Capítulo 23

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Caio Barreto


Minha parceira está desacreditada, meu relacionamento foi pelos ares, o assassino continnua à solta e até o David - uma quase vítima dele - está desacreditado que eu possa fazer meu trabalho.

Nesse momento, estou dirigindo pelas ruas iluminadas de São Paulo, com um destino certo: o Instituto Médico Legal.

Sobre o banco do carona, está a razão pela qual eu vou até lá: os pertences de Daniel Carneiro, a mais recente e, penso eu, a última vítima do Serial Killer Gay que vem tirando meu sono nos últimos dias.


* * * 


Mostro meu distintivo ao guarda e não leva muito tempo até eu ser levado para me encontrar com a legista que fez a autópsia no cadáver.

Ela é bem bonita, tem cabelos crespos num black-power perfeito, os lábios grandes estão tingidos por um batom vermelho no tom certo. O cheiro dela também é muito bom, é semelhante ao perfume que a Sheila usava. 

- Detetive Barreto! - ela me estende a mão direita em cumprimento.

- Boa noite! - eu a cumprimento de volta.

- Eu sou a Dra. Amora Leal - ela se apresenta - Achei sua vinda até aqui estranha. Pensei que a polícia já tivesse tido acesso ao meu laudo sobre a morte do rapaz.

- É, nós já tivemos - eu respondo - Mas, preciso ver o corpo. A senhora vai me entender.

Juntos, seguimos até a câmara de refrigeração.


* * * 

O local é frio e, não só por isso, me causa arrepios.

A Dra. Amora vai andando em minha frente, seu quadril se movendo como o de uma modelo da Victoria Secrets. Ela é fascinante.

-... Se já recebeu o laudo - diz ela - Qual a razão de vir até aqui, Detetive?

- Isto! - eu falo, mostrando para ela o saco plástico transparente com os pertences do falecido.

- Não se se compreendi! - ela diz, puxando uma das gavetas refrigeradas, onde posso ver o corpo do rapaz, embalado num saco metálico.

- Há a hipótese de que o assassino usa redes sociais para se comunicar com as vítimas - eu digo, enquanto ela começa a abrir o zíper do saco - Aqui está o celular do Daniel Carneiro, mas, está protegido com senha. Levá-lo para um especialista em T.I. tirar essa proteção seria a ideia mais óbvia, só que isso leva tempo. Mas, este aparelho aqui - eu puxo o celular para fora do saco plástico - Funciona com leitura facial. 

- Oh, entendo...

A legista abre de vez o saco metálico e deixa à mostra o cadáver.

A pele está pálida, a sutura dos lábios já foi retirada. 

Mesmo assim, o rapaz ainda é belo.

- Com licença - digo para a legista, quase como se fosse para o próprio Daniel  e, em seguida, aponto o display do celular na direção do rosto dele. Em segundos, a tela é desbloqueada.

Volto o celular para mim e, imediatamente, ligo os dados móveis. Preciso ter acesso aos aplicativos que funcionam com internet.

Algumas mensagens começam a chegar. Algumas curtidas em fotos, mas, eu já sei qual é o meu foco: o aplicativo de encontros gays.

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