Capítulo 2

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- Então, vai me dizer, ou não, por que está aqui?

- Sim, é clarao. Gostaria de conversar. Há algo que gostaria de discutir com você.

Olhando para o relógio de pulso, Lauren balançou a cabeça.

- Sinto muito. Tenho um compromisso. Podemos conversar outro dia.

- Mas isto não pode esperar!

Lauren deu de ombros, sem demonstrar qualquer emoção.

- Terá que esperar. Em quinze minutos tenho outro compromisso.

Lutando para manter o controle, viu-a subir os degraus, passando por Camila, e deixando no ar um cheiro de sol, cavalos e trabalho duro. Engolindo o orgulho, insistiu.

- Por favor, Lauren. Prometo que não vai demorar.

A mão dela parou na maçaneta, e ela virou-se, demonstrando um misto de relutância e curiosidade. E algo mais que Camila não

- Está bem - disse, finalmente-se não se importa de conversar enquanto me arrumo, posso dispor de alguns minutos.

E, abrindo a porta, desaparece dentro da casa.

Entrando atrás dela, e sentindo um misto de alívio e aborrecimento, tentou convencer-se de que não deveria se importar com o modo como a tratava. Afinal, estava apenas fazendo o que ela fizera com Lauren, quando eram mais jovem.

E de repente, embora tentasse evitar, a lembrança daquela tempo voltou com intensidade.

Era uma manhã de verão. O ar estava impregnado com os aromas de feno e flores silvestres, e o sol brilhava, aquecendo-lhe a pele, enquanto estava parada a porta do estabulo do Rocking C, acariciando o pelo macio de sua égua quarto de milha, Candy.

Tinha acabado de voltar de uma cavalgada, e Camila lembrava-se nitidamente de como se sentira naquele momento: Feliz, viva e completamente satisfeita com a vida.

E por que não deveria? Tinha dezessete anos, era mimada em casa, popular na escola, onde era líder de torcida e ótima aluna. Não era difícil imaginar porque acreditava que o mundo lhe pertencia.

E então, ao entrar no corredor escuro, contrastando com a luz brilhante do sol, trombara com a estranha morena e forte. E, a partir dai, tudo havia mudado.

Ela praguejara, mas ainda assim conseguira segurar tanto o saco de cereais que carregava sobre o ombro quanto Camila, evitando que caísse.

Surpresa, ela erguera o olhar, encontrando os olhos mais verdes que já vira. E logo percebera os traços fortes, as maçãs do rosto bem delineadas, os sedosos cabelos negros, a pele pálida. E algo novo aconteceu com Camila.

Um estranho calor percorreu-lhe o corpo. Seus joelhos enfraqueceram, e ela sentiu dificuldade para respirar.

Por um instante, não desejara nada mais do que aproximar-se, apertar o corpo contra o dela, mergulhar o rosto na curva do pescoço forte, onde uma veia pulsava intensamente.

Queria tocá-la, sentir o gosto daquela pele... em todos os lugares. E desejava isso com tanta intensidade, que chegava a doer.

A descoberta foi um choque. Confusa e amedrontada, afastou-se num salto, livrando-se da mão forte e calejada que lhe segurava o braço.

- Quem é você? - perguntou.

Ela não respondeu de imediato, observando-a intensamente, percebendo que Camila passava os dedos pelo braço, onde a mão dela a segurara. Os lábios dela se apertaram, mas, quando os olhares se encontraram, falou num tom frio, embora educado.

- Lauren Jauregui.

- O que esta fazendo aqui?

- Trabalhando.

Já era suficientemente ruim perceber como seu corpo ardia, como a garganta estava, seca, o coração disparado. Mas o pior era que ela parecia completamente indiferente. Camila ergueu o queixo.

- Desde quanto?

- Desde ontem, quando fui contratada. E se não se importa... - ela apoiou o peso numa das penas, de um jeito que Camila achou tão arrogante quanto atraente - quem é você para fazer tantas perguntas?

- Camila Cabello - respondeu, erguendo a cabeça - meu avô é dono do rancho.

Ela não pareceu ficar impressionada com a informação, e apavorada com as sensações novas que a dominavam, Camila disparou:

- E se quer manter seu emprego, sugiro que, de agora em diante, preste atenção por onde anda.

Ajeitando lentamente o saco de cereais no ombro ela responde:

- Vou me lembrar disso - e afastou-se, sem olhar para trás.

Camila observou-a até vê-la desaparecer. Em qualquer outra ocasião, teria ficado envergonhada por ter agido de modo tão rude, mas não naquele dia. Não com ela. Em vez disso disse a si mesma que Lauren Jauregui era arrogante e que não valia a pena perder tempo com ela.

Ainda assim, desde aquele dia, toda vez que a encontrava, sentia uma forte atração e uma estranha excitação, que não conseguia explicar. Isso a envergonhava e a deixava insegura. Era algo novo, com que não sabia como lidar. Além disso, tinha medo que Lauren descobrisse seus sentimentos. Não era de admirar que tivesse preferido agir com arrogância para evitar que percebesse como a deixava vulnerável.

E já que não pretendia confessar-lhe a verdade, depois de todos aqueles anos, não podia esperar que a recebesse de braços abertos. Teria que agir do melhor modo possível. E lembrar que ela era sua última esperança. Não importava o que sentia. Não podia desistir agora.

Continua...

Louco amor (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora