Ainda no supermercado...
Não dava pra saber há quanto tempo o Will estava ali e nem até onde ele escutou. Ele continuava me encarando e segurando as quatro garrafas de bebidas com dificuldade.
"Então? Vai fingir que acredita em quem Beck?" Ele perguntou de novo mas sem tirar os olhos de mim. Meu coração acelerou e reparei o quanto eu estava me colocando numa situação ruim. Todas essas mentiras, toda essa confusão. Eu eu estava me afundando e se não decidisse logo o que fazer, iria morrer afogada.
"Nada demais, curioso. Assunto de meninas." Beck forçou um sorriso e pegou as garrafas que ele estava segurando. Will não pareceu convencido.
"Falta mais alguma coisa?" Perguntei e desviei meu olhar para qualquer lugar que não fosse o rosto dele.
"Não que eu me lembre. Já podemos ir." Beck respondeu e seguiu com o carrinho em direção ao caixa. Will foi caminhando ao lado dela e me deixou para trás. Respirei fundo e xinguei mentalmente. Pagamos as compras e saímos para a área externa do mercado.
"Vou chamar um Uber." Comuniquei já destravando a tela do meu celular.
"Não, ainda não. Vamos comer alguma coisa, depois a gente vai." Beck falou olhando pra gente."Sei lá, acho que to afim de ir embora Beck." Will olhou pra ela.
"Ah qual é Will? Combinamos de comer alguma coisa." Beck resmungou como uma criança birrenta.
"Ok, podemos comer alguma coisa do outro lado da rua na lanchonete do posto e pronto." Ele aceitou."Melhor que nada. Vamos." Beck sorriu pra mim. Andamos até o posto de gasolina que dividia o espaço com o mercado e nos sentamos numa mesa redonda na área externa da lanchonete. Will de braços cruzados, eu com os braços sobre a mesa e Beck acendendo um cigarro.
"O que vamos comer?" Perguntei tentando quebrar o clima chato.
"Uma cerveja." Beck respondeu e deu uma longa tragada no cigarro. Rimos juntos.
"Cerveja não é de comer." Will comentou sorrindo. Eu gostava de ver ele sorrindo."Cerveja e alguma porcaria. Hoje estou perigosa." Beck piscou e se levantou em direção a porta da lanchonete. O posto estava completamente vazio, talvez até perigoso. Will permanecia de braços cruzados e calado.
"Você não vai comer nada?" Perguntei e olhei pra ele.
"Não. Estou sem fome." Ele foi seco.
"O que houve com você?" Perguntei ainda calma."Não sei. Talvez você saiba me dizer Hanna." Ele me encarou e a Beck voltou colocando três garrafas de cerveja na mesa.
"Hoje podemos beber a vontade. Temos Uber para nos levar, não temos hora pra voltar e temos histórias para contar." Beck sorriu pra mim e não consegui entender se aquilo era uma provocação. Ela retornou outra vez para dentro da lanchonete."Will, eu não sei o que houve. Você ficou estranho de repente." Falei olhando para ele. Ele não olhava para mim.
"Para Hanna. Eu já sei de tudo e só estava testando você e a Beck. Pra saber até onde ia a consideração de vocês, mas percebi que não existe isso entre nós." Ele finalmente me olhou e me senti idiota por tentar esconder algo tão óbvio.
"Will, eu... Eu não sei como isso..." Fui interrompida por Beck novamente."Amendoim e balas de marshmellow. É tudo que precisamos." Beck se sentou e abriu as cervejas. Will foi o primeiro a dar um grande gole. Eu fui a segunda. Foda-se minha moral e meu bom costume. Hoje não. Beck tragou seu cigarro outra vez e jogou a fumaça longe.
"Não sei se isso é uma boa ideia. Álcool, gasolina, fogo. Pode ser trágico." Falei olhando a fumaça desaparecer aos poucos.
"Qualquer coisa pode ser trágica. Isso só depende das circunstâncias." Will deu outro gole na cerveja e voltou a encarar o horizonte escuro que passava logo a nossa frente.
"Já chega de indiretas Will. Fala logo o que tá com vontade ok?" Estourei e Beck me olhou assustada segurando sua cerveja.
"O que tá acontecendo aqui?" Ela perguntou enquanto Will virava a garrafa de cerveja como se estivesse morrendo de sede.
"Você deve saber, com certeza." Ele encarou a prima e entrou na lanchonete pra pegar outra cerveja.
"Santo Deus o que foi isso?" Beck me olhou assustada.
"Ele escutou toda nossa conversa Beck. Ele já sabe sobre o Sam." Terminei minha cerveja e fiz uma careta sobre o gosto da bebida. Me levantei e fui atrás dele. Abri o freezer e peguei outra cerveja.
"Você garota. Não me apresentou identidade." O cara da lanchonete pegou a cerveja da minha mão. Droga.
"Pode deixar Rick. Ela tá comigo, qualquer coisa me responsabilizo." Beck gritou lá de fora e o cara devolveu minha bebida. Will pegou uma garrafa também e voltou pra mesa rindo sarcasticamente. Abrimos as garrafas e bebemos em silêncio.
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Como sobreviver ao mundo
RomanceHanna Cooper é uma garota de 17 anos. Indo para o último ano da escola, Hanna imagina que viverá os melhores momentos... Daqueles de guardar na mente. Mas, não é bem assim que as coisas acontecem. Mudanças bruscas ocorrem, transformando sua pesso...