Estava sobre a janela do meu quarto, no segundo andar de minha casa observando o céu, e de repente havia me lembrado de uma história que minha mãe me contou, quando eu ainda tinha sete anos. Comecei a me lembrar do horrível término do meu namoro com Cadu, que aconteceu havia uma semana. Na minha cabeça se passava tantas coisas, uma mar de pensamentos confusos, lembranças. Era impossível descrever o que eu sentia.
- Ainda não entendo por que ele fez isso comigo, não entendo. - eu dizia em tom de pesar. E de repente comecei a chorar novamente.
Ouvi alguém bater a porta, que estava encostada.
- posso entrar filha? - disse minha mãe entrando no meu quarto.
- já entrou. - eu disse ríspida.
- eu sei que você está mal, por isso vim aqui. - minha mãe pegou na mão e eu me virei para ela, que me levou até a cama, nos sentamos. Eu fiquei olhando para o chão.
- lembra-se daquela história que te contei quando você era criança? Tem tanto tempo que eu acho que você nem lembra mais...
- lembro mãe. Tem apenas 10 anos, mas eu me lembro - eu ri um pouco sem graça, só para minha mãe não notar minha tamanha tristeza, o que era meio impossível. As mães sempre notam quando estamos tristes, por mais que queiramos esconder. Nada se esconde aos olhos de nossas mães.
- pense um pouco sobre isso, eu não vim aqui pra falar muito por que eu te entendo, e sei que quando as pessoas estão mal elas preferem ficarem sozinhas, sem ninguém pra perturbar, mas, quem sabe ele não era a pessoa certa pra você, por que se realmente ele gostasse de você, ele não teria feito aquilo. O amor é baseado na confiança, você confiou nele, e ele não soube valorizar sua confiança, fez bobagem na primeira oportunidade.
- é mãe, eu sei... - eu continuava olhando para o chão.
- filha, eu sei que você já é grandinha, já sabe muito sobre a vida, não tudo, mas sabe. Eu sou sua mãe, e eu tenho o sexto sentido que toda mãe tem, que é enxergar o que é bom e o que não é para seus filhos, eu nunca quis que você namorasse o Cadu, eu sabia que não ia dar certo, mas mesmo assim apoiei. Eu sabia que não ia pra frente, sempre soube. - ela alisava o meu cabelo , e eu continuava chorando.
- Você sabia? Por que nunca me disse nada?- me irritei, e fiquei encarando a minha mãe. Ela sempre sabe quando algo vai dar certo ou não, mas ela preferiu me deixar quebrar a cara do que ter me avisado.
- Sabe Nick, um bebê quando ele está aprendendo a andar, ele cai, tropeça se levanta e no fim aprende andar. Assim é a nossa vida, precisamos cair para aprendermos a nos levantar, a andar com nossas próprias pernas. Isso tudo é aprendizado, nada na vida é em vão. Em breve você vai encontrar alguém que te ame e que saiba te fazer feliz.
Abracei minha mãe, tudo que ela fazia era para o meu bem, e eu no mesmo instante a perdoei e abracei-a.
- Vou descer para fazer o jantar, você quer alguma coisa? Um chá, um suco... - disse ela se levantando.
- Não mãe, muito obrigada. Eu te amo muito.
- eu também te amo minha filha, e me desculpe pelo transtorno que eu deixei você passar.
- é sua obrigação me fortalecer para o mundo né? Não vou te ter pra sempre. Infelizmente.
Ela me deu um beijo na testa e desceu.
***
- onde você estava Carlos Eduardo? - perguntou a Melina, minha irmã .
- não devo explicações da minha vida a você. -eu disse
- mas a mim deve. -minha mãe veio em minha direção, segurando um pano de prato. . - onde você estava?
- eu sai com uns amigos. - gaguejei. Dava pra perceber a insegurança na minha voz.
- fala a verdade meu filho, o que está acontecendo com você?
- mãe, não é nada, apenas não estou me sentindo bem e quis sair, tomar um ar.
- da próxima vez avisa, eu me preocupo com você Cadu. -apenas balancei a cabeça indicando "sim"
- e a Nick? Tem visto ela? - ela continuou.
- ué, mãe Cadu não te contou? - Melina se intrometeu na conversa, e eu senti vontade de ir até a minha irmã que estava sentada no sofá e dar um soco nela, isso por um instante passou por meu pensamento.
- não, depende, o que? - minha mãe ficou confusa.
- ele terminou com a Nicoli.
Ela olhou assustada com ar de reprovação para mim, e me senti mal por aquilo. Permanecemos em silêncio. Até eu me virei para ir até meu quarto.
- tudo bem, você não quer falar, mas você não deveria ter feito isso, Nick é uma ótima garota.
- mãe, eu quem tenho que achar o que, e quem é melhor pra mim. Ok?
- Ok. Mal educado.
- até por que, quem me educou foi você. - dei um sorriso cínico.
Sai, mas deu para ouvir o que minha mãe conversava com minha irmã.
- Tá vendo filha, não siga o caminho do seu irmão. Eu dei uma maravilhosa educação a ele, mas misturou com os amigos dele e ficou assim.
Parecia que minha mãe nunca teve um término de namoro, eu me senti mal por não estar mais namorando com a Nick, mas ela não entendia, até parecia que ela nunca tinha sido adolescente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Coração Confuso
RandomA vida é cheia de surpresas não é mesmo? Sempre tem aquela pessoa que você confia e acha que ela nunca te abandonará, até que ela faz o oposto de suas expectativas... Essa é a história de Nick, uma adolescente que desde muito nova lida com a perda d...