26 de Setembro...
East Dr: local do acidente.
Desci do carro correndo, em direção à multidão. Me apertei entre as pessoas que não davam espaço pra eu passar.
"Saem! Me deixem passar!" Gritei desesperada empurrando quem quer que fosse. Até que avistei a coisa mais horrível que meus olhos já viram. O garoto no asfalto molhado e gelado, era mesmo Simon. Seu rosto estava bem machucado e o sangue continuava escorrendo, como se a pancada tivesse acabado de acontecer. Seus braços estavam cortados ou ralados, não consegui distinguir. Sua calça jeans ganhou um rasgo de coloração avermelhada de sangue, na altura da coxa. Simons estava com os olhos abertos e vidrados para cima. Tentei correr até ele, mas fui impedida por um homem.
"Onde pensa que vai, garota? Eu não posso te deixar chegar perto dele. Não até a polícia chegar." A voz do homem soava assustada.
"Me solta! Eu sou a Hanna! O cara que atropelou ele, me ligou." Tentei explicar me debatendo. Até que ele me soltou.
"Hanna! Eu sou o Tobby. Minha nossa, graças a Deus você chegou. Eu juro, juro que não atropelei ele. Eu pensei que você fosse outra pessoa." Ele tentava me explicar. Me agachei até Simon e toquei seu rosto ensanguentado.
"Simon! Simon, olha pra mim. Eu estou aqui. - Falei chorando. - Escuta, sou eu, Hanna! Hanna Banana." Olhei para seus olhos que não olhavam para os meus. Uma onda de desespero ainda maior, tomou conta de mim. Virei sua cabeça na direção da minha, sem me importar com as regras de recomendações de acidentes. Aquela que ensina a não tocar na pessoa antes que o socorro chegue.
"Hanna! Espera, não mexe muito nele." Ouvi a voz do Will. Ele se ajoelhou do outro lado e me olhou.
"Ele tem que responder, Will! Ele tem que responder." Gritei sufocada.
"Eu acho que ele... Hanna! Eu... eu sinto muito." Will abaixou a cabeça e chorou silenciosamente.
"Não! Cala a boca! Você não pode dizer isso! Ele não tá morto! Ele não pode ir e me deixar aqui. - Olhei para o Simon e alisei seu rosto. Seus olhos ainda estavam abertos e olhando para algo além de mim. - Por favor, Simon. Eu te imploro. Não me deixa! Eu sei que você pode não conseguir falar ou mexer... mas me dá algum sinal. - Esperei e nada. - Por favor, Deus! Por favor, me ajuda! Ajuda ele! Não deixa ele ir. Eu imploro!" Gritei desesperada e abracei seu rosto. Então tive a ideia de checar seu pulso. Coloquei meu ouvido esquerdo em seu peito e tentei ouvir seu coração.
Até que senti, leves batidas, como gota saindo de uma torneira."Ele morreu, moça?" Uma voz distante perguntou.
"Ele tá vivo! O Simon tá vivo! - berrei chorando de maneira desesperada. - Chama a porra de uma ambulância!" Olhei para os lados procurando o tal Tobby.
"Eu já chamei. Eles estão chegando." Ele respondeu. Permaneci olhando para os olhos do Simon.
"Me escuta! Eles estão chegando. Os paramédicos estão chegando e vão te ajudar. Eles vão cuidar de você e você vai ficar bem. Eu prometo! Tá me ouvindo? Eu sei que tá! - sorri em meio às lágrimas e finalmente vi Simon piscar. - Ah, minha nossa! Isso! Continue assim. Aqui, comigo. Está bem? Eu amo você e não vou te deixar sozinho. Eu... eu to aqui, Simon! Eu amo muito você!" Repeti segurando com cuidado sua cabeça. Simon abriu a boca, tentando emitir algo.
"Tá... doendo. Muito. Hanna." Ele falou com muita dificuldade. Sacudi a cabeça.
"Eu sei! Eu sei que tá doendo, Simon. Mas aguenta firme, eles estão chegando. Você vai ficar bem!" Pedi sentindo a lágrima dele escorrer e molhar minha mão.
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Como sobreviver ao mundo
RomanceHanna Cooper é uma garota de 17 anos. Indo para o último ano da escola, Hanna imagina que viverá os melhores momentos... Daqueles de guardar na mente. Mas, não é bem assim que as coisas acontecem. Mudanças bruscas ocorrem, transformando sua pesso...