Música do capítulo: The Scientist - Coldplay.
Sábado, 3:42 AM...
Fui acordada com o barulho do meu celular tocando. Me esforcei para focar meus olhos na tela brilhante e li o nome de Simón da ligação.
Meu coração foi na boca e me despertei de vez."Simón? Tá tudo bem?" Perguntei meia assustada. Já que estava de madrugada.
"Eu preciso de você! Agora! Estou no quarteirão da minha casa. Pode vir?" A voz de Simón parecia aflita. Me levantei rapidamente e fui em direção ao meu armário, para me vestir.
"Claro! Estou indo. Fique calmo ok?" Não esperei ele responder. Desliguei o celular e me vesti rapidamente. Calça de moletom, um blusão de frio e tênis. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e olhei para a cama. Will dormia como um anjo. Saí do quarto tomando cuidado para não fazer barulho e desci as escadas lentamente. Abri a porta de saída e corri em direção à casa do Simón. Ontem, depois que fui até ele e não o encontrei, voltei para casa confusa. Will tentou me acalmar e disse que não seria nada demais. Passamos à tarde assistindo filmes e comendo pipoca.
Corri como uma atleta, nem sei como, mas corri. Até chegar no quarteirão da casa do Simón, que inclusive nem era tão longe da minha. Avistei Simón sentado no meio da rua, literalmente. Desacelerei meus passos e fui chegando perto dele, tentando ao mesmo tempo tomar fôlego.
Simón me olhou. Seus olhos estavam vermelhos e molhados."Hanna! Sei lá, me leva pra qualquer outro lugar." Simón se levantou e me abraçou forte. Por um instante fiquei sem reação, mas aos poucos fechei meus braços em volta dele e apertei seu corpo contra o meu.
"Ei, calma! Me conte o que aconteceu?" Segurei seu rosto e tentei firmar as vistas. A rua estava escura e silenciosa.
"Eu quero sumir Hanna! Eu quero deixar de existir." Simón caiu num choro profundo e afundou seu rosto no meu pescoço. Eu não estava entendendo nada. O que tinha acontecido? Por que Simón estava assim?
"Ok! Vamos sair daqui. Vamos para... para o parque! Fica só a dois minutos daqui." Forcei um sorriso e fiz um leve carinho em sua cabeça. Ele concordou em silêncio e fomos andando em direção ao parque. Nos sentamos em um banco de metal, no meio do parque escuro e assustador. Sim, o parque ficava assustador à noite. O vento gelado fazia os galhos das árvores se balançarem e meu estômago se contrair. Simón estava de cabeça baixa, em silêncio. Peguei em sua mão e ele me olhou.
"Hanna, eu preciso te contar muita coisa." Ele secou as lágrimas com uma das mãos.
"Conte tudo Simón. Estou aqui para te ouvir." Sorri.
"Eu não te tratei mal aquele dia, por querer. Eu estava bravo aquele dia. Mas não era com você Hanna. Eu juro! Eu... eu estou destruído!" Ele desviou o olhar e focou em qualquer outro lugar da escuridão.
"Mas por quê? Me conta o que está acontecendo com você Simón." Quase implorei, já preocupada.
"Minha mãe. Na verdade, meus pais. Minha mãe conheceu um cara no trabalho e decidiu bancar a vadia. Então meu pai descobriu e o inferno começou." Ele explicou. Senti ódio em sua fala.
"Cassete! Mas como?" Perguntei sem acreditar. A mãe de Simón sempre pareceu certa demais. Nunca imaginei que ela seria capaz de trair sua família.
"Eu não sei! Na verdade nem sei se o filho da puta é o do trabalho dela. Ela disse que é. Mas acho que ela conheceu ele em um bar. Todas as sextas, depois do expediente, elas e as amigas vão para um bar perto do trabalho. Happy Hour de merda." Ele cerrou os punhos.
"Se acalme!" Fui aleatória e segurei seu rosto. Simón ainda estava com a sobrancelha cortada, claro.
"O desgraçado tem quase a nossa idade Hanna!" Ele respirou pesadamente.
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Como sobreviver ao mundo
RomanceHanna Cooper é uma garota de 17 anos. Indo para o último ano da escola, Hanna imagina que viverá os melhores momentos... Daqueles de guardar na mente. Mas, não é bem assim que as coisas acontecem. Mudanças bruscas ocorrem, transformando sua pesso...