CAPÍTULO 2 - Bloody Mary.

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Fazia 1 mês desde que as aulas começaram, e desde então, raramente eu via Luxúria Vest. E quando eu a via, eu a cumprimentava a distância com um aceno, que ela retribuía com uma leve curva de cabeça. Eu até tentava me aproximar, mas ela conseguia me cortar de alguma forma.
Ela me transmitia uma sensação estranha, de sabedoria e amargura. Era fatal, quase não precisava falar, seu olhar transparecia. Tinha olhos hipnóticos, ligeiramente diabólicos. E eu via que ela não esperava nada de nada e nem de ninguém. Era absoluta e inalcançável. A quem via, comentava que era antipática. Mas eu a achei linda, profunda, estranha e perigosa. Era impossível se sentir confortável perto dela, não que ela seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela esteja sempre sabendo o que está ocorrendo a sua volta. Talvez eu possa estar sendo equivocado... Mas a impressão que veio, foi bem forte. Nunca ninguém havia me perturbado tanto... quanto me deixara vislumbrado. E a cada vez que eu voltava pra casa, aguardava o dia seguinte com febre e taquicardia, no anseio de a ver em breve. Só que bem, isso nem sempre acontecia.

Naquela manhã, ao chegar na escola. Me deparei com uma porção de alunos ao redor do mural de avisos. Ao me aproximar, perguntei pra galera o que estava acontecendo. Tipo: "galera, o que tá acontecendo?", daí um garoto chamado Pedro disse "A Vest colou um anúncio no mural". Então ela estava na escola...
Dei uma olhada no anúncio que dizia "SHOW BENEFICENTE NA 'BOARTE' BLOODY MARY. PARTICIPE DO SHOW E A ENTRADA É FRANCA. INSCRIÇÕES, FALAR COM A LUX VEST". Aquilo tudo me fez questionar, o que ela estava aprontando dessa vez. Mais alguma aposta? Será que isso tinha a ver com seus sumiços repentinos? Dessa vez, não deixaria ela me cortar. Eu iria encarar Luxúria Vest.

***

Luxúria estava recebendo as inscrições no auditório, uma enorme sala circular que mais lembrava um coliseu dentro de uma escola. Mal me aproximei de sua bancada, e ela sem nem ao menos levantar os olhos, já disse:

- O que você quer Gaspar?

- E-eu quero me inscrever pro seu show beneficente. - Disse desconcertado.

- Infelizmente, todas as vagas foram preenchidas. - Ela disse analisando a prancheta que estava praticamente vazia.

- Só tem 3 inscrições aí. - A confrontei.

- Olha, não quero me envolver com o filho do chefe. Ele já me causou muitos problemas e eu preciso ajudar um amigo, o que comprova que você não está o ajudando a sabotar o nosso show?

- Como assim? - Questionei.

- Pois bem, seu papai não para de rondar a Bloody Mary e eu sei que ele está de olho em mim ou está tentando foder com tudo, porque aquele resto de estrume conservador que ele chama de cérebro não libera endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina enquanto alguém que ele odeia não esteja completamente infeliz. - Ela respondeu irritada.

- Uou, uou, uou, calma aí. É do meu pai que está falando, ele não é assim. - A repreendi. - E como descobriu que sou filho do policial que quase te prendeu?

- Tenho minhas fontes... - E eu tenho quase certeza que essa fonte se chama Elis Vanesso, a garota fofoca garantida da escola e...

- Não foi ela, eu vi você chegando no carro com ele.

- Espera como você...

- Isso não importa, o que importa é que eu li o regulamento da escola e aqui diz: "Alunos com ligações a parcerias da escola com setores externos, assumem a liderança e total responsabilidade com e qualquer indivíduo selecionado para tal evento. A liderança tem o poder para decidir quem deve ou não participar do evento. - Ela leu com tom de deboche. - A liderança diz que não vai participar, tchau.

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