Capítulo 26

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Camila fechou a porta do carro e caminhou até a casa. Embora a temperatura continuasse baixa, a neve do fim de semana derretera quase totalmente, graças aos três dias de sol. A exceção era o boneco de neve de Lissy, que continuava a enfeitar o jardim, com sua presença divertida.

Evitando pisar nas poças de neve derretida, Camila subiu os degraus da varanda. Segurando a bolsa, uma sacola de compras e a correspondência, abriu a porta. Caminhando até a cozinha, largou tudo sobre a mesa e tirou o casaco. Depois de desempacotar as compras, colocou no forno o frango que temperara antes de sair e acendeu a lareira.

Por fim, aproximou-se do balcão da cozinha, colocando a correspondência de Lauren perto do telefone e olhando com relutância o envelope grande que pegara no escritório de Gus, naquela manhã. O remetente era Morris Chapman, e o selo era do Novo México.

Camila suspirou. Os últimos dias tinham sido mágicos. Não apenas o bom humor de Lauren continuava, como também o relacionamento com Lissy era cada vez melhor. E embora tudo parecesse conspirar para que Lauren e ela nunca ficassem sozinhas, não se importava.

Por que aquele envelope tinha que chegar? Será que a realidade ia interferir, mais uma vez, no momento de sonho que viviam?

Pegando o envelope, foi até a mesa da sala e sentou-se. Respirando fundo, abriu-o e tirou vários folhas de papel.

Tirando o clipe que os prendia, viu que o primeiro era uma carta. Havia outros papéis, entre eles, um folheto de uma companhia de mineração. E também um retângulo, de papel verde-claro. Surpresa, olhou-o sem acreditar. Era um cheque da mina Two Pennies. Era endereçado a ela, e o valor era sessenta e cinco mil dólares.

Por um momento, nem conseguiu respirar. Finalmente, pegou a carta, que era curta e direta, e leu.

De acordo com o sr. Chapman, o avô tinha investido na mina de prata, de sua propriedade, sete anos atrás. Depois de quase uma década sem resultados, mina começara a produzir nove meses antes, quando um enorme veio de prata fora descoberto. O cheque era o primeiro resultado dos investimentos de Max. O sr. Chapman dizia que outros continuariam chegando.

Imóvel, Camila tentava entender. Depois de toda a preocupação, imaginando que devia dinheiro ao sr. Chapman, a notícia era exatamente o oposto. Recebera um bom dinheiro, com a promessa de que receberia mais.

Sacudindo a cabeça, imaginou o que teria acontecido se o dinheiro tivesse chegado alguns meses atrás.

Nunca procuraria Lauren, pedindo emprego. Deixaria Lander para sempre, e jamais saberia que poderia amá-la, e a Lissy.

Só de pensar nisso, estremeceu.

E agora?, perguntou a si mesma.

Não fazia diferença. Estava ali, onde queria estar, com as pessoas que mais amava no mundo. A única diferença era que agora tinha um pouco mais de segurança. E, sem conter um sorriso, pensou que poderia se dar ao luxo de gastar no que tivesse vontade. No Natal, poderia comprar a casa mobiliada da Barbie, que Lissy vira no catálogo da Sears, e também a sela de couro trabalhado que vira em Missoula, para dar de presente a Lauren.

Ao pensar nisso, sorriu.

Ao ouvir a porta dos fundos abrindo e fechando, ergueu a cabeça, percebendo os passos familiares de Lauren. Sem pensar, recolheu os papéis e o cheque, recolocando-os no envelope. Queria contar-lhe a boa notícia mais tarde, quando ela mesma revesse superada a surpresa.

Havia algo mais importante, que queria dizer a ela primeiro, se conseguisse achar a hora certa.

- Olá - cumprimentou Lauren ao entrar.

Louco amor (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora