CAPÍTULO 18 - Não Se Trata De Anjos.

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Fomos atirados para todos os lados. Ayleen segurou Jarod a tempo, a pancada foi forte. Cassandra mirava onde antes havia sua tenda. Ela se atirou de joelhos no chão. Eu me levantei e vi Luxúria andando para a saída da vila. Corri em sua direção.

- Luxúria! Me escuta! - Gritei para ela. Ela fez um movimento com a mão e um lampejo azul me atingiu no estômago como um chicote.

- Fica longe de mim! - Ela chorava... - Sempre que você está perto de mim, coisas horríveis acontecem! Eu te esperei... Centenas de anos! Eu me manti viva na esperança de você um dia chegar e me salvar de tudo aquilo! De que iria me abraçar e que iria dizer que tudo ficaria bem! Você disse que me amava e eu fui burra o bastante para acreditar!

- Mas eu te amo! - Exclamei.

- Então onde estava você... Quando eu precisei?

Eu abri a boca para falar, mas fechei de novo. Eu não sabia o que dizer para aquilo. Eu tive um plano naquela época, que nunca deu certo. Segui meus impulsos em vez de minha intuição. Ela deu mais um passo, eu me atirei aos pés dela e segurei a perna direita. Ela girou o corpo e me chutou a cara. Luxúria gritava que me odiava enquanto montava em mim e me socava o rosto. Eu não fiz esforço para defender, de alguma forma eu acreditei merecer aquilo. A Ouroboros brilhou em nossos braços. O nariz de Lux sangrava. Ela enxugou o nariz com o braço e levou as mãos ao rosto, eu me ergui com ela ainda no meu colo e abracei. Ela batia no meu peito e gritava de raiva. Mas eu percebi que ela não estava com raiva de verdade... Na verdade, ela estava triste.

- Eu queria jamais ter te encontrado de novo. - Ela dizia entre soluços olhando para o chão. Eu segurei seu queixo e ergui seu olhar para mim.

- Eu também te amo. Senti saudades. - Então eu a beijei. Aqueles lábios avermelhados e macios. Aquela sensação de tempestade em meu peito que a muitos séculos eu não sentia, voltara. Mas Luxúria era como um abrigo. Eu sentia que o mundo poderia desabar, que se eu estivesse ao lado dela, permaneceria de pé.

- Como você lembrou? - Ela perguntou.

- Não tenho certeza. Mas começou quando te conheci. Eu tinha sonhos estranhos, tinha visões e flashes e tudo parecia familiar. - Eu olhei para a marca de Ouroboros em meu braço. - Eu nunca quis te abandonar. Eu fui até aquele castelo para tentar te salvar. Mas aquelas grades possuíam feitiços pervertidos, eu não conseguia usar magia ali dentro. Eu segui meus impulsos em vez de meus instintos. Estar ali e não poder fazer nada, doeu mais em mim do que você imagina.

- Por que veio para cá?

- A Ouroboros Lux, significa "recomeço". Sei que criou aquele mortal para que aquelas pessoas pudessem ser felizes. Todos merecem ser felizes. Porque você não?

Eu segurei a mão dela.

- Eu fui naquele portal para recomeçar. Recomeçar num mundo que pudesse ser nosso. Um mundo onde nós pudéssemos ficar juntos. Por favor, reescreva nas estrelas comigo.

Ela se levantou do meu colo e se virou.

- Não dá para reescrever nas estrelas.  - Ela respondeu, foi quando uma enorme esfera roxa a atingiu.

- Luxúria! - Orfs exclamou e correu ao seu encontro. Meu olhar foi de Lux em direção de onde veio a esfera, Cassandra estava num reflexo de raiva ofegante, se preparando para arremessar outra esfera.

- Cassandra, pare! - Exclamei.

- Ela matou o Tutu! - Ela gritou de volta.

- Foi um acidente!

- Não existe acidentes! - Ela retrucou. - Nigro Rutilum Foraminis!

Uma espiral surgiu no meio do ar a frente de Cassandra. Parecia um buraco negro.

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