Capítulo 26

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Meses depois...

Os últimos meses haviam sido 'corridos'. Eu estava ajudando mamãe com os preparativos para o casamento, quem diria! Eu ajudando ela para seu próprio casamento. Jamais imaginei fazer tal coisa. As últimas duas semanas tinham sido provas na escola, me acabei de estudar, boa parte do meu tempo livre era centrado nos estudos.

Uma coisa que me fez muito bem, foi eu ter mudado o meu turno escolar. Por esse motivo acabei meio que abandonando um pouco meus amigos, e claro fiz outras amizade também. Mel e eu quase nunca mais nos falamos, decidi me afastar, e ela nunca foi a amiga que eu imaginei, a minha ''melhor amiga'' mentiu pra mim, e me fez de idiota o tempo todo! Qual tipo de amiga faz uma coisa dessas?

Conheci uma garota muito divertida e seu nome era Maria Eduarda, mas todos a chamavam de Duda, ela tinha uma bela aparência, cabelos longos, um pouco cacheados e castanhos. Seus olhos eram verdes, ela era considerada a baixinha da turma, mas em compensação tinha um corpo perfeito, por onde passava chamava muita atenção. E além de tudo, era uma ótima amiga. Até me ajudou a sair da reprova em física. Ela foi algumas vezes em minha casa, e ficou apaixonada pela decoração do meu quarto, ela disse que dividia o quarto com a irmã e devido a isso não pode decorar-lo de sua maneira. Às vezes eu reclamava com minha mãe por não ter irmãos, mas por outro lado talvez fosse bom não ter mesmo. A gente sempre quer o que não podemos ter, e quando temos queremos nos livrar. Essa é a vida. Toda trabalhada na irônia.

Ah e o motivo da minha mudança de turno escolar, tinha um nome: Cadu. Eu disse isso somente à minha mãe, no inicio ela não quis aceitar mas depois começou a entender o meus motivos e disse que de certa forma eu estava certa. Bom, na minha opinião se uma coisa (ou uma pessoa pra ser mais especifica) não lhe faz bem, afasta-te. É uma tática simples, e comigo sempre funcionou.

A minha vida estava repleta de mudanças, se aquela fase pudesse receber um nome com certeza seria " A metamorfose na vida da Nick ". Estava amando tudo aquilo. O George iria se mudar para nossa casa (depois do casamento, claro, a família Schneider não era bagunça), mamãe de forma alguma aceitou nos mudarmos para o apê dele, ela sempre odiou apartamentos, e segundo a dona Ana Marcella, ela se sentiria muito limitada morando no apartamento de George. E realmente eu preferia morar na minha casinha de sempre, eu amava o meu quarto, o nosso quintal fofo e com algumas lindas flores, nossos banquinhos, nossa área de churrascaria. Eu não trocaria aquele cantinho por nada. O nosso cantinho.

Estava me arrumando para ir à escola, já eram dez e quarenta da manhã, minha aula começava meio dia. Duda morava bem próxima a minha casa, e quase todos os dias sua mãe passava para me pegar e nos levar para a escola.

Sua mãe acabou tornando amiga da família, eu já podia dizer assim pois
George não saía da nossa casa. Passei a me relacionar com ele, nos demos muito bem, bem até demais. Saíamos juntos, íamos ao boliche, shopping, e outros programas "família". Mamãe até estranhou essa nossa aproximação rápida, desde o dia em que tivemos aquela conversa passamos a sermos mais 'amigos'. Mamãe até estranhou nossa aproximação.

Ouvi o som da buzina do carro de Raquel, mãe de Duda. Desci, tranquei o portão de entrada, pois eu estava sozinha em casa, mamãe estava no trabalho.

***

Deu a hora do intervalo, eu e duda fomos pra mesa que costumávamos sentar. Ao lado tinha uns moleques idiotas que ficaram mexendo com nós o tempo todo. Até que decidimos sair dali. Fomos para sala de teatro, e no palco tinha um violão. Peguei e comecei a tocar e cantar "Antes que o dia acabe - Fly". Duda observava.

