Capítulo 22

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Era só o que faltava.

- Ah eu sabia, eu sabia! Nicoli você vai me pagar muito caro. Por que fez isso? - ele disse se aproximando de nós, eu me levantei e Cadu também.

- Olha, eu não tenho nada com você! Só estávamos saindo. - disse tentando pacificar a situação.

- Pelo visto eu fui o otário da história, eu estava levando à sério isso Nicoli. Você brincou comigo, ah mais isso não vai ficar assim não...

- Para com isso Júnior. Por favor, você sabe que eu gosto de você, te considero um grande amigo, mas... é que nessas coisas do coração a gente não manda né... - eu disse sem jeito.

- Claro, não mandamos. Pois se eu pudesse mandar no meu coração com certeza não teria se apaixonado por você. - ele disse agressivo. - E você seu babaca vai ficar olhando o que? É isso que você queria né? Nick, fica comigo esse aí só está te fazendo de idiota, ele tá pegando a minha irmã e querendo dar uma de bom moço com você. - olhei pra Cadu e ele se irritou.

- Seu idiota. Eu tenho nada com sua irmã. - Cadu partiu pra cima de Júnior.

- Parem por favor. - me enfiei na frente dos dois, com medo de levar uma porrada na cara, mas me coloquei à frente deles mesmo assim. - Assim vocês não resolvem nada.

- Júnior vá embora, amanhã a gente conversa. E você também Cadu.- Júnior assentiu.

- Que história é esse Nicoli? - perguntou minha mãe.

- Mamãe, é uma longa e complicada história.

- Você vai me explicar tudo.

***

Acompanhei os dois até a porta, Júnior saiu sem ao menos dar um tchau, mas não era pra ser diferente. Eu não trai ele e ele reagiu como se fosse meu namorado, apenas estávamos saindo, nada demais nisso. Já Cadu ficou mais alguns minutos.

- Desculpa por estragar sua noite.

- Ah que isso Cadu foi perfeita, nem tanto mas foi, poderia ter sido melhor se certa pessoa não tivesse acabado com o clima.

- É... vai sair amanhã?

- Não sei, eu te falo. Beijo, tô exausta. Hoje o dia foi bem longo. - eu ri.

Nos despedimos com mais um beijo e ele entrou no carro, acenei com mão e sorri. Voltei para dentro de casa, assim que fechei a porta mamãe me aguardava sentada no sofá.

- Então mocinha, acho que você tem muito o que me falar. Pode começar. - me sentei ao seu lado, e expliquei tudo à ela. Foi uma coisa bem confusa.

- Mas mãe, eu não tenho culpa de gostar tanto do Cadu.

- Filha, vá com calma. Não se precipite, você viu no que deu... - não deixei ela completar a frase.

- Ok, vou subir. Boa noite e até amanhã. - dei-lhe um beijo na testa e subi para o meu quarto.

O dia amanheceu, e eu acordei com a luz do sol sobre meu rosto. Maldita persiana aberta. Fiquei mais alguns minutos deitada na cama enrolada no edredom e observando meu quarto. Olhando sei lá o que, eu estava fazendo uma retrospectiva do dia anterior, teria sido melhor se o Júnior não tivesse invadido minha casa e acabado com minha noite "romântica". Mas foi um dia bom e ruim ao mesmo tempo.

Bom por eu ter me acertado com o Cadu, e ruim por ter me desentendido com Júnior. Os dois eram especiais pra mim, mas o Cadu era diferente, perfeito pra mim. A minha paixão não deixava eu enxergar seus defeitos, eu não conseguia imaginar ele como um garoto normal, que faz todas as coisas que qualquer pessoa normal faz. Apesar de já ter convivido maior parte da minha vida ao seu lado. Realmente é muito difícil de entender essas coisas do coração.

Levei um baita susto quando mamãe entrou no quarto desesperada.

- Nick! você não vai acreditar. - ela dizia eufórica - É menino! sua tia Sofia está esperando um menino!

- Sério mãe? - me levantei. - Que ótimo!

- Que tal irmos pra São Paulo hoje? Quero ver sua tia, e seus avós também.

- Amanhã eu tenho aula.

***

Minha desculpa não foi bem aceita pela minha mãe, e bom, tínhamos que ir pra São Paulo mesmo. Antes de irmos eu disse à ela que precisava sair para resolver um probleminha, não disse onde iria e falei para não ficar preocupada. Peguei um táxi. Cheguei no apartamento de Júnior e toquei a campainha. Ele mesmo atendeu.

- Acho que temos que conversar. - eu disse séria.

- Não tenho nada pra falar com você, vá embora Nicoli. - ele já ia fechar a porta quando eu a segurei.

- Me escuta. - Eu entrei no apartamento dele. E ele fechou a porta. - Me desculpa, por favor.

- Não, não desculpo! Você pensa que sou o que Nick? Você não deveria ter feito isso, eu estava convicto de que você estava realmente gostando de mim e eu ia te pedir em namoro hoje! Não acredito que cai na sua armadilha.

- Me perdoa se eu não fui o que você quis que eu fosse, mas Júnior o que eu posso fazer? E não foi uma armadilha, eu jamais imaginei que iria acontecer uma coisa confusa dessas na minha vida... Eu queria ter gostado de você, você foi um cara sensacional o tempo todo, não só foi como é, e eu sei que você vai me entender. Eu tentei, e não consegui. Você não pode me culpar por isso. Não foi por não tentar.

- Tá bom, agora vai embora. O seu namoradinho não vai gostar nada de saber que você veio aqui não é?

O meu celular tocou.

- Oi mãe.

- Nicoli cadê você? Precisamos ir, esqueceu que ir de carro demora mais? Assim não chegamos lá hoje garota! - mãe fazendo mãesisses e nem um pouco exagerada.

- Mãe já estou indo. - disse e desliguei, eu sabia que ela ia ficar uma fera mas eu precisava desligar.

- Ele não precisa saber que estive aqui.

- Quer sentar? - eu assenti, e me sentei no sofá da sala de estar.

- Está sozinho?

- Sim, minha mãe e Eliza foram á feira.

- Hum.

O silêncio entre nós era constrangedor, até que ouvimos som de risadas e de repente entra Eliza e uma mulher que provavelmente devia ser sua mãe.

- Hum, temos visita. Não vai apresentar Juninho? - ela dizia sorridente.

- Mãe essa é a Nicoli, é... É.. Minha amiga. - ele disse sem graça. Ofereci a mão em forma de comprimento.

- Prazer, Nick. - eu disse.

- O prazer é todo meu, Cássia. - ela sorria. - Juninho me falou algumas vezes de uma tal de Nick, agora sei quem é. Ele tem bom gosto.

Sorri super sem graça mas minha vontade era de enforcar ela, mas precisava agir como gente civilizada. Como dizem "a primeira impressão é a que fica". Eliza falou comigo sobre a festa.

- Você foi embora cedo da festa.

- Ah me desculpa, eu tive que ir. - eu disse desconfortável.

- Sem problemas. - ele deu um sorriso.

- Tenho que ir Cadu.

- Cadu?

- Ai tô viajando Júnior, tchau gente tenho que ir. Vou pra São Paulo ainda hoje. - fiquei suuuper sem graça.

Me desejaram uma boa viagem e nos despedimos, a mãe de Júnior que estava na cozinha veio até mim e se despediu também.

Querido Coração ConfusoOnde histórias criam vida. Descubra agora