Capítulo 05: Tarde demais.

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Acordei com meu celular tocando, sem ter ideia de que horas eram. No telefone, minha tia. Atendi.

"Alô?" Meus olhos ainda estavam fechados.

"Alô? É só isso que vai dizer? Garota você ainda não acordou? São nove da manhã!" Minha tia fazia muitas perguntas ao mesmo tempo. Bufei em silêncio, pelo visto ela não tinha se lembrado da diferença do fuso horário.

"Tia... Sim, eu estava dormindo. Por que tá acordada a essa hora?" Perguntei ainda de olhos fechados. Minha voz saía abafada.

"Porque sempre acordo essa hora! Já você, tudo bem que demora pra sair da cama... Mas poxa Hanna, vá aproveitar seus dias por aí. Agora você tem que se desacostumar com a mordomia de me ter, acordando você!" A voz dela soava tranquila.

"Tia... São seis horas da manhã aqui na Califórnia. Caso não saiba, temos três horas de diferença." Por fim, consegui falar.

"Ai meu Deus, me desculpe. Eu esqueci completamente, pensei que nossos horários fossem iguais." Ela se desculpava com rapidez.

"Não tem problema. Só tenta lembrar da próxima vez." Soltei um riso frouxo e ouvi ela fazendo o mesmo.

"Te ligo mais tarde ok? Vou deixar você voltar a dormir." Ela falou.

"Tudo bem! Agora já estou acordada. Como você está?" Perguntei e me sentei na cama. O quarto estava escuro, totalmente. A persiana da janela realmente era ótima. Liguei meu abajur pra verificar se Verônica estava no quarto. Não estava.

"Ah, to bem. Tenho uma coisa pra te contar, aliás... Te liguei pra isso." Ela falou.

"Pode contar." Eu estava curiosa.

"Ontem quando você embarcou, eu ofereci uma carona para o Simón. Eu estava indo pra casa mesmo... Então ele aceitou. No caminho ele me falou algumas coisas." Ela deu uma pausa. Meu coração já estava acelerando mais que o normal.

"Fala logo tia, deixa de enrolar." Revirei os olhos.

"A gente estava falando de como você fará falta nesse curto tempo. Aí ele soltou, que gosta de você Hanna. De verdade. Ele disse que durante todo esse tempo, não teve coragem de te dizer... E agora está tarde, ele perdeu tempo e você foi pra outra cidade. Vai conhecer gente nova e ele não vai ter a oportunidade de se declarar." Minha tia falava com uma voz melancólica. Aquilo me deixava espantada e encantada ao mesmo tempo.

"Tia, tem certeza que ele falou isso tudo? Olha, não tente fazer isso acontecer sem realmente ter acontecido. Tipo igual lá no aeroporto, entendeu? Eu não quero me machucar e muito menos machucar o Simón. Nossa amizade sempre foi incrível demais." Falei sentindo um calafrio no meu estômago.

"Eu juro! Dessa vez não armei nada... É a mais pura verdade. Hanna, ele chorou enquanto falava. Eu achei tão fofo, ele te ama garota!" A empolgação era notável na voz dela. Soltei um sorriso bobo sobre a situação.

"Santo Deus! Por que isso agora? Acabei de conhecer novas pessoas... Simón deveria ter me dito isso!" Eu estava confusa.

"Novas pessoas? Você acabou de chegar. Escuta... Nem todas as pessoas, conseguem expressar os sentimentos. Algumas sentem medo de receber um não, de passar vergonha. Então escondem isso por muito tempo, perdem tempo. Acredite, se declarar não é tão fácil quanto parece." Minha tia nunca tinha falado daquela maneira.

"Já chega tia. Eu tenho coisas demais pra ocupar minha mente por aqui, resolvo isso depois." Falei com rispidez. Eu não gostava de ter minha tia se intrometendo na minha vida amorosa, isso porque ela sempre fazia o que eu pedia pra ela não fazer.

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