" Lembrei você, então sorri

Nada mais a declarar, eu estou aqui

Se você soubesse a falta que me faz

Abrir os olhos, te ver e nada mais

Se eu errei, me diz porquê

Se todos pensamentos me levam a você.

Fechei os olhos, me concentrei na música, e ouvi uma voz masculina cantando a continuidade da música, era Cadu.

Em cartas eu tento me expressar

Te ter de volta eu posso esperar

Mas me diga que a saudade bateu

E o seu amor ainda é meu

Você saberá, antes que o dia acabe

Comecei a cantar com ele e reagi como se não houvesse nada entre a gente, ele me encarava e eu olhava pra baixo.

Que nada vai mudar eu e você.

Vejo fotos, recados, viagens, sorrisos

Tudo continua comigo

Se eu errei, me diz porquê

Se todos pensamentos me levam a você

Em cartas eu tento me expressar

Te ter de volta eu posso esperar

Mas me diga que a saudade bateu

E o seu amor ainda é meu

Antes que o dia acabe..."

Duda aplaudiu.

- nossa belo dueto! ficou lindo amiga, não sabia que você cantava tão bem.

- obrigada. - sorri. - Duda, você poderia deixar nós dois a só por um instante? - ela assentiu e saiu em silêncio.

- O que você quer comigo? e por quê você veio até aqui?

- Nick, me descul.. - interrompi antes que ele terminasse a frase.

- Me o que? você tá maluco? NUNCA! Dá última vez que eu te perdoei você continuou mentindo pra mim, Carlos Eduardo. Some da minha vida. SOME! depois de meses você veio me procurar pra pedir desculpas?

- Estou arrependido, eu não poderia ter feito aquilo com você Nicoli.

- Você sempre está arrependido. Que bonitinho - ironizei. - Vai, me conta. Por que você me traiu?

- Bom... eu já estava cansado de ser o brinquedo de algumas meninas, como eu sempre soube que você gostava de mim, decidi então começar a ficar com você, com intenção de algo mais sério, só que quando começamos a namorar eu não me dei muito bem com essa história de só ter uma garota, meses antes de eu ficar com a Eliza, eu estava ficando com outras por aí... Mas nenhuma delas era como você - Como assim? que vagabundo, quase pulei em seu pescoço.

- Oi?!

- é isso mesmo. E tem mais, lembra daquele jantar na sua casa? Sabe por que eu não fui? - balancei a cabeça negativamente. - Eu estava com a Larissa. - o meu mundinho desabou na hora, a Larissa? minha amiga? já não bastava perder a Mel, o Cadu, e agora a Larissa? Comecei a chorar imediatamente.

- Cadu... - não conseguia falar mais nada.

- Eu me arrependi de tudo, de todo coração. Estou sinceramente arrependido. Se eu pudesse não ter feito isso, eu não fazeria.

- E aquele dia no telefone?

- eu tinha enchido a cara na rua.

- ah sim, ótimo. Você encheu a cara. Fez mais uma das coisas que eu odiava que você fizesse, mas agora isso não importa né? Já acabou mesmo. Você faz o que quiser. Tenho que ir, o sinal tocou. - sai da sala, ele tentou me impedir mas foi impossível. Fui pro banheiro e me tranquei em uma das cabines. Chorei, chorei, chorei... e nunca parava de chorar, eu só queria sumir dali. Eu não conseguia esquecer aquele idiota. Tentei me acalmar quando ouvi Duda me chamando. Não respondi.

- Nick! eu sei que você está aí, saía, venha cá. Eu ouvi tudo. Me desculpa. Eles nunca valeram a pena, mas eu, estou aqui pra te ajudar de verdade, e consolar você. - sai e abracei ela. Apoiei a cabeça em seu ombro e chorei ainda mais.

- Princesa, ei. - olhei para ela, e Duda secou as lágrimas que ainda rolavam em meu rosto. - Se acalme, eu estou aqui. Você não pode abaixar a cabeça, existe uma coisa chamada gravidade, e se você fizer isso a sua coroa corre o risco de cair. Você quer isso? - dei um risinho e balancei a cabeça indicando "não". - Recomponha-se. - novamente assenti.

Querido Coração ConfusoOnde histórias criam vida. Descubra agora