Feliz ano novo

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    Sem que ela convide, Ben entra em seu quarto e bate a porta. Com uma expressão sombria no rosto, ele inspeciona o local. Olivia acompanha os olhos dele, tentado assimilar o que ele vê. Depois de cinco minutos sem dizer nada, ele apanha um livro que estava em cima de sua cama e a encara.

  – Romance? – Pergunta levantando a sobrancelha. – Eu gosto de romance.

   Ele é inacreditável. Tão arrogante. Lumus, até então escondido embaixo da cama, pula para fora e observa Ben de longe. O pescoço vira de lado como quem pensa "quem é esse intruso" e Ben olha para Olivia com surpresa. A menina cruza os braços ao redor do corpo e permanece grudada a porta do quarto.

– Não sabia que você tinha um cachorrinho. Já estive em sua casa algumas vezes e nunca o encontrei. – Pega Lumus no colo que imediatamente começa a cheirar Ben, e a passar a língua em suas mãos como se fosse um pirulito.

   Traidor! Até você Lumus.

– Qual é o nome dele? 

   Olivia não responde. Dirige-se até o computador para abaixar o volume que estava no máximo. Benjamin a observa, o cachorro ainda em seu colo late para ganhar mais afagos e fecha os olhos quando recebe carinho.

– Lumus. – Fala ela.

     Ele a observa sem entender o que ela disse. Provavelmente não sabe de onde veio o nome.

   Aff! Não acredito que ele nunca leu os livros.

– O nome dele é Lumus. É um feitiço da saga dos livros de Harry Potter. Quando a pessoa conjura esse feitiço a ponta da sua varinha acende para iluminar o caminho.

– Nunca li os livros.

  Ela revira os olhos. -Sério? -  Pensa. 

   Lumus desce de seu colo e corre novamente para debaixo da cama. Os olhos de Ben estão inchados e com olheiras roxas fazendo com que o castanho claro se torne escuro.

– Meu pai está no hospital Olivia. Quando não consegui falar com você eu fiquei tão desesperado que parei de pensar nele. Eu só conseguia ver o seu rosto e fiquei pensando em tantas coisas ruins que quando finalmente escutei sua voz eu explodi. – Ele pega sua mão e olha em seus olhos. - Por favor, me perdoa?

   Olivia não sabia o que falar. Fica tão fácil perdoar Ben depois de tudo que ele acabou de dizer, mas ela não aprovou o jeito que ele a tratou mais cedo. A secretária entendi que ele queria protege-la de todas as formas, não podia julga-lo por isso, mas era difícil não ficar com raiva dele depois de tudo que disse. Esse, definitivamente, era mais um motivo para odiá-lo. Deveria ter escrito em seu caderno assim que chegou em casa. 

– Eu perdoo você. Mas não consigo esquecer o que você me disse. Eu trabalhei o dia todo tentando fazer as coisas certas. Impedindo que as pessoas te ligassem para não incomodar e fazendo tudo que eu podia para festa dar certo.

   Ela solta sua mão e vai até a cama. Seus pensamentos ficam confusos. Será que Ben estava preocupado com publicidade? Se algo sobre assedio em sua empresa saísse nos jornais, não favoreceria em nada o hotel. Olivia sentia-se culpada por tudo. Deveria ter denunciado Felipe naquele mesmo dia. E para ela, estava na hora de acabar com o sofrimento dos dois.

– Entenda, eu sei que a culpa é toda minha. Deve estar preocupado com o hotel e é obvio que não vai ser uma propaganda positiva caso alguma coisa aconteça comigo, não quero ser mais um problema para você. – Ele fecha os olhos aguardando o que ela dirá seguida. – Por isso decidi que na segunda-feira vou conversar com a Patrícia e solicitar meu desligamento da empresa.

Todas as coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora