Capítulo 20 - Algumas coisas não são o que parecem ser

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Carlos estava na sala de jantar tendo a sua aula de francês particular com uma senhora de 50 anos quando Nicolas entrou na sala como se estivesse acabado de sair de uma briga de bar: seu olho estava roxo, o cabelo bagunçado e estava todo molhado da chuva.

— Quando me disseram que você estava no portão não achei que era a sua versão mendigo.

— Preciso de um banho. Vou subir.

— Claro. Mas não esquece que você não pode usar essas porcarias no meu banheiro.

— Não estou usando nada, seu idiota. Eu fui ver a Sofia.

— O quê? — disse Carlos após pedir licença (em francês) para a professora e levantar da mesa para ir até o amigo — Por que você foi fazer isso? Quer que a Bea te expulse de casa?

— Eu... Só preciso de um banho...

Nicolas se desviou do assunto e foi para o banheiro do quarto do amigo para esfriar a cabeça. Ele estava confuso com tudo o que tinha acontecido. A ideia era ir até à Sofia, se declarar e viver feliz para sempre. Mas não nada tinha saído como o planejado.

Talvez a culpa tenha sido dele. Afinal de contas, para tomar coragem, ele resolveu usar uma droga que Felipe tinha dado pra ele experimentar. No início ele tinha ficado leve e cheio de coragem, mas minutos depois estava segurando forte o braço de Sofia.

Depois que o segurança colocou ele dentro do carro da família Pavese, imediatamente ele apagou. Só acordou quando o motorista disse que eles estavam em frente a casa de Beatriz.

Mas Nicolas não queria se encontrar com Bea naquele estado. Ela ia fazer muitas perguntas e ele estava casando de mentir para todo mundo. Então, assim que o motorista foi embora, ele foi andando na chuva até a casa de Carlos.

Assim que saiu do banho, Nicolas encontrou Carlos sentado na cama enquanto lia uma livro em francês.

— Até quando você vai bancar o nerd?

— Até meus pais esquecerem que tiveram que me tirar da delegacia com uma mochila cheia de êxtase.

— Seus pais nem estão em casa.

— Mas eu não tenho mais dinheiro para pagar as pessoas para fazer as provas pra mim, então tenho que estudar.

O ano passado não tinha sido difícil apenas para Nicolas, Carlos tinha se metido em uma confusão no final do ano e agora precisava provar para os pais que não era uma pessoa sem caráter.

No final do ano passado, Carlos e Nicolas estavam em uma festa em um barco no Lago Paranoá quando tudo aconteceu. Nicolas estava ficando com uma garota da escola Label e tinha descolado aquelas entradas para ele e o Carlos. Eles estavam se divertindo e Carlos iria sair da noite com as duas garotas mais gatas da festa.

No entanto, assim que o barco parou na margem do lago para eles saírem, se depararam com a polícia apontando armas para todos. A ordem foi ficarem parados que iam revistar todas as bolsas e mochilas, tinham recebido a denúncia de que havia venda de drogas no local.

Nicolas e Carlos estavam tranquilos. Eles não vendiam drogas e naquela noite não tinham usado nada, pois estavam com pessoas diferentes e não sabiam se podiam ou não confiar nelas.

Mas mesmo assim, apesar de todas os cuidados, a identidade de Carlos tinha ficado dentro de um mochila cheia de êxtase. Ele foi levado para a delegacia e após o seu pai negociar, ou melhor, subornar, os policiais, ele não ficou com a sua ficha suja.

Por outro lado, seus pais ficaram preocupados com o que aconteceu naquela noite e tiraram todos os cartões de créditos dele, suspenderam a mesada e o matricularam em aulas extras para as férias. A ideia deles era transformar Carlos no homem que iria herdar os negócios da família, antes que fosse tarde demais.

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