Epílogo

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Um ano depois...

        É incrível como a Califórnia fica melhor com o passar dos meses. Setembro está sendo incrível, é outono por aqui. Nossa casa está organizada e sempre cheirando a bolo. A Beck aprendeu algumas coisas de confeitaria, num canal do YouTube. Desde então, ela não para de testar receitas. Simon não fica atrás, ele está sempre apoiando e servindo de auxiliar. Will também está praticando algumas atividades domésticas, no jardim; ele cuida da árvore que plantamos juntos e de todas as outras plantinhas. Sorte a minha ter esse jardineiro só pra mim.
         Desde o dia em que nos formamos no ensino médio, começamos a organizar nossos próximos passos. Depois das férias, começamos o curso de qualificação preparatória para a graduação. A duração é de dois anos, falta pouco, parece até que começamos ontem. Não podíamos esperar as coisas acontecerem como mágica. Ter uma casa e responsabilidades, são coisas para adultos. Afinal, é o que somos agora. Eu, Will e Simon tiramos nossa carta de habilitação, Beck não quis. Ainda não tínhamos um carro, mas isso estava nos próximos planos, estávamos juntando grana para isso.
Mesmo tendo uma mãe rica, eu não queria depender do dinheiro dela para tudo. Eu precisava correr atrás do meu, como sempre fiz. A grana da casa foi uma exceção de herança, que o Adam deixou. Ainda me pergunto como Ashley não sofreu as consequências da ação dele, por ser sua esposa. Me pergunto como ninguém veio atrás de nós, depois do tal roubo que ele disse ter feito. Mas, são coisas do passado, e tudo que eu não quero é voltar nele.
         Simon e Will começaram a frequentar a terapia semanalmente, isso estava ajudando muito. Simon nunca mais teve outra crise como aquela e Will estava começando a aceitar seu passado, sem receios, medos ou ciúmes. Beck estava feliz e detalhe... namorando. Sim, Simon pediu Beck em namoro, num jantar que organizamos em casa. Foi lindo e bem emocionante, ele pediu ajuda para preparar a surpresa. Tive que levá-la para o shopping, enquanto ele e Will preparavam tudo.
Bom, e eu... eu estou bem, como nunca estive. Estou mesmo amando minha nova vida na Califórnia. Estou feliz e muito grata ao Will, por estar me apoiando em todas as decisões que tomo. Nunca estivemos tão bem.
         Como esperado, tivemos que arranjar trabalho. Não dá pra sobreviver de luz solar e vento fresco. Por conta do curso de qualificação, arranjamos emprego perto da faculdade. Will estava usando os aprendizados como surfista, para dar aula aos turistas; ele conseguia tirar uma boa grana com as aulas. Beck conseguiu emprego numa loja de roupas, bem pertinho de Westwood, ela estava amando. Já Simon e eu, tivemos a sorte imensa de conseguir duas vagas no mesmo lugar. Estávamos trabalhando como atendentes do Starbucks, em Santa Mônica. Confesso que trabalhar preparando cafés e sentindo o cheiro de diversos doces, era a coisa mais satisfatória para mim. O salário não era tão bom assim, mas eu estava amando trabalhar lá. Sempre tínhamos desconto nos produtos e no final do expediente, Simon sempre preparava algo para levarmos para casa. As economias, de nós quatro, estava sendo dívida para os gastos com alimentação, passagem para ir e voltar da faculdade, uber nos momentos específicos e a caixinha do carro. Estávamos confiantes que, no máximo em um ano, conseguiríamos comprar nosso carro.
        Nunca pensei que dividir a vida com um namorado e dois amigos, fosse ser tão bom. Tínhamos organização, planejamento, confiança e acima de tudo, companheirismo. Não dava para dar errado. Finalmente entendemos o sentido da nossa união.

                                 ***********

Sábado.

      Não trabalhar nos finais de semana é a melhor coisa do mundo. Will fazia seu próprio horário, a loja em que Beck trabalhava fechava ao meio dia, já Simon e eu realmente nos livramos. Claro que ganhávamos menos por isso, mas valia a pena.
       Will havia me convidado para jantar num restaurante mexicano, no Pier de Santa Mônica. A real, é que todos nós fomos. Desde que nossa rotina havia mudado, não saíamos mais com tanta frequência. Eu já estava com saudades.
O restaurante era simplesmente lindo. Nossa mesa ficava ao lado de grandes janelas, com vista para o mar. Podíamos abri-las e sentir o vento da maresia, ou deixá-las fechadas e apenas apreciar a vista. Claro que optamos pela primeira opção. A comida era perfeita e o ambiente muito agradável. De trilha sonora, tínhamos música e o barulho das ondas. Só havia nós quatro e outros poucos casais em outras mesas. O restaurante não estava cheio como deveria e as mesas estavam decoradas com velas aromáticas e rosas. Talvez pelo fato de ser um restaurante mais sofisticado e com atendimento reservado. O que era ótimo. Comemos, conversamos e rimos por quase duas horas. De repente, comecei a reparar nas mudanças ao meu redor. O garçom surgiu, carregando um buquê de rosas vermelhas, na direção da nossa mesa. Todos já olhavam para nós.
       Will se levantou, pegou o buquê e posicionou a mão para que eu também pudesse me levantar.

