Nova York

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      Apesar de toda chuva na noite passada, o dia estava ensolarado. Com as janelas do carro aberta e os cabelos balançando com o vento, Olivia sentia-se feliz. Ela não conseguia acreditar que Ben a pediu em casamento algumas horas depois de quase terminar o namoro. Obvio que ele estava confuso por causa daquele maldito caderno. Ela compreendia sua insegurança e constrangimento com tudo que havia acontecido. Sua decisão precipitada em terminar o relacionamento pensando que ela seria feliz sem ele e depois de muito drama, acabou soltando aquela bomba em cima dela. Agora, ali estava ela. Dentro de um carro desconhecido indo em direção a um lugar também desconhecido. O motorista havia chegado cedo e informado que ela deveria ler o bilhete que ele estendia a sua frente. Nele, Ben dava instruções do que ela deveria fazer;

  " Meu amor. Não fiz certo em te pedir em casamento daquele jeito depois de uma briga. Entendo o fato de não ter me respondido pois sei que merece mais do que uma declaração de amor dentro de um carro. Por isso eu imploro para que vista o pior vestido do seu armário e acompanhe o motorista. Prometo que valerá a pena.
   Para sempre seu, Benjamin."

   Olivia então, vestiu a roupa mais estranha que tinha e naquele momento encontrava-se nervosa e excitada ao mesmo tempo. Não conseguia parar de pensar em aonde estava indo e o que ele estava aprontando.
   Preocupada com o fato de que eles tinham poucas horas até ir para o aeroporto, trouxe consigo a mala cinza. Jogou aquele negócio enorme no porta malas do carro e rezou para dar tempo de fazer tudo. Tentou ligar para a mãe no caminho. Ela não estava em casa quando Olivia acordou, o que era bem estranho, mas a menina não se preocupou. A mãe e a tia faziam caminhadas frequentes pela manhã. Uma hora depois de entrar no carro ela reconheceu o trajeto. O caminho era o mesmo que eles fizeram na última viagem. Ben estaria em algum lugar no meio da estrada, mas qual? Estava tão nervosa que sentia vontade de vomitar. Quando estava prestes a colocar o café da manhã para fora avistou a pousada. 

   - Ai meu Deus! - Grita ela. -  Ele está na pousada da Dona Cecília e do Sr Carlos. 

   Olivia bate palmas animada. Apesar de falar com eles quase todos os dias pelo telefone, não havia os encontrado depois daquela noite e Ben sabia que ela iria gostar de se despedir deles antes de passar seis meses fora do país. Seria uma manhã animada ao lado dos amigos. Seu namorado tinha acertado em fazer essa surpresa para ela.
   Olivia desce do carro e corre para a porta. Depois de bater por alguns minutos nota que o lugar está muito silencioso. Ninguém atende. Talvez eles estejam na cozinha e não tenham a escutado. 

   - Dona Cecília. Sr Carlos. - Ela grita da entrada. - Eu cheguei!

     A pousada parece estar sem hospede nenhum, completamente quieta. O cheiro do lugar é familiar, flores, madeira e café fresco. Ela caminha em direção a recepção e encontra um bilhete com o seu nome nele.

   " Quando te vi pela primeira vez pensei que fosse um sonho. Depois descobri que você era de verdade quando, sem que notasse, toquei sua mão. Meu corpo inteiro acordou naquele instante. É sempre assim quando te toco Olivia. Eu desperto. Eu respiro. Eu vivo!
   Eu te amo. 
   Próximo bilhete na cozinha."

   Olivia guarda o papel na bolsa e corre para a lá. A primeira coisa que vê é um bolo enorme e lindo, coberto com tantas flores que ela nem consegue imaginar como dona Cecília conseguiu fazer aquilo. Ao lado dele, mais um bilhete.

   " Você estava linda naquele dia em que te encontrei correndo na esteira do hotel. A primeira vez que te vi usando roupa de ginastica. Foi quando eu tive certeza de que estava sentindo alguma coisa. Eu queria matar o cara que te entregou a toalha. Morri de ciúmes. Você é tão linda Olivia. Com qualquer roupa. Até com essa que está usando agora. Mas saiba que eu prefiro quando não está usando nada!
  Eu te amo.
  Próximo bilhete no quarto onde dormimos aqui pela primeira vez." 

Todas as coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora