A viagem

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   Olivia acorda as sete. Na verdade, nem dormiu direito. Passou metade da noite pensando no que aconteceu no bar. Ela afaga Lumus que dormiu enroscado em suas pernas e ele fecha os olhos novamente. Hoje ela precisa que ser profissional, a secretaria que foi contratada para ser. Parar de pensar em como seu chefe a afeta é o primeiro passo. Olivia decide levantar e verificar mais uma vez a mochila, onde arrumou as coisas básicas que tem que levar, falta apenas os itens de higiene que ela colocará depois que os utilizar. Toma uma ducha demorada e coloca um jeans, uma camisa colorida, enfia seu All Star nos pés e prende os cabelos num rabo de cavalo desarrumado. Olivia está pronta para o maior desafio da sua vida? Claro que não.

   Ela não toma café, está ansiosa de mais para comer alguma coisa. Os pais conversam amenidades na mesa e ela não presta atenção em nada. Lumus anda de um lado para o outro, parece tão ansioso quanto a dona. Quando a campainha toca, ela levanta num salto, seus pais olham desconfiados e decidem descer junto com ela para conhecer seu chefe, Olivia tenta de todas as formas convence-los de que isso não é uma boa ideia, mas quando entra em seu quarto para pegar a mochila eles já estão descendo as escadas em disparada.

   Ai meu Deus, eles são tão intrometidos. Ela corre atrás deles o mais rápido possível e revira os olhos quando vê a mãe encarando o chefe de cima a baixo.

– É um prazer conhece-lo Sr Pavoni. – Meu pai diz esticando uma mão grande para ser apertada.

– O prazer é todo meu Sr Moraes. – Ele responde acrescentando. – Pode me chamar de Ben.

– Prazer, meu nome é Lucia e pode chamar meu marido de João. – Diz ela corando.

   Ai mãe, até você? O estomago de Olivia revira.

–Ok, todos apresentados. – Ela diz e sai para rua se despedindo deles com beijos e abraços como se nunca mais fosse voltar para casa.

– Cuide bem da minha filha – Diz meu pai.

– Para pai, eu não tenho mais quatro anos, pelo amor de Deus. – Fala meio desesperada.

– Sra Lucia e Sr João, a filha de vocês está em boas mãos. – Ele garante sorrindo e abrindo a porta do carro para ela entrar.

   Ben veio com um carro diferente. Maior que o de ontem à noite e com lugares atrás onde coloca a mochila. Nota uma mala pequena, que deve estar com as coisas dele, e fica com vergonha. Será que ela deveria ter trazido mais coisas? De qualquer forma ela não tem uma mala pequena, são todas enormes e a mochila pareceu uma boa ideia até aquele momento. Ele liga o carro e o rádio ao mesmo tempo, Kings of Leon está tocando e ela adora a música. Traz lembranças de uma vez na faculdade quando Olivia e Ana cantaram no Karaokê, foi vergonhoso mais divertido. O carro é confortável e cheiroso como sempre. Eles estão a uns vinte minutos dirigindo e o máximo de palavras que trocaram foi sobre como está o tempo. O que mudou de ontem para hoje? Toda aquela intimidade se fora tão rápido quanto veio e Olivia sente que a viagem vai ser uma merda. De repente seu celular toca e quando lê a mensagem da Ana ela explode de tanto ri. Ben a olha pelo canto do olho e pergunta se ela está bem quando lagrimas escorrem pelo seu rosto, ela não consegue parar de rir e tenta se controlar. Quando se calma ele pergunta sorrindo;

– Posso saber que merda foi essa? 

– Desculpa, foi uma mensagem que a Ana me enviou.

– E por acaso você pretende me contar o que é? – Pergunta ele levantando uma sobrancelha.

– Claro que não. – Responde encarando-o muita seria.

– Então tem alguma coisa a ver comigo, não é?

Todas as coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora