Capítulo 22: Decisões nada fáceis.

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Ainda na ligação...

   Ouvir aquela voz que me parecia familiar e ao mesmo tempo distante, acabou me deixando assustada. Confesso que por alguns segundos fiquei sem reação. Sem ter ideia do que dizer,  resolvi arriscar.

"Ashley? É você?" Rebati com mais perguntas.

"Sim filha. Sou eu, sua mãe! - Ouvi uma risada de felicidade - Que saudade eu estava de ouvir sua voz." Por fim descobri. Era minha mãe no telefone.

"Por que tá me ligando? Esse não é seu número." Falei saindo do transe repentino.

"Eu mudei de número tem alguns dias. Mas você já deve imaginar o motivo da minha ligação não é? Sua tia já deve ter dado o recado." Ela disse e começou a chorar. Percebi pela sua voz, que mudou de repente.

"Sim, minha tia já me contou da morte do Adam." Respondi de uma maneira seca. Will me olhava com cara de quem não fazia ideia do que estava acontecendo.

"Hanna, você não faz ideia do quanto estou triste. Deus! Eu amava aquele homem." Ela desabafou. Aquilo soava estranho, afinal tinha anos que minha mãe não me ligava. Embora eles fossem distantes, minha mãe de vez em quando me mandava mensagens e cartões em datas especiais. Como aniversário e natal. Meu pai só aparecia quando tinha alguma obrigação pra cumprir. Próxima deles, eu não era. Mas dela eu tinha mais notícias.

"Você já sabe o que aconteceu?" Perguntei tentando manter a voz firme.

"Um assalto. Ele estava saindo..." Interrompi bruscamente a fala de Ashley.

"Ah fala sério! Você sabe que não foi isso que aconteceu. Você sabe muito bem que alguém matou o Adam, com motivos!" Falei já começando a ficar irritada. Will arregalou os olhos.

"Hanna, foi um assalto. Foi isso que aconteceu!" Percebi ela alterar o tom de voz.

"Tanto faz!" Tentei ser indiferente.

"Filha, você deve estar chateada com tudo isso e entendo sua reação. Escuta, eu estou indo para a Alemanha para organizar a papelada fúnebre." Ela deu uma pausa como se estivesse conferindo se eu ainda estava ali.

"Não vou desejar boa viajem. Vai soar irônico." Dei o sinal que eu ainda estava ali. Will se levantou e avisou silenciosamente que iria se afastar até eu terminar. Concordei com a cabeça e ele se afastou.

"Seu pai gostaria de ser sepultado em Nova Iorque. Afinal foi lá que ele nasceu e viveu até ficar adulto. Então vou te enviar o dinheiro da passagem e você vai pra lá. Vou ligar na sua escola e organizar sua vinda." Ela voltou a falar com a voz chorosa.

"Eu não vou!" Falei com espanto.

"Como? Filha, você precisa vir. É o enterro do seu pai Hanna." Dessa vez foi minha mãe que ficou espantada.

"Escuta Ashley. Fazia meses que você se quer falava comigo. O Adam só apareceu aqui semanas atrás, pra me avisar que eu iria embora com ele para o Canadá. Vocês pensam que sou um fantoche? Que vou ir onde e quando vocês quiserem?" Alterei meu tom de voz.

"Hanna! Não estou te convidando a vir me visitar ou para uma festa. É o enterro do seu pai! Quantas vezes vou ter que repetir a infeliz verdade?" Ela chorou copiosamente.

"Um pai que nunca ligou pra mim! Ele não se importava comigo e você sabe Ashley! Caramba eu nem chamo vocês de pais. Tem noção do quanto somos distantes?" Comecei a chorar, mesmo tentando não fazer isso.

"Eu sei filha e queria que tivesse sido diferente." Ela respondeu.

"Queria? Você não fez questão disso. Mas já não importa mais. Não preciso de vocês. Não contem comigo para nada." Falei e desliguei o telefone antes que ela pudesse responder alguma coisa.
Deixei o celular de lado e chorei ainda mais. Will se aproximou de mim novamente e se sentou ao meu lado.

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