Capítulo 17

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  Lauren acordou com um sobressalto.

  Momentaneamente desorientada, permaneceu imóvel, no escuro, com os olhos muito abertos, tentando entender. Logo percebeu que estava em sua casa, em seu quarto, entre os lençóis de sua própria cama. E que o corpo feminino e macio aconchegado contra o seu era de Camila.

  Uma olhada no relógio de cabeceira indicou-lhe que passava de meia-noite. Piscando, percebeu que dormira mais de quatro horas. Isso aconteceu porque depois de fazerem amor novamente haviam se amado devagar, deixando a tensão crescer, sem pressa, explorando uma a outra numa lenta e exótica tortura, retardando o prazer, na experiência mais intima que já tivera com uma mulher.

  Lauren respirou fundo. Fazia muito tempo que aprendera a viver com a desilusão. Quando criança, durante muito tempo, esperara que a mãe um dia se arrependesse e voltasse para buscá-la, mas isso nunca acontecera.

  Mas agora... Era difícil afastar o pensamento de Camila. Por tantos anos, ela fora apenas um sonho...

  Mesmo estando ali, a seu lado, a delicada mão entre as suas, os cabelos morenos espalhados em seu peito, ela imaginava se não seria apenas um truque de sua imaginação, como explicara a professora de psicologia do colegial.

  Ela mostrara várias figuras, perguntando o significado, e, embora Lauren sempre visse um cálice, a professora insistira em dizer que eram duas pessoas, frente a frente. E que a imaginação podia enganar uma pessoa.

  Agora, Lauren não sabia se sua imaginação lhe pregava uma peça ou se havia algo mais complexo. Como, por exemplo, uma garota que fingia antipatia para mascarar uma atração. Ou uma garota orgulhosa demais para enxergar além da superfície.

  Mas isso era passado, e precisava decidir o que fazer agora.

  A resposta deveria ser fácil, já que nunca devia ter deixado isso acontecer. Mas, já que acontecera, o melhor era terminar tudo agora, antes que ficasse mais complicado. Mesmo porque não pretendia ter nenhum compromisso e decidira, havia muito tempo, que nunca seria uma boa esposa. E uma mulher como Camila, linda, inteligente, culta, não aceitaria menos do que uma relação estável e completa.

  A boca de Lauren contorceu-se ao se dar conta, de repente, de como queria proteger Camila. Naquela noite, percebera que ela era mais vulnerável e muito menos experiente do que imaginara. Também sabia que fora a primeira pessoa a lhe dar prazer. Essa constatação trazia um sentimento de satisfação, misturado a um senso de dever.

  Que, na verdade, não tinha razão de ser. Camila não fizera nenhuma declaração de amor. Mal haviam conversado. Ela podia acordar a qualquer momento, dizer que tinha se arrependido e que tudo não passara de um grande erro.

  O que, provavelmente, seria melhor para ambas. Por que, então, ela detestava a ideia?

  Não sabia, mas achava que podia se desculpar por sentir-se atordoada. Afinal, fazia muito tempo que não tinha uma mulher. E jamais experimentara tanto prazer quanto sentira com Camila. Tinha se envolvida de tal maneira que, pela primeira vez na vida, não se preocupara em evitar uma possível gravidez. E agora tinha mais motivos para preocupar-se.

  Só que não sentia o menor remorso. Como uma mulher das cavernas, primitiva e selvagem, sentia uma satisfação irracional, ao imaginar que Camila poderia estar carregando um filho dela.

  E, de repente, a ideia a apavorou. Assim como o fato de que apenas uma noite ao lado dela podia transtorná-la daquele jeito.

  Mas o que mais a surpreendia era que, apesar de terem passado horas juntas, ainda a desejava. Talvez, mais do que antes.

Louco amor (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora