Capítulo 29

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Acordei pouco antes de meio dia no sábado, minha cabeça doía muito. Fiz um esforço para conseguir me sentar na cama. Eu havia chorado muito na noite anterior.
- Seja forte Nicoli, o mundo não precisa de chorões como você! - eu dizia para mim mesma.
Fui para o banheiro com a mão na cabeça, como se aquilo fosse aliviar a dor. Fiz minhas higienes "matinais".
- Bom dia flor do diaaa! - Júnior chegou na porta do banheiro que estava aberta, e me encontrou escovando os dentes.
- Oi, que surpresa.
- Tudo bem leoa? - Não entendi o que ele disse até me olhar no espelho,  que ficava bem à minha frente.
- Tudo.
- Belo cabelo.
- Sai amor, não quero que você me veja feia.
- Por que?
- Vai que você deixa de gostar de mim.
- Ah Nick! desnecessário falar isso. Eu amo você - ele me abraçou por trás e me encheu de beijos no pescoço, senti arrepios. - Eu quero um dia poder acordar ao seu lado, e ver essa jubinha aí toda bagunçada, vou ficar horas só olhando pra você.
Ouvi meu celular tocar, ele estava em cima do criado mudo.
- Eu pego. - Júnior se ofereceu de pegar. - assenti. - Ele desligou. - olhou com olhar de reprovação.
- Eu não tenho culpa se ele insiste em incomodar-me ok?
- Ok senhorita.

  Segundos após chegou uma mensagem escrita "Por você, eu mato e morro." E pra piorar a situação entre mim e o Júnior era o Cadu.
- Você podia bloquear ele, parece até que gosta de receber essas mensagens. Olha eu vou embora, vim aqui te buscar pra tomar um café fora mas já desisti.
- Ele já ia saindo do quarto quando eu segurei sua mão, ele parou, olhou pra mim e eu disse.
- Juninho meu lindinho, quantas vezes preciso dizer que eu não quero mais saber dele, agora que estamos juntos eu não quero fazer nada de errado para atrapalhar isso, e olha - peguei o celular - bloqueei ele, está satisfeito? Até apago o número se quiser.
- Nick, não precisa me mostrar nada eu confio em você, mas é que eu te amo muito pra ter que aguentar isso.
- Eu também odeio esse garoto idiota me atormentando, é só uma questão de tempo. Uma hora ele vai ver que não vale a pena ficar insistindo e ele enxergará que não adianta tentar voltar atrás.
- Espero. - ele me abraçou.
Fomos em uma cafeteria super legal, não sei como ele adivinhou que aquela era a minha preferida.
- Sua mãe me disse que vocês sempre viam aqui em família, por isso resolvi te trazer.
- Nossa obrigada, tenho boas recordações desse lugar. - E realmente tinha.  Me lembro de quando eu era pequena,  sempre que ia pegar o açúcar pra botar no café eu derramava algo na mesa.  Eu era super pequena e me achava adulta.  Se eu soubesse o quanto era ruim ser grande, jamais teria desejado crescer logo.

Meu celular tocou e dessa vez era Duda
- Oi Nick, mudança de planos. Não vamos mais a praia.
- Duda! O que houve?
- Minha irmã desistiu, ela é uma chata!
- Por que não vamos nós duas? eu chamo o Júnior pra ir com a gente também.
- Não posso estou de castigo, fugi na noite passada. Eu só poderia sair se fosse com minha irmã ou alguém aqui da minha casa.
- Sua doida! Por que fez isso?
- Meus pais estão pegando muito no meu pé, sabe a professora de matemática ? ela contou pra minha mãe que eu não estava participando das aulas, aí como a dona Raquel é um anjo na minha vida, ela resolveu me deixar a noite toda estudando, eu tinha marcado de sair com um amigo. Ela não deixou,  e eu simplesmente fugi.
- Você é muito doida, mas olha só tenho que desligar. Beijinhos, até mais. Qualquer coisa me liga, talvez mais tarde passo aí pra te ver. Quem sabe seus pais deixam você ir pelo menos no cinema comigo. - eu ri e ela concordou.

