Você é minha. Eu sou seu.

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- Pronto! Agora é só sentar em cima que eu fecho.

   Ana havia terminado de arrumar a mala da amiga. Faltava apenas fechar aquela coisa cinza para finalmente acabar aquele pesadelo.

- Eu nem acredito que finalizamos. - Ela senta na mala. - Eu nunca mais faço isso novamente.

- Não mesmo. Daqui a seis meses sou eu quem vou fazer isso por você.

- Obrigado. - Diz ela arrastando a mala para um canto no quarto. - Está tudo certo com as suas coisas? Seu voo é que horas?

- As duas da tarde. Todas as minhas coisas já estão prontas no apartamento do Ian. - Ana senta na cama. - Falou com ele hoje?

   A amiga sabia o que tinha acontecido e, apesar de ter considerado a atitude de Ben exagerada, ela entendia o que ele estava sentindo. O cara tinha tratado mal a pessoa na qual agora estava completamente apaixonado. Ela de certa forma sentia-se um pouco responsável, afinal a ideia de escrever aquilo tudo havia sido dela, mas estava tranquila. Acreditava que eles acabariam se entendendo em algum momento e Ben perceberia que o caderno era uma forma de desabafo para elas naquela época. Um fato que passou e que as amigas superaram.

- Ben não ligou. Eu tbm não liguei. - Ela senta ao lado da amiga. - Vou dar um tempo para ele.

- Ele precisa entender que aquele caderno era apenas para aliviar a tensão depois de um dia de trabalho e, que você usava para não gritar aquelas palavras na cara dele. O que teria sido bem pior!

- Acredito que ele saiba disso, o único problema vai ser ele se perdoar por ter agido como um cretino no início.

- Vocês vão superar isso. - Ela abraça a amiga. - Agora eu preciso ir. Você tem ideia que vamos estar juntas em Nova York  daqui há dois dias?

- Quem poderia imaginar? Não eu.

- Eu tinha certeza que aconteceria em algum momento. - Ana sorri para a amiga. - E esse é o nosso momento.

- Sim! Vamos aproveitar cada minuto dele.

- Te vejo em dois dias!

- Te vejo em dois dias.

   Ana e Ian chegariam primeiro e provavelmente pegariam o melhor quarto. Olivia sabia disso e conhecendo aqueles dois, o quarto que sobraria para ela e Ben teria vista para alguma janela vizinha ou um beco qualquer. Mas ela não estava preocupada. Tudo o que desejava agora era que Ben a procurasse para eles poderem resolver logo essa questão.
  Com as coisas prontas e arrumadas, ela ficou sem sabe o que fazer. Desde o jantar de abertura do restaurante ela não tinha retornado lá para ajudar em nada. Sabia que Pedro e Marcelo estavam fazendo um excelente trabalho pois sua mãe sempre comentava, mas Olivia estava sentindo saudades de colaborar. Foi por isso que ela enviou uma mensagem para Pedro perguntando se poderia ajudar no jantar de hoje a noite. Mesmo relutante em permitir que ela fosse, ele deixou, e lá estava ela.

- Tem certeza meu amor? - Pergunta Pedro pela décima vez. - Não vai mesmo atrapalhar seus compromissos com a viagem?

- Não! Já disse que está tudo pronto. Por favor me deixe ajudar uma última vez?

- Tudo bem! - Ele sorrir e brinca - Ainda lembra como faz né?!

- Deixa comigo, tenho anos de experiência.

    O lugar estava lotado. Enquanto Olivia acompanhava os clientes a suas mesas, tia Beth cuidava do caixa e sua mãe conversava com os amigos pelo salão. A menina sabia que quando fosse embora, sua mãe e tia ficariam bem e felizes naquele lugar. Acreditava que Pedro e Marcelo fariam de tudo para deixa-las confortáveis, era isso que acalmava seu coração sempre que ela pensava na viagem. 
   Essa noite eles haviam decidido servir ravióli de gorgonzola, alcachofra recheada, bruschetta de mussarela com tomates e nhoque de batata com ragu de carne. Eles tinham arrasado no cardápio, assim como todos os dias, por isso estava tão cheio essa noite. Oliva não teve tempo para nada, além de ficar a porta recebendo as pessoas e quando tinha uma folga, fechava uma conta ou outra para ajudar a tia. O tempo passou rápido. A noite estava terminando quando ela finalmente sentou em uma das mesas com um prato enorme de ravióli e uma taça de vinho na mão. Sua mãe e tia já estavam dormindo a essa hora e apenas Pedro, Marcelo e alguns garçons ainda estavam por ali limpando e arrumando tudo para o dia seguinte. 
    Olivia terminou seu prato sozinha e quieta a mesa. Estava pensativa depois de uma noite cheia e corrida como havia sido hoje. Chutou os sapatos e colocou os pés para cima da cadeira a sua frente, suspirou fundo e pegou o telefone. Ben telefonou três vezes. As chamadas perdidas estavam estampadas na tela do celular e a última ligação era de cinco minutos atrás. Ela suspirou, encheu os pulmões de ar e soltou lentamente. Colocou os sapatos e seguiu para a porta principal do restaurante. O vento forte da noite espalhou seus cabelos em todas as direções. Olivia apertou o casaco ao redor do corpo e caminhou para o carro dele estacionado a porta do seu prédio. Ele estava de cabeça baixa, a testa encostada no volante e o boné virado para atrás. Ela amava quando ele o usava desse jeito. Deu umas batidinhas na janela com os nós dos dedos e acabou assustando Ben. Aparentava não ter dormido nos últimos dias. Olheiras fortes marcavam seu rosto perfeito e cansado. Ele abriu a porta e Olivia sentou no banco ao seu lado. Encarou o vidro a sua frente por alguns minutos. Não aguentava mais ficar em silêncio, mas queria que ele falasse primeiro. Na verdade desejava que ele nem falasse nada , só a beijasse e prometesse que ficaria tudo bem. Eles voltariam a ser como eram antes e fariam amor a noite inteira. No entanto não foi bem isso que aconteceu.

Todas as coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora