele esteve na Delegacia. Ele pegou o biotipo do meu colega de trabalho e jogou na nossa cara para nos despistar.

No fim das contas, o assassino sempre esteve muito mais próximo a mim do que o que eu julguei que estaria.

Agora, ele está sentado à minha frente e, quando termina de se explicar, se aproxima de mim com o canivete em punho. O mesmo canivete que lacerou a artéria femoral de cinco vidas inocentes.

- Eu sabia que você não era confiável, Caio Barreto!

- Se acalme, David, tudo vai se resolver!

- Não, não vai! - ele é firme - Eu conheço essa histórinha. Você quer ganhar tempo e me enrolar. Você é um policial, é claro que iria me levar preso. Usando essa história de gay que namora mulher pra tentar me fazer sentir empatia por você. Isso foi patético.

- Essa é a verdade!

- Não! - ele continua firme, os olhos me fuzilando - A única verdade que vai ter aqui é que você me seduziu. Me trouxe pro seu apartamento, me embriagou com esse vinho, tentou me agarrar, tentou me estuprar e eu, em legítima defesa, te dei um golpe na garganta! - ele faz uma pausa - Sem corte em femoral dessa vez, sem lábios costurados. Só uma legítima defesa.

- Seria uma história bonita, garotão! Se nós não estivéssemos aqui!

Por um segundo, eu havia me esquecido que a Carol e a equipe de homicídios estava escondida por todo o meu apartamento.

Eu dou um suspiro. Acabou!


* * * 

Quando eu liguei os pontos, rapidamente entrei em contato com a minha equipe.

A Carol e os policiais que compunham a homicídios traçaram um plano e conseguiram - em tempo mais que recorde - uma autorização judicial para que toda a conversa com o David Rabelo fosse gravada e, futuramente, pudesse ser utilizada como prova no tribunal.

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