Almoçamos em casa mesmo, George nos prestigiou com sua ilustre presença no almoço. Tudo corria bem, mamãe e George estavam na cozinha lavando os pratos, eu e meu boyfriend esparramados no sofá. Já ia ficando um pouco tarde, todos foram embora. E mamãe saiu também, ela disse que tinha que ir para a igreja, eu não fui pois estava ainda me sentia um pouco mal, ela insistiu muito para que eu fosse, mas não tinha jeito. Minha cabeça doía muito. Por volta das 19:30 alguém tocou a campainha, fiquei um pouco receiosa em atender, algo parecia não correr muito bem comigo. Ou sei lá, eu estava com um mal pressentimento. Atendi, e para minha surpresa era a pessoa que eu menos queria ver naquele momento.
- Cadu? o que você quer? - eu disse nem um pouco educada.
- Quero você. Posso entrar?
- NÃO! - quase gritei com ele.
- Calma boneca. - ele disse entrando, tentei impedir mas sua força era maior que a minha, então foi impossível impedi-lo. - Só vim conversar com você. - o seu tom de voz era estranho, e ele fedia a bebida alcoólica.
- Carlos Eduardo, você bebeu? - ele não respondeu e ficou apenas me olhando. - Bom, eu sei que não tenho nada a ver com isso, mas você tá bebado. É melhor ir embora. O Júnior pode chegar a qualquer momento, e ele não vai gostar de ver nós dois aqui. - menti.
- Nicoli, eu não vou sair daqui enquanto você não me perdoar e voltar comigo.
- Quer se sentar? Acho que vai ser preciso, ao contrário disso você se cansará.
- Eu estou falando sério, você não me conhece. Eu mudei muito, e sou capaz de qualquer coisa pra ter você. - ele se aproximou, colocou suas duas mãos em meu pescoço e começou a apertar, fiquei desesperada.
- Eu já te perdoei, mas quero você longe de mim. - eu dizia mais desesperada ainda. Porém não conseguia recuar.
- Não é isso que eu quero. - a cada vez ele pressionava mais.
- Me solta Carlos Eduardo, você está me machucando. - eu dizia sem fôlego. Por um instante vi a morte em minha frente.
- Não, até que você confesse que me ama e que vai voltar pra mim.
- ME SOLTA. - ele soltou. Comecei a chorar. Não sei o motivo mas comecei. Talvez fosse pela mudança do Cadu, eu jamais imaginei que ele pudesse querer me matar, aquele garoto dócil de anos atrás realmente havia mudado muito.
- Vá embora por favor.
- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU SUA IDIOTA! E PARA DE CHORAR FEITO UMA DOENTE.
- Vai embora daqui!!! Eu odeio você, odeio! Queria que você morresse e me deixasse em paz.
- Ah é? Você quer que eu morra? - Quando olhei para sua mão, já havia uma arma , eu não fazia ideia qual o nome dela pois eu não conhecia muito sobre, mas era o suficiente para tirar vidas. - Mas você vai primeiro. - ele apontava a arma pra mim, e eu já não sabia mais o que fazer. Desespero? Nem sei se havia uma palavra além disso que definiria o que senti naquele momento.
- Abaixa essa arma Cadu, eu sei que você não tem coragem de fazer isso. - eu chorava ainda mais. - Você sabe que eu gosto de você, mas agora é diferente. Você me magoou muito, eu tenho saudade do nosso tempo, o tempo em que éramos amigos inseparáveis e que nos amávamos, mesmo sendo crianças inocentes, sem saber de nada, era o mais puro amor. E olha agora, olha pra você, olha o que você está querendo fazer com a gente, a criança que você era teria orgulho da pessoa que vocês está sendo agora? Eu poderia te chamar de infantil por isso, mas crianças não fariam tal coisa. A criança que você era jamais pensaria um dia fazer isso.
- Aquela criança jamais imaginou que um dia seria tão idiota ao ponto de trocar o amor da sua vida por uma qualquer, e hoje o amor daquela criança está com outro e só quer distância. Nicoli, eu fui o cara mais merda da face da Terra. E agora é de verdade, eu estou péssimo por isso. Não aguento mais. - ele abaixou a arma e começou a chorar. Abracei-o.
- Eu acredito em você. Mesmo depois de tudo. Eu tentei acreditar que não te amava mas eu te amo muito ainda Cadu, só que eu não posso arriscar de novo, agora estou com o Júnior, ele me faz muito bem e estamos felizes. Você vai achar alguém que te ame tanto quanto eu amei.
- Não Nicoli, eu não vou! - ele me abraçava apertado. - Me desculpa, por tudo. Por isso que tentei fazer agora. É que se eu não posso ter você, ninguém mais pode!
- Calma, já passou. Tá tudo bem.

- Vou embora. - ele disse se encostando na parede.
- Eu levo você.
- Não precisa. 
- Eu não vou deixar você ir sozinho. Você está bêbado Cadu.
- Eu vim até aqui bem e posso voltar bem também.
- Não. Eu vou levar você. Você chegou bem até aqui,  mas eu tenho medo do que talvez possa acontecer.
- Incrível como depois de tudo que eu fiz pra você, você ainda insiste em cuidar de mim. - Ela me olhava nos olhos e sorria de lado. Aquele sorriso devorador de corações.
- Eu me preocupo com você. Só isso.
- Hum. Só isso? Sei. Quem preocupa,  cuida. E quem cuida, ama. Você confessou que ainda me ama.
- Amo. Como amigo. Vamos. - Eu disse pegando a chave de sua mão. Ele foi na minha frente e fechei o portão.

- Não acho isso. - Ele dizia dentro do carro.
- Ache o que quiser, amiguinho. - ele começou a rir. - Qual a graça?  - questionei.
- Você brava. Sabia que eu amo isso?  Você é tão fofa, até mesmo quando está irritada. - não pude evitar de soltar um risadinha.

Chegamos em frente seu apartamento.

- Como você vai voltar?
- Eu pego um táxi.
- Não precisa. Pode ficar aqui.  Dorme com a Mel. Acho que vocês precisam conversar.
- Rá! Rá! Dormir aqui pra você tentar me matar enquanto eu durmo? Não não! Obrigada.

Querido Coração ConfusoOnde histórias criam vida. Descubra agora