CAPÍTULO 5 - Espetáculo de Horrores.

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- Gente, pelo amor de Deus. O que tá acontecendo? - Perguntei preocupado.

- Isso é runa demoníaca, Gaspar. - Orfeus disse.

- Acha que encotraram a gente? - Lux perguntou.

- Gente, esquece isso! Precisamos chamar a polícia!

- A porra da polícia, é seu pai. Se chamarmos ele agora, ele não vai permitir explicações. Afinal, que coincidência seria o pessoal da Bloody Mary estar do lado da cena de um crime, né? - Luxúria debochou.

- Gaspar, eu e Lux vamos para casa. Avise lá dentro sobre o ocorrido, mas não diga nossos nomes em hipótese alguma. - Disse Orfeus.- Quem quer que esteja fazendo isso, ou está tentando rastrear a gente ou está tentando armar uma.

- Tudo bem. - Tentei manter a calma. Luxúria me abraçou e então sussurou para mim.

- Assim que puder, apareça na Bloody Mary. Se cuida. - E então ela se foi num carro com Orfeus.

Segui as instruções do mesmo. Não demorou muito para que a ronda da cidade aparecesse naquele estacionamento. Meu pai me questionou de como encontrei o corpo, eu disse que estava pedalando pela trilha do bosque quando me deparei com o mal cheiro. Passei o resto do dia trancado em meu quarto por precaução. Mas nada me tirava aquela imagem que a pouco foi externa. Aquela expressão de olhos vazios e o cheiro de carne podre e queimada. O que tiver ou quem tiver feito aquilo, fez Luxúria e Orfeus se sentirem ameaçados. E se Luxúria estava em perigo, eu estava em perigo. De psicológico exausto, caí no sono.

***

Uma garota de cabelos brancos andava através de um corredor, poucas luzes estavam acesas. O clarão branco piscava entre as paredes verdes oliva. Seu salto alto ressoava a cada passo. Num gesto rápido de sua palma aberta, a porta a sua frente se escancarou. A porta cinza agora escancarada, havia os dizeres em uma placa: "Necrotério".
Era frio lá dentro, tinha um cheiro nada agradável. Havia gavetas enormes, macas espalhadas e uma luz vinha de algum lugar lá dentro, atrás de cortinas foscas e transparentes que pareciam ser feitas de um material siliconado. Eu podia ouvir alguém gemer. Então ouvi a garota falar:

- Mas que situação hein, você é um dos tipos de pessoas que eu mais acho desprezível. Pedofilo e Necrofilo.

- Quem é você?! O que faz aqui?! - Ouvi uma voz masculina falar. Me dava nauseas saber o que ele estava fazendo e um grande impulso de ódio. Consegui ver sua silhueta borrada através da cortina fosca. Ele se virou e pegou algo sobre um apoio metálico. Pela forma como seu corpo se posicionou, estava armado. Parecia ainda estar com as calças baixas.

- Eu tiraria o dedo do gatilho se fosse você. - A garota disse.

- Vou perguntar outra vez! O que está fazendo aqui?! - Ele falava gritando.

- Eu? - Ela perguntou debochada. - Eu vim trazer a morte para trepar com você.

O homem começou a tremer, a arma caiu de suas mãos, algo vermelho respingou nas cortinas: sangue. Ele pendeu para frente. Eu consegui ver sua expressão de horror, meu corpo estava paralisado. Ele parecia sangrar por todos os poros. Ele olhou para ela enquanto a vida esvaía de seu corpo.

- O q-que é v-você? - Ele perguntou.

- Você sabe o que eu sou, seu lixo imundo. - Ela respondeu.

- B-bruxa... - E então parou de se mover. Eu me acordei com um impulso para frente, apanhei a lixeira do lado da cama e vomitei.

***

Eu desci para o café da manhã naquele domingo, impulsionado a ir direto a Bloody Mary depois. Liguei a televisão na sala para que eu pudesse ouvir da cozinha enquanto preparava um sanduíche, apesar de estar com pouquíssima fome. O cheiro de morte não saía de minhas narinas.
Tomei um suco de laranja, o que aliviou aquela sensação por alguns minutos.
"O corpo encontrado ontem nos arbustos do hospital pediátrico Sonhos de Clarice, já foi confirmado como sendo de um dos rapazes desaparecidos em Vagevuur. O rapaz em questão era Paulo Felixis. A polícia encontrou o cadáver do rapaz em avançado estado de decomposição, com sinais de queimadura e pisadas. Nenhuma pista do assassino. O corpo do rapaz foi encontrado com marcas de runas antigas e segundos os especialistas e estudiosos, a marca era usada em antigos rituais satânicos, para a invocação de uma entidade feminina. A família diz que o rapaz era um jovem estudioso e religioso, e não se sabe quem pode ter feito isso. O rapaz havia desaparecido a quase meio mês ao voltar para casa após sair da igreja. 3 jovens seguem desaparecidos."
3 jovens continuam desaparecidos, foi o que disseram no jornal local... poderia ter sido eu... ainda pode ser eu... Lavei minha louça e apanhei o celular para sair e o pus no bolso, foi quando meu pai entrou em casa irado.

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