"Will, o que está acontecendo?" perguntei, sorrindo envergonhada.

"É para você, amor." Ele sorriu, me entregando o buquê.

"Que lindo, Will. Muito obrigada!" sorri, sem entender nada. Cheirei as rosas e olhei para ele.

Will segurou minha outra mão e encarou meus olhos. De repente a música do ambiente mudou e foi aí que percebi que começou a tocar Little Things do One Direction. A mesma música que um dia cantei para o Will, quando ele estava para baixo, ainda na escola. A música de repente percorreu meus ouvidos e atingiu minhas memórias. Olhei para ele, que estava sorrindo para mim, e sorri.

"Sua não se encaixa na minha, como se fosse feita só para mim. Mas lembre-se sempre que era destino..." Will cantarolou o início da música.

"E estou ligando os pontos com as sardinhas do seu rosto, e tudo faz sentido para mim." Completei, com os olhos já cheios de lágrimas.

"Hanna! — Will começou a falar: — desde que te conheci, minha vida mudou completamente. Nunca pude imaginar que a caloura do aeroporto, fosse me transformar nesse cara aqui. Nunca pensei que eu fosse capaz de amar alguém, na proporção que eu te amo. Você é a melhor pessoa que conheço, a pessoa que dá sentido a tudo ao meu redor. Você, só você, é a dona do meu coração. Eu amo acordar e ver seu cabelo bagunçado, seus braços desajeitados por baixo do travesseiro e ouvir sua respiração lenta e baixinha. Eu... eu amo tudo em você, até mesmo a maneira como você me assusta quando se esconde dentro do armário, como uma criança engraçada... ou quando arrota imitando sons estranhos. Estou apaixonado por você e por todas essas coisinhas, sempre estive. É você e sempre será, a mulher da minha vida!" ele ajeitou meu cabelo, sorrindo.

"Will... minha nossa! Eu... eu estou sem palavras! — Sorri em meio ao choro. — Nunca pude imaginar que amaria alguém tanto assim também. Você é tudo para mim! Quando me mudei para cá, estava triste e com medo do que eu iria enfrentar com o passar dos dias. Sozinha, com uma nova rotina e completamente perdida. Até que você surgiu, usando um uniforme horrível, segurando uma prancheta e pronto para carregar minhas malas. Passou o percurso inteiro, tentando me convencer com histórias inexistentes. Sempre usando esse seu jeito... divertido e carinhoso. Will, eu te amo! Amo muito mais do que imaginei que amaria, você sabe." Falei, olhando em seus olhos.

"Eu sei! E é por isso que estou aqui hoje." Will soltou minha mão e tirou uma caixinha vermelha aveludada do bolso. No instante seguinte, ele se ajoelhou.

"Santo Deus! Acho que vou ter um desmaio." Comentei, baixinho. Arrancando uma gargalhada dele e de quem estava perto de nós.

"Hanna Copper, você aceita se casar comigo?" ele olhou para mim, sorrindo.

Will me pediu em casamento! Ele me pediu em casamento! Eu pude jurar que senti o chão sumir e o meu coração estourar. Minhas pernas, por um breve segundo, perdeu quase toda as forças. Era como se eu estivesse voando e sendo preenchida por todos os sentimentos bons que existem. Talvez minha cabeça tenha demorado um pouco para assimilar o pedido. Mas quando me dei conta de que era mesmo real, soltei as lágrimas que estava segurando, abri o sorriso mais sincero que já tive e balancei a cabeça feito uma louca.

"Sim! É o que eu mais quero na vida, Will Carter!" respondi, quase berrando, sem me importar com o restante das pessoas.

Will sorriu ainda mais e se levantou. Entreguei o buquê para a Beck segurar e Will me abraçou, segurando minha cintura e me girando. As pessoas aplaudiram, enquanto Simon e Beck fizeram o mesmo. Então, ele me colocou no chão e abriu a caixinha novamente.

"Eu sou o homem mais feliz do mundo." Will falou baixinho no meu ouvido, colocando o anel maravilhoso no meu dedo.

"Eu te amo, Will! E isso, é para sempre!" respondi, colocando a outra aliança no dedo dele.

           Selamos a troca de alianças com um beijo cheio de amor, ouvindo o restante da música e algumas palmas. Naquele momento, só existia nós dois. E foi ali, no meio do salão daquele restaurante mexicano, com o sol se pondo lá fora... que falei o sim mais sincero e feliz da minha vida. 

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