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   O sábado amanheceu ensolarado, seria mais um dia quente de primavera. Olivia acordou cedo para correr e deixou Ana e seus pais ainda dormindo. A vizinhança é bem amigável e ela conhece todos desde pequena. Grande parte daquelas pessoas ali frequentam o restaurante do seu pai. As casas já estavam enfeitadas para o Natal que se aproximava. Alguns pisca-piscas ainda estavam acesos e ela sentiu uma grande felicidade por estar chegando ao feriado que mais ama. Quando sua minha família se reúne, o que acontece uma vez por ano, eles fazem amigo oculto de presentes baratos. A família se diverte tão intensamente que tem dor de barriga de tanto rir vendo a cara dos primos que ganham calcinhas por engano e das primas solteiras que ganham potes de tupperware com o propósito de guardar para o casamento. Sem falar das comidas que sua mãe faz. É definitivamente seu feriado favorito. Olivia continua correndo e pensando naquela comida toda, já tentando aliviar a consciência por um dia que nem havia chegado.

   O final de semana passa bem rápido. Ela teve que ajudar no restaurante na noite de sábado. Depois da troca de cardápio e das propagandas que o pai fez, tiveram um grande movimento. Crianças correndo ao redor das mesas, Pedro e Marcelo trabalhando agitados na cozinha e tia Beth no caixa. Seu pai estava feliz. Olivia notou que ele andava pelas mesas tentando dar atenção a todas as pessoas, sempre perguntando se precisavam de algo ou se estava tudo bem, teve necessidade até de chamar as pressas um garçom extra. Na segunda-feira de manhã, Olivia correu pelo quarteirão antes de se arrumar para o trabalho. Durante todo o percurso ela não conseguiu tirar da cabeça a conversa que teve com o chefe no bar. Como será que ele a trataria hoje? Obvio que seria tudo profissional, aquela noite foi apenas uma exceção. Quando chegou em casa parou para escrever no caderno de Ana mais um motivo para odiar o cara de sorriso torto que não saia da sua cabeça.

   Ele estava em sua mesa falando ao telefone quando ela chegou. Acenando um "oi" com a mão decide começar a trabalhar sem atrapalhar o chefe. As planilhas daquela semana estavam quase prontas necessitando apenas dos dados atualizados da Central de reservas. O hotel encontrava-se com um bom movimento nesse final de ano e aparentava crescer ainda mais enquanto o Réveillon se aproximava. As pessoas estavam felizes, os telefones não paravam de tocar e xicaras de cafés eram servidas enquanto todos trabalhavam. Apesar de estar ali há apenas uma semana, ela já havia se acostumado com as pessoas e com o que elas faziam durante o dia. Tinha o Douglas do almoxarifado que sempre concedia a ela o ultimo biscoito no café da manhã, a Ângela que limpava as salas e os banheiros e deixava tudo absolutamente brilhando e cheiroso, as meninas do departamento pessoal que mantinham o lugar colorido e o quadro de avisos sempre atualizados. O ambiente de trabalho era muito acolhedor e Olivia estava gostando muito do que fazia lá.

   O dia passou rápido e quando retornou do almoço o Sr Pavoni já havia saído, eles não tinham se falado hoje, o chefe ficou a manhã inteira trancado na sala. Quando seu telefone tocou e Patrícia a chamou para conversar, Olivia cruzou o escritório com um frio na barriga. Será que seria dispensada? O que ela queria? Bateu na porta e escutou uma voz pedindo para que ela entrasse.

– Olá Olivia, pode sentar. – Aquele sorriso de quem estar sendo simpática por que vai te dizer algo ruim. Sentou-se na cadeira, o coração batendo forte no peito. – Chamei você aqui, pois é procedimento da empresa fazer uma pequena avaliação dos funcionários após uma semana de trabalho. Preciso que responda as perguntas dessa folha e assine em baixo.

- Nossa pensei que seria demitida. - Admite Olivia - Estava hoje mesmo pensando no quanto eu gosto de trabalhar aqui.

- Relaxa Olivia. - Patrícia sorri para ela - São só algumas perguntas inocentes.

   Ela começou a ler as perguntas do questionário. O tema era sobre como a empresa tratava os funcionários. Se ela estava gostando de trabalhar ali, o que havia aprendido na última semana. Marcou um X nas questões e escreveu a caneta as suas considerações, assinando meu nome em baixo. Conversaram durante um tempo e Olivia acabou descobrindo que haveria uma festa de final de ano para os funcionários, após a festa tirariam uma semana de descanso. Ela poderia passar o Natal em casa com a família. Estava tudo indo muito bem até Patrícia tocar no assunto "seu chefe". Queria saber como ele estava indo, se falava com ela normalmente e se a tratava bem. Olivia não entendeu porque ela queria saber sobre essas coisas e foi respondendo no automático, mas no fundo estava meio preocupada, não tinha proposito nenhum aquele tipo de pergunta. Elas se despediram alguns minutos depois e Olivia retornou para sua mesa.

Todas as coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora