O dia em que tudo mudou

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   O sol já havia se posto quando Olivia abriu os olhos. Não sabia ao certo por quanto tempo tinha dormido e tomou um susto enorme quando encontrou Ana sentada na poltrona a sua frente. Viu os pés dela sobre a cama e demorou um pouco para identificar que era a sua melhor amiga ali sentada. Provavelmente sua mãe havia telefonado para ela assim que Olivia chegou. Assustada por ter visto a filha entrar em casa sem falar nada e se trancar no quarto. A mãe bateu na porta e perguntou se estava tudo bem e ela respondeu apenas "me deixa em paz". Estava arrependida de ter sido tão grossa.

   Ali estava Ana, perdendo sua folga e trancada em seu quarto esperando a acordar. Seja para conversar, aconselhar ou apenas ficar ao seu lado, porque é isso que irmãs fazem, elas ficam do seu lado. O coração de Olivia ficou preenchido de alegria quando viu o rosto bonito da amiga.

   Toca em seus pés e Ana se assusta. Não tinha percebido que Olivia estava acordada.

– Uau. Nunca te vi dormi tanto. – Diz ela desligando o celular. – O que aconteceu?

– Por que você acha que aconteceu alguma coisa? – O mal humor evidente em sua voz.

– Por que você acabou de responder uma pergunta com outra pergunta e se não me engano você nunca fez isso antes e agora está parecendo uma idiota por ter feito. Fala logo o que aconteceu e não adianta que dessa vez eu não vou deixar para lá e fingir que está tudo bem, você precisa conversar. – Diz ela se jogando na cama ao meu lado.

   Ana às vezes é inflexível e ela nota que não vai conseguir fugir desse assunto, só não sabe por onde começar. Resolve falar logo de uma vez o que aconteceu na viajem.

– Nós nos beijamos. E depois eu surtei e sai correndo deixando-o na calçada do hotel. – Silencio. Até que finalmente ela decide falar.

– Nossa Olivia, o beijo foi tão ruim assim?

– Não! Foi o beijo mais maravilhoso da minha vida Ana. Só que ele é meu chefe, isso não poderia ter acontecido.

– Por que não? Vocês são maiores de idade e desimpedidos. E ser seu chefe é apenas uma desculpa que você está inventando porque está caidinha por ele. – Abre a boca para poder responder, mas a amiga interrompe. – Eu estava lá Olivia. Naquela noite que a gente se encontrou no bar, eu vi como você olhava para ele e como ele correspondia. Eu só não entendo porque você está preocupada com isso. Aconteceu mais alguma coisa além do beijo?

   Conta tudo para ela. Como foi agradável a ida de carro até lá, que eles conversaram sobre várias coisas legais. Os jantares, o piano e a vergonha de ter que mostra a mensagem dela para ele, até a parte onde ela se trancou no quarto e não abriu a porta.

– Quando eu disse para ele que o beijo tinha sido um erro que eu não poderia repetir ele disse "tudo bem" se era isso que eu queria. E eu me senti muito mal quando escutei. Aí chegamos em casa, eu sai do carro e o deixei na calçada de novo.

– Ai, meu Deus, por quê? Qual é o seu problema com as calcadas.

– Nenhum, eu só não queria prolongar meu sofrimento.

– Está sofrendo sem motivos. Eu sei que o seu relacionamento com o Thomas foi especial, tipo coisa de príncipe, mas depois dele nunca vi você gostar tanto de alguém assim e você precisa aproveitar isso. Você é nova e linda amiga, mas não faz sexo há quatro anos! Quatro anos é coisa pra caramba Olivia.

– Lá vem você achando que eu estou me guardando para o casamento. Não é isso! E sobre o Ben, eu não acho que estou apaixonada, nem caidinha por ele. – Mente. – Apenas não sei o que sinto, ainda.

Todas as coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora