Chegando na cidade satélite do Paranoá, Carlos desceu em uma parada aleatória e começou andar entre as lojas da cidade. Primeiro foram em uma loja de roupas femininas e comprou um vestido para Beatriz, depois foram em uma loja de sapato e compraram um sandália para ele, por fim pararam em uma lanchonete.
— Minha mãe conseguiu resolver... Tudo. — disse Bea assim que sentaram para esperar o pedido.
— Obrigada, Bea. — disse colocando sua mão sobre a dela — Eu não sei o que seria de mim sem você.
Bea sorriu e antes que pudesse dizer qualquer coisa, viu que Carlos chorava. Ela saiu da frente dele e, encostando sua cadeira ao lado da dele, o abraçou. Carlos se aninhou no abraço da amiga e sentiu que ali podia ser ele mesmo. Não conseguia emitir nenhuma palavra, mas sabia que Beatriz o entendia.
Bea não sabia quanto tempo eles estavam ali naquela posição, só percebeu que tinha muito tempo quando notou que a garçonete olhava para eles sem saber se podia ou não entregar o pedido deles. Por sua vez, Carlos já sentia suas lágrimas secarem quando levantou o rosto e disse que estava pronto para voltar pra casa.
Após lancharem, Bea pediu um Uber para a sua casa. Ela não estava a fim de entrar em um ônibus público mais um vez. Sua mãe e Nicolas estavam esperando eles e, provavelmente, várias outras pessoas também. O velório e enterro seria no dia seguinte bem cedo, mas muitos amigos dos Passamani queria saber como Carlos estava.
O final da tarde foi cansativo, Carlos já não aguentava mais receber abraços de pessoas que não se importavam de verdade com ele e quando anoiteceu decidiu que iria voltar para casa.
— Você pode ficar aqui. — disse Beatriz — Não precisa voltar pra lá.
— Obrigada, Bea. Mas preciso avisar aos empregados e bom... Ainda é minha casa.
— Sim, claro... Só acho que você não deve ficar lá sozinho.
— O Nicolas vai comigo. Ele disse que vocês terminaram.
— Sim, terminamos. E o meu outro namoro também chegou ao fim.
Beatriz não sabia porque tinha falado aquilo. Não era o momento certo para dizer que estava solteira. Mas para o seu alívio, Carlos sorriu de lado e beijou o canto da sua boca antes de ir embora.
***
No outro dia, na capela do cemitério, Carlos não conseguiu entrar para ver os pais no caixão. Por isso, estava cumprimentando todas as pessoas do lado de fora. A mãe de Beatriz ainda estava resolvendo tudo e sempre que as pessoas faziam perguntas, Carlos falava para conversar com ela.
— Meus pêsames, Carlos. Não consigo imaginar o tamanho da sua dor. — disse Sofia logo após abraçar o amigo.
— Vamos sair daqui?
— O quê? Agora?
— Nem pensar. — disse Beatriz baixinho surgindo no meio da conversa — Você não pode fugir disso. Precisa se despedir dos seus pais. Certo, Sofia?
— Claro. Eu nunca ia concordar com isso. — disse olhando para a Beatriz. — Mas depois daqui a gente pode sair. Se vocês quiserem.
— Vai ser ótimo. — concordou Beatriz.
Assim que acabou o enterro, Beatriz, Carlos, Nicolas e Sofia foram para o Pontão do Lago Norte. Como nos velhos tempos era só eles quatro novamente.
Eles estavam na Mormaii Suf Bar relembrando quando fugiram da escola para irem em uma festa em Goiânia, quando Carlos pediu a bebida mais cara do restaurante e começou um discurso. Passar aquele tempo com os seus amigos te deu a certeza que precisava viver cada minuto como se fosse o último.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Elite BSB
Novela JuvenilOlá elite de Brasília! Já teve a estranha sensação de que nada pode ser feito aqui ou alguém descobre? Sempre tem alguma notícia sobre os corruptos do Congresso Nacional, desvio de dinheiro ou operações da polícia federal com nomes engraçados. Poi...