Capítulo 35: Jogo do desejo.

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03 de Novembro...

Sexta feira. 08:12 AM.

     Há dois dias eu estou estranha. Não consigo assimilar as informações dos últimos dias e não sei até quando fingirei que está tudo bem entre eu e Will. Eu não contei a ele que fui falar com Verônica, e nem vou contar. Não vai adiantar nada. Então por quê eu contaria?
A semana passou voando. Por sorte eu não tive que lidar com mais problemas. As aulas da quarta feira acabaram sendo cancelas de vez, ou melhor, as aulas do restante da semana. Algum engraçadinho jogou algo fedorento na tubulação principal do corredor. A direção da escola finalmente tomou alguma iniciativa, chamou uma equipe pra resolver o problema e dispensou os alunos até segunda feira. E olhe só, como estou achando ruim! Beck decidiu viajar para Palo Alto com seu quase namorado, e alguns amigos. Voltam domingo. Eu estou aqui, sozinha; encarando o teto e pensando em algo pra fazer.
Will está distante o suficiente, pra eu não querer chegar perto. Simplesmente estou cansada de tentar entender tudo aquilo que ele insiste em esconder. Ele fala que já me contou tudo, mas no fundo eu sei que não é verdade. E por mim, tudo bem. Se ele quer esconder, que esconda. Que se foda toda essa situação insuportável!

                        ******************

Sábado. 9:33 AM.

      Não vejo a hora de chegar o dia de Ação de Graças. Convidei minha tia e Simón para vir passar o feriado aqui, na Califórnia. Entre ir para Nova Iorque e correr o risco de encontrar minha mãe... eu prefiro ficar aqui. Mesmo que eu não tenha um lugar para ir. Em Nova Iorque não seria diferente, de qualquer maneira. Não tenho raízes, esse é o preço.
Meus pensamentos são bruscamente interrompidos, pelo barulho de batidas na porta.
Me levanto e vou em direção à ela.

"Quem é?" Pergunto sem ter noção.

"Típica pergunta de filme de terror." Ouço a voz do Will. Suspiro fundo e abro.

"Oh, não me mate! Tenho um futuro brilhante pela frente." Entro na brincadeira, meio cansada.

"Posso entrar?" Ele é direto.

"Pode! To sozinha." Faço careta. Ele entra e eu tranco a porta.

"Eu vi direito ou estou delirando? Você trancou a porta?" Ele sorri.

"Você viu errado. A chave virou sozinha." Respondo e me jogo na minha cama, enquanto ele solta uma gargalhada baixa.

"Eu estava entediado naquele quarto. Parece que somos os únicos que ficam aqui no campus. Parecemos dois velhinhos cansados!" Ele senta na cama da Beck e suspira.

"Velhinha eu não sou, mas estou cansada. Até que uma saída ou algo do tipo, não seria ruim." Pego o controle do ar condicionado e ligo. O quarto estava abafado e só reparei agora.

"Tá com calor ou isso é um recado do tipo... tira essa camiseta, gatinho?!" Ele me olha tentando parecer sexy. Dessa vez, eu solto uma gargalhada.

"Isso é um recado do tipo: to com calor e se você quiser, pode tirar sua camiseta... gatinho." Respondo e ele rapidamente se levanta e tira a camiseta. Aquilo não ia prestar.

"Sabe, eu também estou começando a ficar com calor. Será que seria inconveniente da minha parte, retirar a bermuda? Ela não é das mais frescas." Ele faz uma cara ruim.

"Pode ficar pelado, se quiser. Eu não ligo!" Me levanto e vou ao banheiro. Quando volto, deparo com ele encostado na parede, apenas vestindo uma cueca boxer preta.

"Se você fosse do tipo que usa gravatas, eu te contrataria como meu segurança particular." Digo rindo e tento passar por ele, mas ele segura meu braço delicadamente e me puxa contra seu corpo.

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