Capítulo 23

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Camila segurou no degrau da escada, equilibrando sob o braço o frasco de limpa-vidros, enquanto esfresgava com um pano a sujeira que passarinho deixara do lado de fora do vidro enorme da janela da sala.

Em geral, não gostava de limpar vidros, mas, naquele dia, logo depois do almoço, já tinha terminado todo o serviço da casa, e deixara o jantar quase pronto. Inquieta, sabia que precisava se mexer, e ali fora, em cima da escada, sentindo o ar fresco, começou a relaxar.

Só que logo recomeçou a pensar em Lauren. Sem querer, lembrou de todas as músicas e poemas que conhecia, e que falavam sobre estar apaixonado.

No caso dela, ficava cada vez mais difícil manter o que dissera na primeira vez que tinham feito amor. Queria dormir com ela todas as noites, acordar de manhã, sentindo-a a seu lado, mostrar, diante de todos, que ela era sua. Acima de tudo, queria confessar que a amava.

Mas tinha medo da reação. Lauren dissera que não queria compromisso, nem faria promessas. Tudo que Camila podia fazer era dar tempo ao tempo, sem pressionar, esperando que um dia mudasse de ideia. E que percebesse que ela a queria, por ela mesma, e não pelo que poderia lhe dar, pensou, um tanto aborrecida, vendo o carro novo parado no pátio.

Um vento mais forte sacudiu a escada, e Camila quase perdeu o equilíbrio. Franzindo a testa, decidiu terminar depressa, antes que o vento piorasse.

- O que pensa que está fazendo?

O som inesperado da voz de Lauren quase a fez cair. Agarrando-se ao degrau, viu-a parada perto da escada, com as mãos nos quadris.

- Você me assustou - disse, sentindo o coração acelerado, mas feliz em vê-la.

- Desça daí. Agora.

O sorriso dela desapareceu ao ver a expressão no rosto de Lauren. Era evidente que esperava ser obedecida, e Camila não gostava que lhe dessem ordens.

- Olá, Lauren, é bom vê-la - disse, forçando-se a manter a calma. - Vou descer em um minuto. Já estou quase acabando.

A próxima coisa que ela viu foi a escada tremer, e um braço forte como aço pegá-la pela cintura. Lauren carregava-a para baixo, como se não pesasse mais do que uma pena.

Assim que seus pés tocaram o chão, soltou-se e enfretou-a.

- O que pensa que está fazendo?

Ela a olhou muito séria, enquanto pegava o chapéu que deixara no chão.

- Tirando você da escada, antes que quebre o pescoço.

- Sou perfeitamente capaz de descer sozinha. Quando quiser. E ainda não tinha acabado.

- Não pago você para fazer esse tipo de trabalho.

Camila mal podia acreditar no que acabara de ouvir, e não conteve a irritação.

- O que quer dizer com isso?

- Que podia ter caído da maldita janela!

Só então ela percebeu a ansiedade por trás da raiva. Surpresa, percebeu que ela a deixara apavorada. De repente percebeu algo estranho.

- Você não tinha uma reunião em Missoula?

- Cancelei.

- Por quê?

- Porque sim - respondeu Lauren, dando de ombros.

- Por quê? - ela insistiu.

- Porque - a voz dela tinha um tom estranho, meio defensivo -, a frente da qual falaram a semana toda parece estar chegando, e não quero deixar você e Lis sozinhas, está bem?

Louco amor (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora