Como sobreviver ao mundo

Capítulo 48: Vindas e idas.

02 de Junho - 01:30 PM.

"Will, anda logo! Não quero deixar o Simon esperando no aeroporto." Beck bateu na porta do banheiro, impaciente.

"Espera! Já estou saindo." Will berrou do outro lado.

"Ela tem razão, amor. Ele desembarca daqui meia hora." Ressaltei. Simon embarcou ao meio dia, no horário de Nova York, então chegaria aqui às duas da tarde. Sempre que tínhamos que embarcar, ficávamos confusos com o fuso horário. Finalmente isso estava acabando.

"Pronto, já estou pronto." Will saiu do banheiro e vestiu uma das suas camisetas que foi deixada no armário.

     Desde que pegamos as chaves da casa nova, estávamos numa rotina entre focar nos últimos dias de aula e organizar a mudança definitiva. A escola deixava os alunos do último ano permanecerem nas instalações, até o dia vinte de Junho. A verdade era que ninguém do último ano permanecia até esse prazo, todos queriam ir embora o quanto antes. Tínhamos feito uma pequena mudança rápida para a nova casa, na semana seguinte em que recebemos as chaves. Levamos praticamente todas as nossas coisas, para não ficarmos presos no último dia. Beck e eu relembramos o dia em que havíamos divido o quarto e decorado os lados e as paredes. Foi meio estranho desfazer toda a decoração do quarto, mas foi libertador reorganizar tudo na casa nova. Aos poucos, íamos transformando o lugar em nosso lar. Eu tinha planos de comprar mais algumas coisas, em breve!
Fomos para o aeroporto e chegamos bem na hora, quase perdemos o momento do desembarque. Em junho, a Califórnia dobra a quantidade de turistas e carros, com isso o trânsito vira uma grande tartaruga caótica. Foi bem isso que enfrentamos para chegar no aeroporto, trânsito lento e enlouquecedor. Will insistiu para alugarmos um carro, mas lembramos que ninguém tinha carteira de motorista para tal feito. O jeito foi pedir um carro de aplicativo. No final, deu tudo certo. Estávamos de frente para o portão de desembarque, levantando uma faixa com Seja bem vindo, Simon!, escrito.
Eu estava derretendo e com os braços dando cãibra, porém também estava feliz em saber que meu amigo cruzaria o portão de desembarque definitivamente, em poucos segundos. E foi bem isso que aconteceu, em fração de segundos, Simon surgiu confuso, tentando assimilar tudo a sua volta. Sacudimos a faixa como três idiotas, mas ele permaneceu confuso, procurando um rosto conhecido.

"Ei, meu otario favorito! Estamos aqui!" gritei, feliz. Os olhos de Simon vieram de encontro com a minha voz e finalmente ele me viu, abrindo um sorriso logo em seguida.

"Hanna bananaaa!" Simon gritou e saiu correndo, tentando puxar duas malas e uma mochila nas costas. Percebendo que não iria tão longe com suas bagagens, soltou as malas e correu ao meu encontro.

"Finalmente, pensei que você não ia me ver." Falei, rindo.

"Que saudades eu estava!" ele me abraçou e cheirou meu cabelo. Retribui o abraço na mesma intensidade.

"Eu também estava morrendo de saudades, é tão bom te ver de novo!" falei, ainda abraçando ele. Foi então que percebi, que por alguns segundos, havíamos esquecido o restante do mundo.

"Seja bem vindo, Simon!" Beck cumprimentou ele, abaixando a faixa que ainda estava segurando. Foi então que nos soltamos.

"Ei, aí está você! Obrigado por vir." Ele se virou para ela e a abraçou. Will sorriu para mim, percebendo que foi o único que ainda segurava o restante da faixa. Fui até ele e dei um breve selinho nos seus lábios.

"Pode soltar a faixa, meu amor. Esse panaca já nos achou." Gargalhei e Simon finalmente percebeu.

"Vocês fizeram um cartaz de boas vindas. Que demais!" ele tentou fingir surpresa, mas não deu certo.