Capítulo 42: Batimentos acelerados.

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No dia seguinte...

07:30 AM...

    Acordei antes do Will e tomei um banho rápido. O dia estava mais frio que a noite anterior. Aumentei o aquecedor do quarto e peguei o celular do Simon para terminar de ler a última "carta". Will acordou e me olhou.

"Bom dia! Como você está?" Ele perguntou com voz sonolenta. Lutando para levantar.

"Estou melhor. Daqui um tempo iremos para o hospital. Você vai se arrumar?" Perguntei de maneira calma.

"Vou tomar banho. - Ele olhou para a janela. - Vestir uma roupa quente. Nunca imaginei que aqui estaria tão frio." Ele sorriu olhando para a chuva.

"É inverno!" Sorri. Will pegou sua toalha e foi para o banheiro. Desbloqueei o celular e fui até as notas, então respirei fundo e cliquei na última "carta".

Hanna...

  O Will é um babaca! Mas um babaca que te ama. Talvez ele esteja certo sobre eu atrapalhar sua vida. Também sinto que estou te atrapalhando e dando gastos para sua tia. Mas jamais, forjei algum problema para ter sua atenção. Não sou esse tipo de cara.
Te ouvir contando a ele, que não quero me tratar... foi decepcionante. Eu entendo que ele é seu namorado e que vocês compartilham assuntos e segredos, mas esse... era o nosso segredo, Hanna. Você contou coisas que pedi pra não contar. Não queria que ele soubesse que tentei acabar com a minha própria vida. Agora ele tem motivos suficientes para me achar um covarde imbecil. Mas tudo bem, nem sempre as pessoas conseguem guardar tanta coisa dentro de si. Will é um babaca! Você não tem culpa do namorado que arranjou. Acho que é isso, nós não soubemos escolher as pessoas certas.
Ouvi toda a briga de vocês e cheguei a conclusão que não vou mais esperar. Ele está certo!
Meus pais são covardes e não querem saber de mais nada, além das suas vidinhas medíocres e nojentas. Cada um em uma casa, com suas novas paixões e vontades. Patético! Não tenho casa.
Não quero ficar desgastando você e nem dando gastos a sua tia, vocês já fizeram muito por mim.
Fique tranquila, estou bem e decidido. Não vou fazer algo lento, vou fazer algo rápido.
Você vai ficar bem, acredite!
Por favor, fique com meu celular e minhas coisas, se quiser. O restante, queime. Não quero que nada fique com meus pais, eles não merecem ter a lembrança de quem eu fui um dia.
Te amo, Hanna. Obrigado por tudo! Me perdoe.

Simon.

Um aperto absurdo percorreu meu estômago e se alojou no meu peito, me fazendo prender a respiração sem perceber.

"Porra, Simon!" Esbravejei quase sem voz. Bloqueei o telefone sem assimilar tudo o que li e fui até o guarda-roupas. Vesti uma calça jeans, blusa azul e sobretudo preto; nos pés coloquei minhas botas de inverno e na cabeça uma touca de tricô na mesma cor. Desci até à cozinha e enchi de café o fundo de uma caneca. Virei tudo de uma vez, sem me importar com o ataque cardíaco que eu poderia ter.

"Bom dia, minha querida. - Minha tia surgiu na cozinha e depositou um beijo na minha cabeça. - Como você está?" Ela perguntou enquanto buscava algo na geladeira. Pensei antes de responder.

"Estou melhor - respirei fundo. - Tia... eu to com o celular do Simon. Ele deixou três notas, mais parecidas com cartas, pra mim. Me contanto tudo que estava sentido e o porquê de suas decisões. Ele tentou se matar duas vezes, tia. Duas vezes!" Sacudi a cabeça concordando com a minha própria mente e olhei pra ela.

"Hanna, não vamos mais pensar nisso. O Simon vai se recuperar e vamos ajudá-lo com o tratamento ideal." Ela se aproximou de mim.

"Tenho medo, tia. Se ele fizer isso de novo, dessa vez pode não ter volta. Ele está frágil." Meus olhos se encheram de lágrimas. Minha tia me abraçou forte.

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